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Itapira, 24 de Janeiro de 2025
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13/11/2013 | Adolescência e álcool: um relacionamento perigoso

A população itapirense tem se atentado para um fato alarmante que se tornou comum nos dias atuais: o alto número de adolescentes que fazem o uso abusivo de bebidas alcoólicas. Na última semana, uma festa temática realizada em um espaço festivo local envolveu um grande número de menores de idade e chamou atenção pelos exageros alcoólicos dos jovens.

Um contador, que prefere não se identificar, estava em um barzinho localizado ao lado da o salão de festas e relatou que a cena observada era entristecedora, pois envolvia pessoas de muito pouca idade, chamados por ele de crianças. “Não sei se a culpa é dos pais ou dos organizadores, mas não dá pra saber como aquelas ‘crianças’ tiveram acesso a tanta bebida. Havia meninas deitadas no chão de tão bêbadas, outros vomitando e passando muito mal”, descreveu completando que a situação se tornou ainda pior quando alguns meninos começaram a se aproveitar do estado de uma menina desacordada e iniciaram até mesmo um tipo de abuso sexual com ações desrespeitosas. A jovem acabou sendo ‘socorrida’ por alguns funcionários do referido barzinho, que a colocaram para dentro e evitaram problemas ainda maiores. “Pergunto-me o que pode ter acontecido nas ruas paralelas, que são quase desertas nessas horas da noite”, frisou. Tudo aconteceu entre 23h30 e meia-noite da sexta-feira, 01.
 
O desabafo gerou uma série de discussões em uma rede social acerca dos limites dos jovens e adolescentes dos dias de hoje e também de organizadores de eventos e proprietários de estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas para menores de idade. O referido acontecimento serviu para reacender um alerta na sociedade sobre a inserção precoce de crianças, jovens e adolescentes no meio da droga lícita.
 
O psicólogo e professor do IESI (Instituto de Ensino Superior de Itapira), José Antônio Zago, explica que o envolvimento de jovens com o álcool não é algo recente, mas o que mudou foi a facilidade do acesso. Há cerca de 30 ou 40 anos, os limites eram maiores e os casos eram mais isolados. “São muitos os fatores que influenciam esse cenário: a cultura do álcool que está inserida na sociedade contemporânea, o fato do entretenimento voltado ao jovem estar sempre ligado à bebida e também realizado em horários inadequados para facilitar o monitoramento por parte dos responsáveis, a difusão de inúmeras propagandas relacionando ídolos e sentimentos como felicidade, bem estar e alegria ao álcool. Todos esses fatores têm seu peso para a atual situação em que vivemos”, elucidou.
 
O álcool é uma substância depressora que atinge o sistema nervoso central. Os que o consome, passam a ter sensações de relaxamento e tem seus reflexos e movimentos diminuídos. Em casos extremos de consumo, a atividade do cérebro cai tanto que o indivíduo chega a atingir o chamado coma alcoólico. Devido ao fato do efeito da bebida alcoólica permanecer durante várias horas no corpo, diferente de drogas estimulantes como o crack e a cocaína, o tempo de dependência também aumenta, sendo que os primeiros sintomas podem surgir somente após muitos anos, depois que o corpo já criou uma memória alcoólica.
 
Em seu artigo ‘Álcool e adolescência’, publicado no portal Multirio em 17 de janeiro de 2007, Zago elucida muitas outras questões envolvendo essa problemática entre os adolescentes. De acordo com o texto, fatores sociais, psicológicos e religiosos, bem como problemas temporários podem influenciar a decisão de beber tanto no adolescente quanto no adulto jovem. Além disso, as questões genéticas também são sempre colocadas em evidência quando o assunto é debatido. “Existem estudos que dizem que há esse fator genético, mas existem outros que afirmam que nada é conclusivo. Mesmo que exista esse lado genético, para que ele se manifeste é necessário ter um ambiente estimulante. O que se sabe é que quanto mais vulnerável a pessoa for no quesito familiar, religioso, financeiro e social e estiver num ambiente que propicia o acesso à bebida, com mais facilidade ela ingressará nesse mundo”, esclareceu o psicólogo.
 
Outro alerta feito por José Antônio Zago diz respeito ao aumento do número de mulheres que fazem uso ou já se tornaram dependentes da bebida. De acordo com ele, estudos de epidemiologia já estão sendo elaborados para buscar esclarecer as causas desse crescimento. O profissional também explica que a preocupação com a saúde do sexo feminino também se dá ao fato do efeito ser maior nelas, visto que possuem menos líquido no corpo. “Uma dose tem o efeito dobrado na mulher em relação ao homem”, compara.
 
 
Em meio à mídia que estimula o consumo e agrega status e satisfação social às drogas lícitas e também à sociedade que muitas vezes não consegue servir de exemplo aos menores, Zago diz que cabe aos pais realizar o monitoramento para evitar que os filhos caiam no mundo da bebedeira desregrada. “Não tem outra maneira. Costumo dizer que é preferível que os pais errem pelo excesso do que pela omissão. Por mais difícil que seja seguir de perto os filhos em festas e baladas, é necessário acompanhar as mudanças de comportamento deles. Além disso, o exemplo dentro de casa é fundamental”, afirma.
 
O contador citado no início da matéria reforça o conselho dado pelo psicólogo e dá como exemplo o tratamento a sua filha que está prestes a completar 18 anos. “Temos sim que ficar atentos, pois é possível notar qualquer mudança no modo de vida deles. Sempre que minha filha saía para as festas, eu e minha esposa ficávamos atentos, vindo inclusive a passar várias vezes em frente ao local onde ela estava para avaliar como estava o ambiente. São valores que recebemos quando crianças e que hoje passamos aos nossos filhos, para evitar que eles estejam envolvidos em situações como a que eu presenciei”, relatou.
Por fim, José Antônio Zago deixa uma proposta de reflexão não só para adolescentes, mas para a sociedade em geral que insere a bebida alcoólica nas relações sociais. “Até que ponto é normal e necessário ter de consumir bebidas para se divertir?”.
Fonte: Da Redação do PCI

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