Nesta semana o Indice de Preços ao Consumidor (IPCA) , um dos vários indíces que aferem a inflação, atingiu marca de 6,59% nos últimos doze meses, ‘furando’ o teto de previsão do governo, que era de 6,5%. A constatação oficial na verdade já vinha sendo objeto de preocupação da maioria das pessoas que costumam fazer compras no dia-a-dia.
Adilson Dellalana, dono do Supermercado Dellalana, comentou que a escalada dos preços tem obrigado a direção do supermercado a uma queda de braço com os fornecedores. “ Em alguns casos a gente entende que fica difícil a queda dos preços. Trata-se da lei da oferta e da procura, que tem afetado por exemplo alguns itens como o tomate, a cebola , o alho e o feijão. Mas se não negociarmos tudo na ponta do lápis, a remarcação se torna inevitável”, constatou. Ele também mencionou o caso da carne bovina. “Ficou alto bastante tempo e depois começou a cair, mas muito lentamente”, comparou.
Em seu estabelecimento, a dona de casa Michele Storari estava inconformada. “ Nosso salário não tem como competir com os preços”, reclamou. Ela disse que a tão propalada redução do custo da conta de energia já foi para o espaço. “ O que economizei na conta de luz já foi tudo no que tenho pagado a mais por aquilo que consumo no dia a dia”, reforçou.
Carlos Alberto de Almeida, do Penha Center também prefere analisar a situação pela ótica das leis de mercado. “Alguns produtos essenciais da cesta básica ainda continuam subindo porque existe falta do produto no mercado. O consumo está pressionando os preços”, avalia. Ele acha por exemplo que a redução de impostos da cesta básica anunciada pela presidente Dilma Rouseff pouco mais de um mês atrás está tendo pouco efeito prático para reduzir o ímpetos das remarcações e reclama que ao final são os comerciantes que têm que dar uma satisfação à clientela. “As pessoas são bem informadas. O medo da volta da inflação é assunto dominante dentro da área de venda”, avaliou.
Selma Cristina Lerro, além de dona de casa, atua como atacadista de arroz. Ela argumenta que o produto que comercializa é um dos que menos teve alta no preço e que a situação muitas vezes não espelha a realidade do produtor. “ Os custos de produção têm subido muito. É natural que parte deste aumento seja repassado ao produto. Este é um dos fatores que ao meu modo de ver está fazendo com que muitos produtos estejam com um preço maior”, destacou. Fazendo-se valer do outro lado da moeda, atuando como consumidora, ela também se queixa. “ A minha percepção é de que a inflação está saindo do controle e isso é péssimo para todo mundo”.
Reclamações
Rubens Balbino, de 44 anos, é um dos últimos remanescentes de um tipo de comércio que está em extinção na cidade, aquele que leva frutas e legumes de porta em porta. Ele atesta que a reação das donas de casa com relação ao preço dos alimentos tem sido a pior possível. “ Só ouço reclamações. O jeito é negociar um preço menor diretamente com o produtor”, afirmou. O tomate, o ‘vilão’ dos últimos dias, ele estava vendendo a R$ 5,00 o quilo- o produto chegou a atingir incríveis R$ 12,00 em alguns pontos de venda.
Selma: os dois lados da moeda
Carlinhos do Penha Center: leis de mercado
Michele: salário tá ficando para trás