Depois de 15 anos do começo das investigações sobre o roubo de bebês durante a ditadura militar na Argentina (1966-1973), recomeça hoje (26) a última etapa do processo de julgamento sobre esses casos. A Procuradoria de Justiça deve pedir penas de até 50 anos de prisão, segundo o procurador Niklison Martin. A previsão é que o julgamento dure de cinco a seis dias. A sentença deve ser proferida às vésperas da Semana Santa.
Todos serão julgados por "subtração, ocultação, retenção e substituição de identidade”. Os principais acusados são Jorge Rafael Videla e Reynaldo Bignone. Eles se defendem informando que recebiam ordens superiores para cometer os sequestros.
Além de Videla e Bignone, há denúncias contra o ex-general Santiago Omar Riveros, o ex-almirante Antonio Vanek, o ex-capitão da Marinha Jorge Acosta, conhecido como Tigre, o ex-prefeito Jorge Azic, o ex-fuzileiro naval Ruben Franco e o médico Jorge Magnacco.
O processo foi movido pela líder da organização Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto. A organização reúne mães e avós de adultos e crianças desaparecidos durante os governos militares na Argentina. Tradicionalmente, às sextas-feiras, elas se reúnem na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino, em Buenos Aires, para pedir providências das autoridades.
Niklison disse que há provas de que na Escola de Mecânica Armada (Esma), em Buenos Aires, que se transformou em centro de torturas, havia uma maternidade no subsolo do prédio principal. Segundo ele, há provas suficientes para acusar todos os envolvidos.
No tribunal, estarão presentes cerca de 400 testemunhas, incluindo vítimas e suas famílias, além de sobreviventes dos centros de detenção secretos do período da ditadura. No total serão analisados 35 casos de apropriação ilegal de recém-nascidos das mães mantidas em cativeiro.
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