Em momento de pleno emprego no país, é comum a manifestação de empresas dos mais variados matizes reclamando da falta de mão de obra, principalmente aquela mais qualificada. Quem imaginava que este quadro estava restrito ao que se passa na área urbana se enganou. A falta de mão de obra tem sido apontada como um dos fatores que tem encarecido o preço dos alimentos. “Estamos num processo onde ninguém, nem mesmo os filhos de quem tem a agricultura como meio de ganhar a vida, quer trabalhar na roça. Vai acontecer que o custo da mão de obra continuará subindo assustadoramente e pressionando os custos de produção”, comentou Vanderlei Zavarize, um pequeno proprietário que planta milho e cana de açúcar .
Para os cafeicultores do município, que estão iniciando o processo de contratação de mão de obra para a colheita, a promessa é de dor de cabeça. ”Com toda a certeza a cada ano a situação piora. Está ficando mais difícil você achar mão de obra”, opinou Rogéria Guerreiro, da Fazenda São Joaquim, tradicional produtora de café. Ela avalia que vai precisar de pelo menos 50 pessoas para dar conta da colheita. “Agora também ocorre a colheita da cana e de certa forma existe uma concorrência pela mão de obra que agrava a situação”, refletiu.
Rogéria explica que todos estes empregados são registrados e a empresa tem ainda que arcar com transporte de qualidade, pagar seguro de vida e que os vencimentos são atraentes. “A maior parte das pessoas as quais contratamos para este período ( que costuma durar de quatro a seis meses) já são de mais idade. Costuma dizer que na medida em que forem desistindo, ficaremos numa situação preocupante”, reforça.
Gabriel Sartorelli, presidente do Sindicato Rural de Itapira, avisa que a situação se reflete em outras culturas. “Sintomaticamente os produtores tem recorrido às pessoas mais idosas. O jovem não quer saber do trabalho no campo”, lamenta. Sartorelli disse que não sabe precisar os motivos pelos quais a situação chegou a este patamar, mas aponta a legislação de contratação de menores aprendizes como fator impeditivo. “Do jeito que foi engessada a Legislação, proibindo menores de trabalharem sem indicação de entidade voltada para este tipo de acolhimento, o mercado de trabalho passou a se ressentir de determinados profissionais entre os quais eu menciono o pedreiro e é claro, o trabalhador rural”, enxerga. A mecanização segundo Gabriel, ajuda bastante a diminuir a dependência de mão de obra, mas não resolve tudo. “Algumas atividades tem que contar com profissionais treinados. Eu mesmo estou precisando de motorista e tratorista e não estou encontrando. Até trabalhador braçal está difícil de se encontrar. Se publicar um anúncio requisitando auxiliar administrativo, receberei uns 200 currículos. Se procurar trabalhador braçal, dificilmente receberei um”, comparou.
Processso de mecanização ainda resolve todo problema
Alguns turmeiros estão recrutando mão de obra em outros estados