Levantamento divulgado hoje (24) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) confirma a tendência de queda do nível de atividade no setor de construção civil. No mês de agosto, segundo a Sondagem Indústria da Construção, a utilização da capacidade de operação do setor recuou para 67% ? 2 pontos percentuais a menos na comparação tanto com julho deste ano quanto com agosto de 2013.
Além disso, o nível de atividade na indústria da construção recuou para 43 pontos, ante os 44,9 pontos registrados em julho e aos 47 pontos registrados em agosto de 2013. Já o indicador de número de empregados no setor ficou em 43,5 pontos em agosto. Em julho passado, o índice estava em 44,2 pontos e em agosto de 2013, em 46,3 pontos.
Os valores apresentados pela sondagem variam de 0 a 100 pontos. Quando abaixo de 50 pontos, os indicadores expressam projeções negativas do empresariado. Essas quedas ocorrem após o setor ter vivido um boom entre 2010 e 2012, devido aos estímulos feitos pelo governo federal por meio de programas como o Minha Casa, Minha Vida e o de Aceleração do Crescimento.
De acordo com a CNI, os dois indicadores ? nível de atividade e número de empregados ? tornam mais intenso o ?quadro de retração? do setor. A situação acabou resultando na queda de 2 pontos do nível de utilização da capacidade de operação, que ficou em 67%.
Para os próximos seis meses, as perspectivas também são negativas, apresentando expectativas de queda em todos os indicadores, segundo a CNI. O indicador de expectativa de novos empreendimentos e serviços ficou em 48,5 pontos, o de nível de atividade caiu para 48,4 pontos e o de número de empregados recuou para 47,7 pontos. ?Todos os indicadores ficaram abaixo de 50 pontos?, ressaltou o economista da CNI Marcelo Azevedo. ?O setor viveu um momento fabuloso durante muito tempo. No entanto aumentou muito os custos das empresas, principalmente com a mão de obra?, destacou ele.
Segundo o economista, o baixo desemprego no país está entre os fatores que acabam aumentando esse custo para o setor. ?Isso não seria problema se houvesse também aumento de produtividade. Outro grande problema ? este mais relacionado à qualificação dó trabalhador ? é a alta rotatividade, natural no setor, e a baixa qualidade da educação básica do trabalhador. O esforço e o custo para treiná-lo ficam maiores, tanto para a empresa quanto para o trabalhador, que precisa se esforçar ainda mais [para conseguir melhorar sua qualificação]?.
Porém, como a indústria já está reduzindo seus quadros, esse problema de falta de trabalhador qualificado vai diminuir, ?perdendo, então, importância para outros problemas, como a falta de demanda decorrente da incerteza no mercado?.
?Incerteza é algo muito prejudicial ao mercado. E um fator que amplia essa incerteza é o período eleitoral, quando são inevitáveis discussões sobre mudanças de rumos?, disse ele. ?Mas não temos ainda como precisar o peso do período eleitoral tem para a pesquisa. O que sabemos é que, antes, já havia indicativos de desaquecimento, e que ele foi potencializado ainda mais por estarmos em período eleitoral?, explicou.
A pesquisa Sondagem Indústria da Construção foi feita entre 1º e 10 de setembro com 604 empresas, das quais são 202 pequenas, 257, médias e 145, de grande porte.
Editor Talita Cavalcantehttp://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2014-09/atividade-na-industria-da-construcao-cai-em-agosto-mostra-cniComentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.