Com a indicação do deputado Cauê Macris como líder do governo, conforme anunciado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) na noite de quarta-feira, 25, encerrou definitivamente as especulações sobre a manutenção do deputado Barros Munhoz (PSDB) na liderança. Munhoz vinha dizendo há tempos que não era candidato à presidência da ALESP e que não continuaria na liderança do governo, mas a maioria dos amigos e correligionários não acreditava. Quiseram ver para crer.
Na manhã de sexta-feira, o deputado Barros Munhoz recebeu o jornal A Cidade em seu escritório e conversou, com exclusividade, sobre o novo ciclo na carreira política dele.
A Cidade: Deputado, a partir de agora a sua atuação será a de atuar ‘no varejo’, depois de oito anos seguidos atuando no ‘atacado’. É isso?
Munhoz: Na verdade eu não vou cuidar do varejo ao invés de cuidar do atacado. Vou cuidar mais do varejo. Antes eu cuidava mais do atacado. É uma sensação de alívio, o trabalho de líder é muito mais penoso.
A Cidade: O que muda?
Munhoz: O trabalho e a motivação. O mais gostoso da atividade política é o contato com as bases, com a cidade, com os amigos, com os companheiros. É representar as cidades junto ao governo do estado.
A Cidade: Depois de tanta agitação, a calmaria está lhe fazendo bem? Era essa a desaceleração que você desejava?
Munhoz: Eu não vou desacelerar. A minha natureza é acelerada. O que diminui é o estresse. Eu vou fazer agora atividades mais prazerosas. Não que as que eu fazia fossem desagradáveis, mas eram muito estressantes, muito cansativas, reuniões infindáveis, busca de acordos, busca de entendimento... Muito estafante. Agora eu vou continuar com o mesmo volume de trabalho, mas menos desgastante.
A Cidade: Desde quando você está planejando esse novo ciclo?
Munhoz: Desde a minha eleição e a do governador. Como fomos eleitos em outubro, entre o primeiro e o segundo turno eu já deixei claro a ele que não gostaria de ter o meu nome cogitado para presidente da Assembleia e que não gostaria de continuar na liderança. Enfim, foi uma decisão amadurecida.
A Cidade: O governador aceitou a sua decisão de forma tranquila?
Munhoz: Sim. Entendeu as minhas razões e as considerou justas. Esperou passar a eleição da mesa, tanto é que continuei ‘líder’, a pedido dele para que eu continuasse indo ao colégio de líderes para falar em nome do governo extraoficialmente nessas duas últimas semanas.
A Cidade: Você sempre disse que se dependesse da sua família, a sua ação política seria menos estafante ou até interrompida. A chegada dos netos engrossou o coro familiar?
Munhoz: Sem dúvida nenhuma pesou muito na formulação desse novo ciclo. É indiscutível, não tem nada mais agradável para mim na vida, hoje, do que ficar com os meus netos. Antes precisava morar em São Paulo, pude voltar a morar em Itapira. Preciso dizer com o que eu mais sonhava nesses últimos anos? Na Alesp, hoje, estou me sentindo no céu, pela paz. Morando aqui, me sinto no paraíso, por tudo o que esta cidade me oferece e sempre ofereceu.
A Cidade: Você acha que vai perder força política?
Munhoz: Absolutamente, sabe por quê? Vou dar um exemplo. Na Assembleia temos o deputado Campos Machado que nunca foi líder de governo, nem foi presidente, e é uma das maiores lideranças na assembleia, isso se ele não for a maior. Poderia dar outros exemplos. Eu já estou ex-líder alguns dias e continuo sendo procurado da mesma maneira. Não tenho o menor receio. Pelo contrário, vai me dar mais tempo para fazer mais política e, consequentemente, mais força política. Cuidarei, certamente, dos assuntos mais importantes e menos desgastantes.
A Cidade: Como os deputados e a cúpula do PSDB assimilaram a sua decisão?
Munhoz: Como uma decisão inteligente, boa para mim e para o grupo político.
A Cidade: Qual é a sua avaliação sobre o novo líder do governo.
Munhoz: A melhor possível. Sempre tivemos um bom relacionamento. Ele quer o meu apoio, quer a minha ajuda, é uma pessoa com quem eu vou dialogar e, com o maior prazer, me coloquei à disposição dele.
A Cidade: Você foi consultado sobre a da escolha do Cauê?
Munhoz: Fui. Sem dúvida alguma. Se eu tivesse que escolher talvez escolhesse o Cauê, mas foi o governador quem escolheu e eu fiquei muito feliz. É jovem, mas é um jovem maduro. Ele chegou com cancha na assembleia. Foi líder do PSDB o que não é uma tarefa fácil.
A Cidade: Essa sua nova condição política implica em ter mais tempo para cuidar dos assuntos de interesse dos itapirenses?
Munhoz: Implica. E eu já estou fazendo isso. Eu vou ficar muito mais à disposição do Paganini. Por exemplo, na busca de empresas. Eu não vou buscar empresas só nos organismos governamentais. Eu tenho um relacionamento de amizade fantástico com empresários em todos os segmentos. Já estou trazendo amigos empresários para conhecer Itapira.
A Cidade: Você colocaria a Art Móveis nesse grupo de amigos?
Munhoz: Esse é um bom exemplo. Não tenho a menor sombra de dúvida que se não fosse pelos nossos primeiros contatos talvez o interesse por Itapira nem prosperasse. Depois a direção da empresa esteve aqui, se afinou com o Paganini e a coisa andou. Aliás, é muito fácil fazer esse trabalho que eu estou fazendo, pois todo mundo que vem aqui gosta do Paganini, se integra facilmente com ele e com todo pessoal da área.
A Cidade: Seria possível adiantar algo que você esteja empenhado em trazer para a cidade e que possa se materializar no curto prazo em decorrência dessa maior disponibilidade?
Munhoz: Nós estamos trabalhando em várias frentes. Não é aquele sistema que você começa e esperar terminar para abrir um novo. Estamos atuando em pelo menos quinze frentes em favor do progresso e desenvolvimento de Itapira. Mas esse trabalho a gente não divulga antes de estar tudo pronto, sacramentado, senão atrapalha. Veja o caso da ArtMoveis faz meses que vem sendo tratado. A JAMPAC, mais de um ano. A coisa dá trabalho. Tem um período de maturação.
A Cidade: Essa sua maior disponibilidade vai lhe permitir cuidar mais das bases eleitorais, como tomar pé da situação política dos municípios da região?
Munhoz: Eu quero estar mais próximo dos companheiros, quero estar mais presente nas cidades onde sou votado. Domingo agora estive em Lindóia. Vou falar com toda franqueza, a satisfação desse encontro foi tão grande que para mim foi como ganhar cem milhões de reais na loteria. Um prefeito lutador, sofrendo com as grandes dificuldades encontradas, que chegou a pensar em renunciar o cargo no início do mandato, ele me chamou, nós conversamos, dei o meu apoio, ofereci ajuda e o governo dele está deslanchando. Estive na inauguração de um posto de saúde, o mais bonito que já vi guardada as proporções e tratar as pessoas com dignidade. Eu quero fazer isso. Eu quero retribuir a votação fantástica que eu tive nessas cidades, dando a eles minha experiência, os meus conselhos, a minha luta, a minha ajuda. Isso é o que mais me motiva, hoje.
A Cidade: Você é acusado pelos seus opositores de comandar a prefeitura. Dizem que Paganini não faz nada sem conversar com você. Aproveitando o gancho, quantos prefeitos consultam você rotineiramente?
Munhoz: Então eu sou prefeito de fato de muitas cidades, nem eu sabia que era tão bom e versátil assim (risos). Brincadeira a parte, pelos menos quarenta prefeitos me consultam mais do que o Paganini. A minha resposta a essas pessoas é que eu gostaria que o Paganini me consultasse ainda mais. Gostaria que ele fosse o primeiro da lista, aquele que mais me aporrinhasse. É bom que eu diga: todos os fatos negativos que ocorreram nesses dois anos e três meses eu não fui consultado. Se fosse, talvez os problemas não ocorressem ou seriam amenizados.
A Cidade: A grande mídia vem explorando o caso do desembargador Armando Toledo que requereu aposentadoria antecipada e que nesta semana foi contratado como consultor do presidente da Petrobras. Afinal, você foi beneficiado por ele como diz o noticiário?
Munhoz: Lamento profundamente todo esse mal entendido. O doutor Armando ficou meu amigo, como é de quase todos os deputados da assembleia, ele era a pessoa que se relacionava com a ALESP, como interlocutor do Tribunal de Justiça. Cabia a ele se relacionar com os poderes legislativo e executivo estaduais e com outras instituições. Eu nunca pedi nada a ele, nem poderia fazer isso. Um desembargador corretíssimo, o histórico dele é fantástico e está à disposição de quem quiser averiguar.
A Cidade: Mas as noticias falam que ele teria retardado um processo e que seria do seu interesse...
Munhoz: Em primeiro lugar não se travava de julgamento, a notícia é totalmente furada, o que estava sendo discutido era recebimento da denúncia e da forma como foi arquitetada não tinha como ela não ser recebida. O meu interesse era que ela fosse recebida o quanto antes, distante das eleições, já que o interesse dos adversários e da imprensa é usar notícias desse tipo eleitoralmente. Desde quando começou a campanha contra mim por parte de alguns promotores que passaram por Itapira, toda eleição estadual ou municipal, vem essa onda na imprensa. Em toda eleição de mesa da assembleia, acontecia a mesma coisa. Repare que como a mesa da assembleia foi formada e eu passei a liderança do governo, esse assunto não deve ser requentado tão cedo. Sempre foi assim.
A Cidade: Até que ponto essas matérias negativas nos jornais afetaram a sua carreira?
Munhoz: Quem me conhece, todas as vezes que saíram essas notícias, me fizeram crescer. Na segunda eleição para a presidência, foi uma verdadeira campanha promovida pela Folha e pelo Estadão com matéria de primeira página e na página quatro, esta considerada nobre, e o que aconteceu? Tive os mesmos 92 votos da eleição anterior e fui eleito. Na eleição de deputado eu passei de 114 para 183 mil votos e na eleição seguinte de 183 para 194 mil votos. Então, não afetou absolutamente nada, o povo sabe quando a imprensa está exagerando demais. Esses exageros, aliás, é uma catástrofe para a democracia brasileira.
A Cidade: Os recentes protestos contra o PT e o governo Dilma sinalizaram que a classe política foi colocada de lado pelos manifestantes. Estamos vivendo uma nova realidade política no país?
Munhoz: Vejo isso com a maior preocupação possível. Ninguém sabe onde isso vai desaguar. Mas a culpa é dos políticos. Eles não fazem nada para adquirir a confiança da população. Eu fico muito feliz quando eu sou apartado desse mundo político. O que se comentava na região, na última eleição: esse é diferente, esse trabalha, esse é sério, esse faz... Era o maior orgulho ouvir isso. Nas pesquisas que recebo, feitas em muitas cidades que represento, sou considerado um político diferenciado.
A Cidade: Para finalizar, o que Itapira pode esperar desse seu novo ciclo político?
Munhoz: Mais conquistas, mais benefícios e o aceleramento das coisas que foram planejadas. A maioria dos problemas quando chega para mim, rapidamente eu encontro a solução. O que é isso? Sou fantástico, sou brilhante, sou inteligente? Não, eu tenho muita vivência. Eu aprendi errando, aprendi acertando, aprendi lutando... Esse é o meu maior patrimônio, indiscutivelmente, no mesmo nível da minha honra, da minha dignidade é o meu grau de conhecimento. Eu já vivi quase tudo que alguém pode viver na política. É essa experiência que quero colocar, integralmente, e tenho colocado sempre e vou poder colocar mais a serviço de Itapira e da região. Vai acelerar muita coisa que está amadurecendo, eu vou apressar. Eu vou contribuir dessa forma, injetando ritmo, acelerando.
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