O senador Ivo Cassol (PP-RO) é gente fina: ao longo de sua carreira política, pulou do PSDB para o PPS até estacionar no PP de Paulo Maluf. É daqueles que, sem pudor algum, colocou o próprio pai, Reditário Cassol, como suplente, e tem contra si cinco processos na Justiça.
Um deles finalmente chegou ao fim, quando Cassol foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a quatro anos e oito meses de cadeia em regime semiaberto por participação direta em fraude em uma dúzia de licitações entre 1998 e 2001, quando prefeito. Os autos demonstram que ele beneficiou cinco empreiteiras cujos sócios eram ligados a ele — tão ligados que dois são seus cunhados.
Não por acaso, como senador, Cassol havia apresentado um polêmico projeto que enfraquecia o rigor da Lei de Improbidade Administrativa.
Com essa condenação unânime, o Supremo faz valer a emenda constitucional aprovada nos anos 90 que acabou com a imunidade absoluta dos parlamentares, mostrou que não se intimida em mandar para a cadeia figurões da política, enviou um recado à sociedade de que a impunidade não pode mais continuar nos atuais níveis insuportáveis e, finalmente, deu uma pista sobre o destino que terão, no julgamento dos agravos já interpostos por seus advogados, os réus do mensalão.