Na edição de sábado, 23, o jornalo A Cidade mostrou a dramática situação da equipe da Defesa Civil que precisa fazer contorcionismo para dar conta de tantos focos de incêndio que surgem nesta época do ano. No âmbito da iniciativa privada, pelo menos uma empresa da cidade se vê às voltas com um desafio muito parecido.
A Usina Nossa Senhora Aparecida vem mobilizando um efetivo de pelo menos 20 brigadistas para debelar focos de incêndio que atingem suas propriedades. A grande maioria destes incêndios são de origem criminosa.
No domingo, 24, uma área superior a 30 hectares foi totalmente incendiada na Fazenda Sant’Ana, em Mogi Guaçu. Pela vicinal Mogi Guaçu-Itapira, é possível ver a dimensão do estrago. O engenheiro agrônomo André Branquinho, gerente agrícola da usina, disse que incêndio de causas naturais é muito raro. Ele pede colaboração das pessoas para que denunciem alguém que esteja agindo de forma suspeita. Disse que nos dois últimos meses os prejuízos materiais causados pelos incêndios superam a casa dos R$ 500 mil. “Pior do que o prejuízo material é o prejuízo ambiental. Todo o esforço que realizamos no sentido de patrocinar medidas que contribuam para a revitalização de áreas degradadas literalmente acabam virando fumaça”, criticou.
O brigadista José Carlos Panissola, 52, dirige um dos seis caminhões utilizados para combate a incêndios. Desde 95 na função, conta que não se lembra de uma estiagem tão brava. “Além da estiagem, tem ventado bastante. Isso torna a situação quase que incontrolável”, avalia. Ele ajudou a apagar o incêndio na Fazenda Sant’Ana e revelou que uma testemunha viu uma pessoa ateando fogo ao lado da rodovia. “As pessoas têm que ter um mínimo de consciência” cobra. Panissolla lembra que a empresa leva seus brigadistas até mesmo em cidades mais distantes como Ouro Fino e Monte Sião, em Minas Gerais. “Na colheita mecânica temos sempre um caminhão acompanhando o trabalho para que não haja qualquer anormalidade. O problema é quando surgem focos de incêndio em mais de uma área ao mesmo tempo. A situação se torna complicada quando isso ocorre”, reafirmou.
Sua indignação maior é com relação á falta de informação da maioria das pessoas. Disse que viu nas redes sociais muitos comentários culpando a empresa pelos incêndios. “Até mesmo naquele acidente feio da semana passada na rodovia Jamil Bacar teve gente comentando que o terrenos em chamas era da usina. Nada a ver. Fico muito triste com estes comentários porque estas pessoas simplesmente ignoram a realidade”, lamentou.
Equipes tem se desdobrado para dar conta dos vários registros
Panissola pede ajuda das pessoas
A Intervias, a concessionária que administra as rodovias SP- 352 (Itapira-Jacutinga) e SP- 147 (Itapira-Mogi Mirim) informou por meio de sua assessoria de comunicação que está atenta ao aumento das ocorrências por causa das queimadas em beira de rodovias. Na quarta-feira, 20, um dos motivos do grave acidente na SP-157, o Anel Viário Jamil Bacar, que envolveu 27 veículos e deixou um saldo de seis mortos, foi a presença de fumaça de um terreno que queimava às margens da rodovia que se misturou à neblina, deixando a visibilidade no local próxima a zero.
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