O ambiente era de decisão no Orlando Scarpelli, mesmo horas antes de a partida começar. Nos arredores do estádio, torcedores do Corinthians compraram faixas de campeão por R$ 10 e confraternizaram com amigos do Figueirense. Lá dentro, o clima amistoso acabou. Um corintiano chegou a ser escorraçado a socos e pontapés ao se manifestar no meio da torcida adversário.
No gramado, o jogo também foi brigado desde os primeiros minutos. O Corinthians decidiu apostar em uma postura cautelosa pouco depois de posar para aquelas que poderiam ser as fotos do título. A maioria das investidas do Figueirense foi contida com faltas na intermediária no princípio do confronto, para aplausos de um falante Tite no banco de reservas. "Foi foul! Foul!", o técnico gritava ao reclamar, em inglês.
O Figueirense, então, tentou incomodar o Corinthians através da ousadia. O atacante Wellington Nem driblou de um lado a outro na ponta direita e parou na marcação, mas logo se virou para as arquibancadas e fez um gesto para a torcida se manifestar. Bruno nem precisou pedir. Com dois chapéus consecutivos, em Ralf e em Danilo, ele animou ainda mais o público catarinense.
O Corinthians não tinha o mesmo ímpeto ofensivo. O atacante era uma presa fácil para a defesa do Figueirense nos lados do campo. Os seguidos laterais cobrados por Fábio Santos para a área também não surtiam efeito. Para piorar, o time visitante pouco finalizava em Florianópolis. Willian foi o único a tentar um chute de longe no primeiro tempo, e a bola passou muito distante do gol.
Em compensação, o Corinthians quase não se sentia ameaçado pelo Figueirense. O lance de maior perigo na etapa inicial foi protagonizado pelo atacante Júlio César, aos 27 minutos, que bateu uma falta direto para o gol e assustou o seu xará corintiano: a bola acertou a trave. Depois, os donos da casa não aproveitaram o domínio das ações para chegar à vantagem antes do intervalo.
Tite, que agora se julga "muito bom de tática", tentou ajustar o Corinthians com a entrada do meia Alex no lugar de Willian. Deu resultado. Com mais um armador, a equipe paulista melhorou bastante e começou a criar as suas primeiras oportunidades de gol. O que não foi suficiente para satisfazer o técnico corintiano. Aos 16 minutos, Jorge Henrique substituiu Danilo, que não fazia uma boa partida.
Após gastar duas alterações, Tite não se aguentava de nervosismo à beira do campo. O treinador caminhava freneticamente na sua área técnica, reclamava com a arbitragem aos berros e orientava os seus jogadores. Aos 22, ele ganhou um ótimo motivo para se acalmar: Alex fez linda jogada ao invadir a área e levantar a bola com precisão para Liedson, que cabeceou para as redes e abriu o placar no Orlando Scarpelli.
Em festa, por causa do título mais próximo, a torcida do Corinthians começou a cantar o hino do seu clube. O técnico Jorginho tentou fazer com que o Figueirense não se abatesse, com Rhayner na vaga de Júlio César - Aloísio já havia substituído Fernandes. Por sua vez, Tite foi precavido e colocou o volante Edenílson no lugar de Emerson, que já estava cansado de correr pela direita.
Naquele instante, o Vasco abriu o placar no Engenhão e fez a alegria dos rivais corintianos ao esboçar que levaria a decisão do título para a última rodada do Brasileirão. Um gol de Fred deu o empate ao Fluminense no Rio de Janeiro e fez com que o Corinthians começasse a comemorar. No final do clássico carioca, porém, Bernardo deu a vitória sofrida para os vascaínos.
FICHA TÉCNICA
Local: Estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis (SC)
Data: 27 de novembro de 2011, domingo
Horário: 17 horas (de Brasília)
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (DF)
Assistentes: Erich Bandeira (Fifa-PE) e Roberto Braatz (Fifa-PR)
Cartões amarelos: Edson Silva e Juninho (Figueirense); Danilo, Jorge Henrique, Julio Cesar e Ralf (Corinthians)
Gols: CORINTHIANS: Liedson, aos 22 minutos do segundo tempo
FIGUEIRENSE: Wilson; Bruno, Roger Carvalho, Edson Silva e Juninho; Ygor (Jonatas), Coutinho, Maicon e Fernandes (Aloísio); Wellington Nem e Júlio César (Rhayner)
Técnico: Jorginho
CORINTHIANS: Julio Cesar; Alessandro, Paulo André, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho e Danilo (Jorge Henrique); Emerson (Edenílson), Liedson e Willian (Alex)
Técnico: Tite
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