Nesta semana veio à tona um caso que mobilizou lideranças e setores ambientais do município e até a Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo, a CETESB. Denúncias de moradores incomodados com um mal cheiro nauseante que tinha como origem um estabelecimento localizado no número 3030 da avenida dos Italianos, mobilizaram técnicos da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente do Município (SAMA) e membros do Conselho Municipal do Meio Ambiente.
Durante visitação feita no local , foi constatado o empilhamento de milhares de embalagens do tipo longa vida de produtos lácteos a céu aberto. Parte do material, segundo as autoridades, vazava das embalagens. Uma ativista ambiental que pediu para não ter o nome divulgado e que participou da inspeção contou que sentiu náuseas. No dia 29, depois de receber relatório sobre as condições do local, o Secretário titular da SAMA, notificou a empresa para que cessasse toda e qualquer atividade no local. Solicitou ainda ao setor de fiscalização que averiguasse as condições em que a Aspa Ambiental Indústria e Comércio estava instalada. De imediato também levou o caso até o escritório da CETESB de Mogi Guaçu. “ Encontramos uma situação que a meu ver oferecia sérios indícios de desrespeito ao meio ambiente e por isso tomamos as medidas cabíveis”, informou Oliveira.
O Jornal A Cidade ouviu trabalhadores de empresas vizinhas, que confirmaram estarem incomodadas com o cheiro. “ Em dia de chuva era comum a gente ver um líquido fétido e rançoso vindo de dentro do prédio (da Aspa). Em dia de muito calor você não imagina o cheiro ruim que vem dali de dentro”, disse Célia Alves Machado, da empresa Jecta, que opera ali perto. Na empresa Renascer, que faz divisa com o referido prédio, um funcionário que preferiu omitir sua identidade disse que a situação vem causando incômodo desde o final do ano passado.
Por dentro
A reportagem de A Cidade conseguiu entrar dentro do prédio. Teve acesso facilitado pelo único funcionário que toma conta do local, que por motivos óbvios preferiu ficar no anonimato . F.W.S.P relatou que desde o começo do ano está tomando conta do prédio e que não tinha, até aquele momento quando conversou com nossa reportagem, conhecimento de nenhum tipo de autuação das autoridades ambientais. Ele informou que atividade fim da Aspa é a reciclagem de produtos lácteos de origem animal ou vegetal dispensados por empresas comerciais por causa do prazo de validade vencido, e ou, com defeito de fabricação.
Contou que os responsáveis pela empresa são de Rio Claro e que segundo soube, as dificuldades de operação previstas para se iniciarem no final de 2012, começaram a partir de um litígio envolvendo aos atuais e antigos proprietários. A Cidade apurou ainda que no local funcionava até alguns anos atrás uma empresa que fabricava óleos lubrificantes, com um histórico de problemas junto à CETESB. Na prefeitura, a empresa tem como registro de atividade exatamente a fabricação de lubrificantes. O rapaz que atendeu a reportagem de A Cidade deixou a entender que os antigos proprietários já exerciam o trabalho de processamento daqueles produtos, cuja destinação final, segundo ele depois de passar por um processo de decomposição, é vendido para a indústria de ração animal. “ Meu patrão está lutando para regularizar a atividade e finalmente poder começar a operar. Todos estes produtos já deveriam estar passando processo de reciclagem”, disse
Indagado se não estava incomodado com o mau cheiro, F.W.S.P disse que tinha se acostumado, Ratos e larvas conhecidas como bigatos costumam aparecer em profusão no local. Quanto à suspeita de que a partir do local estaria sendo despejados dejetos no Ribeirão da Penha, ele retrucou. “ Pode observar que não existe evidência de que o produto deveria ser processado passou por aqui. Se tivesse sido jogado ficaria muita gordura vegetal acumulada, seria fácil de perceber” defendeu-se. No entanto, concordou com o fato de que a água da chuva acaba fazendo com que os resíduos sejam levados para fora do galpão. A única recomendação que disse ter recebido foi a de cobrir com lonas plásticas as milhares de caixas longa vida para impedir a ação do sol e da chuva. “ O problema é que as lonas acabam se desgastando com a ação do tempo”,lamentou.
CETESB visitou local e fez autuação
A gerência da CESTEB em Mogi Guaçu disse estar atenta ao problema. A engenheira Celina Rubiana da Silva visitou as instalações na quinta-feira e promoveu uma autuação da empresa pela estocagem inadequada de produtos e também por causa do mau cheiro. Ela contou que há cerca de 30 dias a empresa havia solicitado licença de operação e que técnicos da companhia estiveram no local para aferir as condições e diante do que foi encontrado, a direção da empresa foi advertida e o pedido de licença negado.
Ela informou ainda que na época da primeira visitação o cheiro ainda não causava tanto incômodo. Por causa do calor e das chuvas do período, certamente os produtos tiveram um processo de deterioração mais rápido. Ela também assegura que ao contrário do que o funcionário afirmou à reportagem de A Cidade, as caixas de águas pluviais apresentavam sinais de irregularidades.
Parte dos produtos foram tapados com lona, única recomendação feita pelos responsáveis segundo funcionário que atendeu a reportagem do Jornal
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