Segundo a pesquisadora Priscila Coltri, do Cepagri (Centro de Pesquisas Metereológicas e ClimáticasAplicadas), vinculado à Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), as chuvas no próximo trimestre deverão estar dentro do média histórica para a região. As temperaturas médias irão, segundo ela, ter elevação sistemática a partir de agora, atingindo cerca de 27,8 graus positivos em setembro e 29,5 graus positivos em novembro.

 

Indagada a respeito das chances da estação que se aproxima repetir o comportamento fora dos padrões normais como ocorreu com o último verão, Priscila afirmou que este tipo de evento dificilmente é detectado. Ela explicou que uma coisa é a previsão do tempo, aquela onde se projetam condições que podem ocorrer num curto espaço de tempo. Outra coisa é a previsão climática que demanda, segundo ela, estudos mais aprofundados. “O que a comunidade científica tem notado é a ocorrência de eventos extremos com maior frequência. Isso vale também para a seca que atinge a região sudeste. Com base em modelos estatísticos disponíveis, existe a previsão de que o próximo verão será menos chuvoso do que o normal na região norte e mais chuvoso na outra extremidade do país. A região sudeste, de acordo com este mesmo modelo, deverá ter um período de normalidade. Mas, volto a insistir, são previsões que eventualmente não se concretizam”, advertiu.

 

Ângela Ruiz, da Climatempo, disse que também é esperado um período de normalidade. Segundo nota da empresa talvez, nunca se esperou tanto por essa estação, como neste ano, em alusão a volta das chuvas. Diz a nota que uma de suas principais características é o retorno da chuva a grande parte do país, inclusive no Sudeste que passa por um quadro recorde de reservatórios muito baixos. Há previsão de formação de um El Niño de fraca intensidade, que deve se desenvolver ao longo dos próximos meses. Ele deve garantir que a chuva comece na hora certa, mas com mais calor do que a normalidade de Norte a Sul do Brasil. A maior parte dessa chuva deve ocorrer em forma de pancadas que, geralmente, ocorrem nos períodos da tarde e da noite e vão se tornando mais frequentes à medida que nos aproximamos do Verão. De forma geral, ocorrerá mais calor do que o normal e a chuva deve ficar um pouco acima da média em parte do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O Norte e o Nordeste podem ter um pouco mais de chuva em outubro, mas como a média normal é muito baixa neste mês, de forma geral pode-se dizer que a Primavera será mais seca e bem mais quente do que a normalidade nestas Regiões. A representante do Climatempo diz que é importante as pessoas se conscientizarem que embora a chuva deva retornar, não se deve criar uma falsa expectativa de que virá em quantidade suficiente para reverter o estrago causado pela seca. “Precisaria chover seis meses de forma constante para encher novamente os reservatórios”, observou.

 

 

Marcelo Schneider, dos quadros do Inmet (Instituto Nacional de Metereologia), disse que existe a possibilidade de que a Primavera possa ser um pouco mais úmida do que o normal. Ele considera, no entanto, que as pessoas devam ir se acostumando a dias mais abafados. “Na Primavera costumamos registrarpicos de calor intenso e isso deve se repetir a partir de agora”, prevê. Eventualmente, segundo ele, as chuvas poderão trazer queda na temperatura, algo que pode ocorrer de forma esporádica. “A Primavera, a exemplo do Outono, é uma estação de transição. É normal que haja em algumas ocasião queda de temperatura”.

 

Prosseguindo seu raciocínio, lembra que o encontro de massas de ar quente, com massas de ar frio, ocasiona temporais e que isso dever também ser uma das características da estação que se inicia na próxima segunda-feira. Questionado se a comunidade científica não fica preocupada com relação ao quentesfato dos eventos extremos que temos observado passem a ser padrão normal ao invés de anormal, disse que não existe base de estudo para uma previsão deste porte. Segundo seu entendimento, para ter previsto por exemplo a seca do último Verão, deveria ter em mãos dados relativos a pelo menos 200 anos de ocorrências climáticas para se estabelecer um padrão aceitável de previsão com relação a fenômenos menos comuns.