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11/05/2014 | Colocar o filho novamente em pé, o sonho de uma mãe guerreira e de muita fé

O mundo literalmente desabou na cabeça da dona de casa Maria Aparecida Delalana na fatídica data de 29 de setembro de 2009. Naquela noite recebeu uma ligação vinda de Sinop, cidade situada no Noroeste do es­tado do Mato Grosso, a mais de dois mil quilômetros de Itapira. Um dos filhos, João Antonio, informava que o seu primogênito havia se acidentado de moto e estava entre a vida e a morte.

Mauro Leandro Dellalana dos Santos, que no início do mês que vem completa 34 anos, tinha saído de uma balada e com uma motoci­cleta, sem capacete, teve um acidente que só não foi fatal, segundo relato de quem presenciou o estado da moto. Da forma como Mauro chegou ao hospital, o fato dele ter sobrevivido naquelas circunstâncias foi um verdadeiro milagre.

Em Itapira a mãe, em es­tado de desespero, esperava oportunidade de pegar o primeiro avião para Cuiabá e dali para Sinop, algo que só seria possível na segunda­-feira. Espera angustiante, que segundo relato da mãe, foi permeada de muito so­frimento e orações. “Fui à Igreja de Nossa Senhora da Penha e pedi para que meu filho não morresse antes de eu vê-lo”.

Em Sinop os problemas que encontrou causaram ainda mais transtornos. Ape­sar do estado gravíssimo, o filho estava internado em ambulatório normal, fora da UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). A presença da mãe cuidou de acelerar os preparativos para que Mauro tivesse ao menos um atendi­mento mais decente. Ela diz recordar que de certa forma, entre trancos e barrancos, sentia um aparente pouco caso de algumas das pessoas que deveriam prestar aten­dimento, como, segundo ela, duvidassem que ele saísse vivo dali. No primeiro contato com o filho dentro do hospital, a mãe disse que se ajoelhou diante dele e fez uma oração pedindo a Deus que privasse seu filho da morte.

A forma como o encon­trou – bacia quebrada, todo inchado e com sequelas em vários órgãos vitais – en­cheu ainda mais a mãe de compaixão. Com ajuda de amigos, reuniu recursos para permanecer ao lado de Mauro na expectativa de que revertesse o quadro de coma, o que veio a ocorrer alguns dias depois

O próximo passo foi ar­rumar um avião UTI para trazê-lo de volta para Itapi­ra, decisão que enfrentou resistência da equipe mé­dica. “Um dos médicos me dizia que ele não resistiria àviagem. Então, com ele imo­bilizado daquele jeito, sem mover um músculo do corpo e sem falar, disse-lhe que se fosse seu desejo ir embora que desse duas piscadas. Ele me respondeu positivamente e desta forma o trouxemos de volta”, relatou.

Em Itapira ficou internado até janeiro do ano passado no Hospital Municipal. Seu quadro evoluíra o suficiente para que deixasse o hospital, sem, contudo, ter qualquer melhora significativa no es­tado físico, ou seja, tinha ainda o corpo e movimentos totalmente paralisados. A mãe disse que quando o trouxe de volta, ainda não tinha uma ideia mais nítida das providências que iria ter que adotar em casa para oferecer ao filho a assistência de que necessitava. A par de improvisar um quarto somente para ele, a deci­são mais importante desde aquela época foi de que iria se dedicar 24 horas por dia para oferecer os cuidados de que precisasse. Isso implicava e ainda implica em noites sem dormir, numa rotina estafan­te de dar medicamentos na hora certa, em levar à sua casa profissionais da área médica de pelo menos quatro especialidades diferentes quase que diariamente, sem falar em duas sessões de fisioterapia diárias e até sessões com fonoaudióloga.

Causa impacto a quem um dia o conheceu com uma vi­talidade impressionante. Es­tudante de farmácia,bilíngue - morou 11 anos nos Estados Unidos -, já viajou para a Europa e tinha ido ao Mato Grosso visitar um primo que lida com construção civil. Lá passou a pintar paredes. Ga­nhou um dinheiro rapidinho e investiu numa moto 350 cilindradas.

Para esta mãe, cada novo movimento que o filho ad­quire, por mínimo que seja, é como se fosse um gol do título mundial da seleção brasileira aos 45 minutos do segun­do tempo. Ela vibra como ela só. Mauro compreende perfeitamente as conversas que ocorrem ao seu redor. Depois de uma sessão de fotos, da qual participou também a fisioterapeuta LucianaPeraro de Lima, fez questão de ver as imagens e conforme tradução feita pela mãe do som glutural que emitiu , disse que tinha achado legal.

Contagia a fé e a dedica­ção desta mãe. Forte, disse que procura não chorar. Per­guntada como lida com as notícias de tantas mortes de motociclistas na cidade - foram nove só este ano -, dona Cida mede as palavras. Disse que ouviu recente­mente uma mãe que teve o filho morto num acidente de moto, dizendo estar brava com Deus . “Ao compreender a dor incomensurável desta mãe peço a Deus que a per­doe. De minha parte desde o começo desta minha aflição eu tive consciência de que Deus nada teve a ver com esta história. Meu filho foi imprudente, inconsequente e acabou pagando por isso”.

Em pé

O aparente conformismo nada tem a ver com o outro lado desta história de fé e de resignação. Esta mãe está convencida de que apesar de ter avançado muito, conse­guindo chegar onde muitos jamais imaginavam que seria capaz de atingir, quer ir mais longe. “Vou colocar ele em pé Prometi isso para mim mesma. Quando conseguir, podem me enterrar, terei cumprido com minha mis­são”, profetizou. Coisa de arrepiar. Coisa de mãe.

Fonte: Da Redação do PCI

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