SÃO PAULO – O custo de vida na cidade de São Paulo desacelerou em abril, frente a março, mas ainda fechando em alta, de 0,8%. E um dos destaques do mês passado foram os combustíveis, que apresentaram aumento de 8,15% no mês passado – percentual maior que os 5,2% verificados em março.
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Em abril, de acordo com a inflação medida pelo ICV (Índice de Custo de Vida), do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), divulgado nesta quinta-feira (5), somente o etanol registrou aumento de 12,07% e a gasolina de 6,66%. O Dieese calcula que, no mês passado, o preço da gasolina na capital paulista atingiu R$ 2,768, ao passo que o do etanol chegou a R$ 2,261. Isso significa que o preço do etanol já representa 81,7% do praticado pelo litro da gasolina.
Aumentos não são de hojeAs elevações nos preços dos combustíveis não são de hoje. Desde que o carro flex entrou no mercado brasileiro, em 2003, a diferença de preços entre etanol e gasolina vem se estreitando. Segundo os pesquisadores do departamento, em 2009, o valor do etanol representava menos que 65% do preço da gasolina. Esse percentual é considerado pelos pesquisadores o limite para que o abastecimento com etanol seja vantajoso frente à gasolina.
Já no primeiro trimestre do ano passado, porém, essa relação de preços estava em 67% , fazendo do derivado de petróleo o combustível mais vantajoso. Ao longo do ano, os valores se reajustaram e o derivado de cana voltou a ser competitivo, sendo que a relação entre os preços fechou novembro em 64,7%.
Em dezembro do ano passado, as altas nos preços do litro do etanol passaram a ser sucessivas. “Ambos os combustíveis aumentam, porém, cabe ressaltar que a alta do álcool é superior à da gasolina nestes cinco meses”, reafirmam os pesquisadores. Para eles, o aumento acentuado dos preços da gasolina não tem origem apenas na elevação do etanol, mas na pressão da demanda dos proprietários de veículos flex que, com a alta do derivado de cana-de-açúcar, passaram a ver na gasolina uma opção menos onerosa.
Impactos na inflaçãoConsiderando a série do custo de vida em São Paulo desde janeiro de 2009, os pesquisadores analisaram que os reajustes da gasolina foram feitos sistematicamente ao longo do período, ficando sempre abaixo da inflação, considerando as taxas anualizadas. Já o etanol apresentou variações anualizadas mais estáveis, ficando ora acima ora abaixo da inflação.
Para a composição do ICV (Índice de Custo de Vida), considera-se que, do total dos gastos das famílias com combustíveis, 70% destinam-se à compra da gasolina e 30% à compra do etanol. Essa relação e o equilíbrio nas variações dos preços desde 2009, na avaliação dos pesquisadores, faz com que os impactos das altas não seja tão intenso no cálculo geral do ICV, já que a gasolina não reajustou seus preços na mesma proporção do etanol.
Apesar disso, eles reconhecem que as variações deste ano têm gerado fortes impactos inflacionários. Mas acreditam que a entrada da safra de cana-de-açúcar e a queda na demanda por etanol podem levar a quedas nos preços daqui para frente