A grande notícia da semana - ou do ano ou da década - saiu na última sexta-feira: a possibilidade de implantação de um polo de distribuição de gás natural pela Comgás em nosso município. Afinal, o que tanto tem de alvissareiro nessa notícia? Comecemos pelo começo, pois.
Gás Natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves que, nas condições onde é encontrado e utilizado, permanece no estado gasoso. É um gás inodoro, incolor, não tóxico e mais leve que o ar. Pode ser usado nas indústrias, residências e veículos, apresentando vantagens ambientais se comparada com outras fontes fósseis (carvão mineral e derivados de petróleo) de energia. É o combustível fóssil mais limpo, com redução sensível na emissão de poluentes.
Na economia, depois da descoberta de que o planeta tem reservas maiores do que se supunha, o gás natural virou a coqueluche do momento. Não é a toa que a GM anunciou, rapidinho, que a partir de junho do ano que vem colocará no mercado - onde houver rede de distribuição - o sedam flex movido a gasolina e a gás natural comprimido. Para a maioria das indústrias, no hemisfério norte ou no hemisfério sul, a disponibilidade de gás natural canalizado passará a ser decisiva nos projetos de instalação das novas unidades. Quer dizer, cidade sem gás canalizado vai dormir de castigo. Comparado às demais fontes de energia o gás natural é o que apresenta a melhor relação custo/benefício.
O leitor, nessa altura, deve estar se perguntando. Se esse tal gás natural canalizado traz tantos benefícios, por que só agora ameaça chegar a Itapira? A resposta é simples. Para levar o gás canalizado até a porta das empresas e das residências, dado o alto investimento necessário, a cidade deve oferecer um parque industrial que absorva, no tempo previsto, os recursos investidos. Afinal, o capitalismo não faz benemerência. Logo, não tínhamos esse dote para oferecer.
A Comgás chamará nos próximos dias uma reunião com empresários itapirenses, candidatos em potencial ao novo sistema energético, para avaliar o mercado e os riscos do investimento. É provável que nessa reunião se conclua que Itapira ainda não oferece garantias para esse tipo de empreitada. Será que a Comgás vai instalar mesmo essa distribuidora em nossa cidade?
Veja como são as coisas. Sem gás Itapira terá poucas chances futuras de atrair boas empresas geradoras de emprego e renda. Como nos anos novotempistas perdemos o pé na expansão econômica brasileira sem prospectar mais indústrias, corremos o risco de continuar ficando sem gás, nos dois sentidos. Continuaremos agindo como um cachorro que tenta pegar o próprio rabo e não consegue.
Mas ao que tudo indica, a Comgás terá Itapira no seu portfolio e, quem sabe, até ser uma base operacional regional. Onde estará a mágica?
Durante a reunião desta semana, as autoridades itapirenses devem ter conseguido apresentar um quadro positivo de instalação de indústrias, porém dependente do fornecimento de gás canalizado. Tipo assim, hoje podemos não ter o volume de consumo justificado, mas brevemente o teremos. Bastava que eles confiassem!
Pelo visto, confiaram. Graças ao prestígio e respeitabilidade do deputado Barros Munhoz em ação sintônica com o prefeito José Natalino Paganini. Pisando em terreno firme. Sem tais pré-requisitos, nada aconteceria.
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