Saúde
Segundo estudos recentes, 10% da população brasileira sofre do problema
Daiana Barasa
São inúmeras as campanhas publicitárias em que o álcool surge como sinônimo de socialização entre amigos, como facilitador de paqueras, como diversão etc. Mas a complexidade em torno do consumo frequente de álcool é grande e gera questionamentos. Isso porque há alguns anos a substância foi classificada como um dos tipos de drogas existentes.
Segundo levantamentos realizados pelo Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) e pelo INPAD (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas), cerca de 10% da população brasileira é acometida pela doença do alcoolismo.
A psiquiatra e conselheira da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas) Ana Cecília Marques, esclarece que o alcoolismo é uma doença crônica cerebral e aponta a complexidade em torno do assunto: “A sociedade brasileira não está de fato ciente de que o alcoolismo é uma doença grave”.
O alcoolismo depende da manifestação de diversos fatores, inclusive genéticos e não apenas da utilização do álcool.
“Há pessoas que conseguem fazer o uso do álcool em ocasiões isoladas e nunca se tornarão dependentes, porque o alcoolismo é um problema crônico, o indivíduo já é predisposto geneticamente à doença”, explica Ana Cecília.
Para a psiquiatra, é caracterizado um quadro de dependência do álcool quando o indivíduo utiliza a substância com frequência para obter sempre o mesmo efeito e quando não está sob o domínio do álcool costuma se sentir inquieto, desejando incontrolavelmente a bebida: “O dependente não tem noção da doença e dos transtornos no próprio comportamento, e não precisa de grandes quantidades de álcool para alterações de humor”.
Dentro do total de internações psiquiátricas realizadas pelo SUS, o percentual de usuários de álcool é de 50%, o que constata a gravidade do problema.
O alcoolismo pode gerar diversos problemas de saúde como: problemas mentais, depressão, ansiedade, psicose, alucinações. Pode gerar alterações no comportamento físico como: gastrite, esofagite, hepatite, cirrose, pancreatite, diarreia, síndrome de má absorção, neurite, hipertensão arterial, entre outros.
A psiquiatra esclarece sobre a crise de abstinência alcoólica: “É uma síndrome grave, que cursa com hipertensão arterial, irritabilidade, confusão, pode gerar inúmeros sintomas psíquicos e emocionais, é o processo mais difícil no início do tratamento da doença”.
Em relação à classificação do álcool como droga e da justificativa de tantas pessoas de que se trata de uma droga “mais leve”, Ana Cecília esclarece que não existem drogas mais pesadas ou mais leves, e que o álcool e o tabaco são as primeiras drogas de experimentação junto aos inalantes, mesmo sendo essa uma afirmação sem constatações comprovadas cientificamente no Brasil.
“O alcoolismo não tem cura, há controle, é uma doença crônica passível de tratamento que com boas práticas atinge 50% de dependentes estabilizados”, esclarece a psiquiatra.
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