A queima de estoques dos lojistas no comércio varejista atrai mais interesse dos consumidores em fazer compras no primeiro trimestre do ano do que nos três últimos meses de 2014. Mesmo com o crescimento do interesse, pesquisa feita pelo Programa de Administração do Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA) indica ? no entanto - um comportamento mais cauteloso do consumidor neste ano.
Na sondagem feita com 500 entrevistados na cidade de São Paulo, 49,6% declararam que pretendem comprar algum bem durável entre janeiro e março deste ano, o que corresponde a um aumento de 9,2 pontos percentuais sobre os três meses anteriores.
Além disso, quando analisadas as dez categorias de bens avaliados foi constatado que apenas dois segmentos indicaram proporções de interesse acima do mesmo período do ano passado (janeiro a março): materiais de construção - apontados por 8,8% ante 7,4%, no primeiro trimestre de 2014 - e eletroportáteis ? com interesse de 3,6% dos consumidores ante 3%. Já no caso dos móveis, a taxa ficou estável em 7,4% e nas demais categorias ocorreram quedas.
O valor médio estimado para os gastos em todas as categorias equivale a R$ 2.507,00 de janeiro a março deste ano, acima do manifestado no último trimestre de 2014 (R$ 1.968,00), mas próximo da quantia registrada em igual período do ano passado (R$ 2.584,00).
Para Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Conselho do Provar/Fia, houve melhora do aquecimento em relação ao final do ano em razão das promoções de produtos que estarão saindo de linha. Acrescentou que 2015 será ano de cautela no consumo. Na análise dele, isso se deve a uma situação de inflação e juros mais elevados, além do temor sobre os rumos da economia. ?O ano de 2015 não será de investimento, mas de ajuste no consumo?.
Ele observou que as famílias estão com renda muito comprometida com uma sobra de apenas 9,2% para novas compras. Só com o pagamento de crediário estão atrelados 24,1% da renda, taxa maior do que os gastos com educação (20,1%) e alimentação (18,6%).
Diante do quadro de maior dificuldades financeiras, Felisoni acredita mesmo tendo crescido a intenção de compra sobre o último trimestre de 2014, o resultado real poderá indicar uma queda de 2,4% nos negócios. Já na comparação com o mesmo período do ano passado, a projeção é de um crescimento de 1,3%.
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