Um dos mais sérios problemas macroeconômicos do país na atualidade – a fragilidade da balança comercial brasileira – deverá se acentuar ainda mais com a chegada do final do ano. Muitos estabelecimentos comerciais estão abrindo um espaço maior para produtos importados, de olho numa fatia de consumidores que se habituaram a comprar os importados, ainda que o dólar tenha tido recentemente uma alta acentuada.
Ricardo Zeferino, do setor de compras dos supermercados Cubatão revela que a estratégia de crescimento das vendas vem passando, desde o final do ano passado, por um maior sortimento de importados. “Demos primeiramente uma atenção mais especial para o vinho importado. Como a resposta foi satisfatória, ampliamos o portfólio trazendo também gêneros alimentícios, como chocolates, massas e geleias. Aumentamos a oferta de cervejas importadas, de olho numa tendência que aponta que pelo menos 30% do público mais jovem experimenta cervejas que fogem às marcas tradicionais”, elenca.
Segundo Zeferino, a negociação com fornecedores de importados é uma queda de braço tão ou mais desgastante do que com fornecedores dos produtos nacionais, acrescentando que sempre existe o risco de desabastecimento de determinado produto com muita procura. “Cresceu o número de importadores porque tem se tornado uma tendência na preferência do consumidor. Para o final de ano estamos em fase final de negociação para aumentar a presença dos importados em nossas prateleiras porque, com muita certeza, serão ótima opção de presentes para muitas pessoas”, enxerga. Sobre a oscilação do dólar, ele acha que ela causa impacto quando muito elevada. “A gente procura negociar o melhor preço. Mas, evidentemente, havendo alta, ela é repassada. Temos observado que aumentos em pequena escala não demovem os que fazem questão dos produtos importados”, avalia.
No Antonelli Supermercados a avaliação é parecida. César Luís Barossi, gerente comercial do grupo, disse que a oferta
dos produtos importados tem aumentado na mesma proporção que cresce o interesse do consumidor final nesse tipo de artigo. “Temos aumentado a oferta de vinhos, massas, biscoitos, embutidos e queijos”, revelou.
Barossi também não acredita que a oscilação da moeda americana se torne, pelo menos a curto prazo, um empecilho que iniba o consumo. “A variação tem sido pequena. Não será por causa dela que o consumidor vai deixar de comprar o produto de sua preferência”, acredita. Também no Antonelli existe a disposição de se criar um local dentro das lojas somente com os importados. “Personaliza a venda e facilita a vida do consumidor”, avalia Barossi, ao justificar essa preocupação.
Uma veterana comerciante da cidade e que se tornou referência no comércio de produtos importados, que pediu para não ter a identidade divulgada, avalia que existe hoje um boom de importados por um motivo muito simples, segundo ela: “O preço está compensando”, diz. Segundo seu raciocínio, enquanto a indústria nacional não produzir com qualidade e custo mais baixo, vai perder terreno para produtos que vêm de fora do país.
Nas lojas União os importados já correspondem a 40% dos cerca de 26 mil itens vendidos. Segundo informou a direção da loja, neste mês de novembro já estão disponibilizados cerca de outros dois mil itens como presentes e enfeites natalinos. Com relação ao custo final, a direção garante que não houve acréscimo por causa da subida do dólar devido ao fato desses artigos terem sido negociados antes da escalada que teve início em setembro. “Não haverá nenhum repasse para o consumidor final, não temos motivo para repasse o dólar recuou e todas as negociações foram feitas em abril”, comenta uma fonte da loja.
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