Esguela ( esq.) o mais antigo, e Pereira Neto, o mais novo
Com o envelhecimento da população tem crescido um tipo de atendimento diretamente ligado a esse tipo de serviço. Entraram em funcionamento nos últimos anos várias casas especializadas no atendimento a idosos, a maioria delas localizada na área central. E quase todas apresentam as dificuldades para se manterem em funcionamento.
A Casa de Repouso Nova Itapira, um desses estabelecimentos especializados, recebeu recentemente um tipo de atenção que foi objeto de mobilização de estudantes do curso de Administração do IESI (Instituto de Ensino Superior de Itapira). Conforme esclareceu o estudante Tiers Vernucci, do quarto semestre, a cada ano os estudantes se empenham em uma ação social, tendo como sugestão atividades dentro da sala de aula.
A sugestão deste ano veio na disciplina de Matemática Financeira. Ele explica que os colegas sugeriram um auxílio para alguma entidade que não recebesse subvenção oficial. Veio à tona o nome da Casa Nova Itapira. “Nós nos informamos a respeito das atividades desenvolvidas lá e decidimos cotizar entre nós um valor que pudesse servir de utilidade para os gestores. O trabalho consistiu na visita a estabelecimentos comerciais para realização de pesquisa de preço, verificação de itens que são muito utilizados pelo público acolhido e simulações a respeito de gastos diários, mensais e anuais para manutenção dos serviços. Depois fizemos uma cotização e levamos cerca de R$1 mil para a entidade”, detalhou.
A ação foi muito bem recebida pelos administradores. A Casa Nova Itapira leva este nome porque nos primórdios funcionou no bairro Nova Itapira, há cerca de 20 anos, resultado de determinação de Maltalina Macedo, a dona Marta, uma capixaba que morou muitos anos em São Paulo trabalhando exatamente no cuidado com pessoas idosas. A convite do saudoso médico Jovino Fernandes, acabou vindo trabalhar em Itapira e aqui ficou.
Ela toca a casa com ajuda do filho Cleberson de Souza e da nora Luana Aparecida. As instalações estão localizadas num terreno de dois mil metros quadrados adquirido às duras penas, segundo a responsável.
No dia em que a reportagem de A Cidade visitou o local, estavam sendo feitas reformas em várias dependências. “Meu sonho é um dia ter uma entrada toda coberta, com uma linda fachada”, disse a anfitriã. O local abriga atualmente 11 homens e nove mulheres, mas pode abrigar até 26 pessoas.
São cinco refeições diárias e cuidados médicos e de enfermagem. “Funcionamos com tudo legalizado, conforme manda a Lei”, diz Cleberson.
Atualmente são quatro pessoas contratadas e esse número tende a aumentar se a Casa de Repouso atingir lotação completa para seus 11 apartamentos. A maioria ajuda a custear sua permanência com a aposentadoria. “A aposentadoria normalmente é um salário mínimo.
Evidentemente que não dá para arcar com os custos. Então nos viramos de outras formas, principalmente sensibilizando pessoas que eventualmente podem nos dar alguma colaboração”, fala dona Marta. Ela fala com orgulho que muitas pessoas de famílias tradicionais da cidade ajudam na manutenção.
O mais antigo membro da ‘família’ é Antonio Esguela, de 65 anos, um paulistano que veio para Itapira junto com dona Marta. O mais novo é José Pereira Neto, 59, de Franco da Rocha, que chegou recentemente. “Estou gostando do tratamento, muito bom”, disse ele, na manhã de quinta-feira, quando terminava o almoço.
Dona Marta com o filho Cleberson, a nora Luana e os netos: há mais de 20 anos cuidando de idosos
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