A equipe de produção passou por Itapira no final do ano passado, levando a tira-colo o pessoal do núcleo MMDC de Itapira, capitaneado pelo estudante de história Eric Lucian Apolinário. Foram feitas diversas locações , concentradas em Eleutério. “ Visitamos locais onde  foram feitas trincheiras,  conversamos com moradores e demos ao pessoal da produção toda a atenção que precisaram”, relembrou Apolinário. Ele e outros colegas como os Policiais Militares ( e irmãos) João e Carlos Marquezini deverão estar em São Paulo para o lançamento do documentário, aberto somente a convidados.

 

Falando ao Jornal A Cidade, o diretor Thiago Montelli disse que a expectativa sobre o documentário é a melhor possível. Explicou que por ocasião do calor dos festejos dos 80 anos do levante em 2012, foi procurado pelos amigos historiadores que lhe sugeriram um “um mergulho neste período histórico”, conforme suas palavras.  De imediato percebemos que havia fundamentalmente duas versões sobre a luta, uma oficial, repleta de lirismo e uma outra menos convencional , mais acadêmica que questiona fatos atribuídos ao movimento. Foi aí que decidimos desconstruir as duas versões para chegarmos mais próximos ao que de fato ocorreu, iniciando com uma pesquisa muito consistente do período pré-revolucionário e aos fatos que  levaram os paulistas a se erguerem em armas contra a ordem vigente”, relatou.

 

A partir da ideia inicial até a captação dos recursos necessários ( pela Lei Rouanett) junto à iniciativa privada e o início das locações, foram quase seis meses a contar agosto do ano passado. As locações que duraram de fevereiro a maio deste ano, percorreram cinco  cidades paulistas ( São Paulo, Cruzeiro, Guarujá, Itapira e Mogi Mirim) , além de Salvador (BA) e Itacoatiara no Amazonas, onde, segundo os historiadores teria acontecida uma batalha naval. 

 

O trabalho teve ainda o cuidado de contatar – via informações obtidas  de entidades como o núcleo MMDC – veteranos ainda vivos.  Foram contatados 25 deles, dos quais quatro depoimentos acabaram sendo utilizados na filmagem.

 

No total foram  cerca de 40 horas de imagens gravadas, resumidas em torno de 70 minutos de exibição depois de finalizada a edição. Indagado se o filme poderá ser visto aqui em Itapira, Montelli disse que primeiramente deverá levá-lo a participar de alguns festivais, mas que  isso não impede que seja acertada a exibição onde isso se tornar imperativo. “ Estamos abertos às conversações neste sentido. Para nós seria um imenso prazer poder realizar uma exibição aí na cidade”, contextualizou.

 

 

Outra negociação em torno do documentário diz respeito à possibilidade dele ser veiculado em programação da TV a Cabo. Com a recente regulamentação que prevê maior espaço nos canais pagos para produções nacionais, este tipo de conteúdo passou a ser muito valorizado. Montelli revelou  que sua empresa já realizou trabalhos de menor porte para a TV Escola, versando sobre o tema “saúde”. 

 

 

Equipe, durante visita feita ao bairro de Eleutério em companhia do pessoal do Núcleo MMDC da cidade

 

Thiago Montelli, diretor e produtor

 

Fotos: acervo Núcleo MMDC /Itapira)

 

 

A tradicional solenidade  comemorativa  da revolução de 1932  realizada anualmente no morro do Gravi, alusiva aos 81 anos do movimento, está marcada para ocorrer nesta próxima terça-feira em duas etapas. Às 8h00 será realizada a homenagem propriamente dita no Morro do Gravi e a partir das 9h00 uma festiva recepção é prevista para acontecer na Casa da Cultura, com presenças confirmadas da Banda Lira, dos atores Alexandre Cezaretto e Zuleica Silva; leitura de poemas pelo famoso poeta Arlindo Bellini, apresentação do canil da Guarda Municipal e uma homenagem especialmente dirigida a um ex-combatente.

Trata-se de José Mango, de 100 anos de idade, que segundo Eric Apolinário, do Núcleo MMDC, reside em Ribeirão Preto e combateu em Itapira , onde, teria, inclusive, participado dos ferozes combates ocorridos no Morro do Gravi. Apolinário disse que os próprios familiares fizeram contato com o Núcleo de Itapira quando tiveram conhecimento de sua existência, para falar do interesse. 

 

Natural de Altinópolis, Mango veio a Itapira com 4º Batalhão 09 de Julho com cerca de 400 combatentes. Ainda lúcido, disse em encontro realizado em janeiro em sua residência com os rapazes do Núcleo de Itapira que a maioria veio sem qualquer tipo de treinamento militar, sem matéria para lutar. “Havia carência de equipamentos. Emprestavam uns aos outros e ficavam com o armamento dos que morriam”, relatou Éric. Do referido batalhão, a maior parte morreu em combate. 

Finalizando a participação do ex-combatente em Itapira, às 11h00 em sessão solene na Câmara, ele receberá título de Cidadão Itapirense.

 

 

Eric, José Mango, João e Carlos Marquezini durante visita feita à residência do aposentado