A escalada do dólar que chegou a bater a casa dos R$ 2,50 há dez dias atrás ( só recuou depois de pesada intervenção do governo) está tirando o sono de alguns empresários e comerciantes cujos empreendimentos dependem substancialmente dos produtos importados. “Temos recebidos valores reajustados diariamente. Ficou complicado.”, queixa-se Raimundo Razzo, da loja Confianza Print (antiga Casa Zico), especializada em produtos eletrônicos.
Razzo conta que um efeito imediato desta nova tendência é o aumento do volume de serviços de sua assistência técnica. “Muitas pessoas estão preferindo consertar seus produtos a comprar um novo”, supõe. Como estratégia para enfrentar estes novos tempos, Razzo diz que negocia com os clientes até onde é possível. “É uma queda de braço. O cliente chega propondo um desconto maior e a gente, na medida do possível, tentar atender. Mas de forma geral a maioria das pessoas entende o nosso lado e acabamos fechando negócio, até mesmo porque temos como diferencial a qualidade e a procedência dos produtos que vendemos”, observou.
João Barboza, gerente geral da Rede de Lojas União de 1 a 99, comenta aliviado que a direção da rede consumou ainda no primeiro semestre um bom estoque de produtos para atender todas as 15 lojas até o final deste ano. “ Fosse o contrário teríamos um aumento no custo de até 20%” estima. Barboza disse ainda que outro grande trunfo é a rede de fornecedores nacionais, a qual, segundo ele, tem garantido preços estabilizados. “ Para nossa clientela o mais importante a informar é que não haverá repasse nos preços pelo menos até o final deste ano”. Ele avalia ainda que no atual estágio da economia com a ameaça da inflação sair fora de controle todo empenho para que os preços se mantenham estáveis deve ser feito pelo setor empresarial.” Qualquer tipo de aumento, tem um grande impacto nas famílias de baixa renda e só sabe disso quem passou por dificuldade”, encerrou.
Nas grandes redes de loja o clima é de aparente normalidade. A gerente de uma delas disse, sob promessa de que não teria identidade revelada, que a direção da rede tem feito uma criteriosa análise de custos para não repassar aumento para produtos como televisores, cuja procura pelos modelos mais atuais só tem feito crescer. “Na avaliação da rede, este bom momento na venda de eletrônicos deve ser preservado”, comentou.
Nas lojas Cybelar a situação também é de normalidade, segundo o gerente local Clodoaldo Petri. Ele garantiu que o preço dos eletrônicos têm mantido uma estabilidade e segundo ele, alguns modelos estão custando menos. “O problema do dólar é algo que certamente vem sendo discutido entre a direção da rede e os seus fornecedores. A gente fica torcendo para que no varejo os efeitos da alta do dólar passem despercebidos”, projetou.
Clodoaldo da Cybelar: sem nenhum aumento
Raimundo Razzo: negociações no limite