Duas entidades ligadas à Defensoria Pública manifestaram preocupação com o risco que algumas práticas recentes no Judiciário brasileiro podem representar para as garantias individuais dos cidadãos. As notas, publicadas ontem (17) pela Defensoria Pública da União (DPU) e pela Associação Nacional dos Defensores Públicos (Anadep), foram divulgadas em meio a discussões sobre a legalidade - ou não - da recente divulgação de interceptações telefônicas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, autoridades, advogados de defesa e políticos, entre outros.
A Defensoria Pública da União manifestou ?preocupação com as notícias de supostas práticas judiciárias que promovem a relativização de garantias processuais penais?. Segundo a nota, ?a DPU jamais compactuará com caminhos que ignorem regras constitucionais e legais construídas na difícil luta que levou à derrocada da ditadura e ao surgimento da Constituição Federal de 1988?.
Por fim, a DPU pede ?equilíbrio e serenidade? para a manutenção do Estado Democrático de Direito e a ?preservação das instituições no âmbito das suas atribuições constitucionais?.
Legalidade
Também por meio de nota, a Associação Nacional dos Defensores Públicos, que representa cerca de 6 mil defensores públicos de todas unidades federativas, pediu a ?apuração dos fatos com a observância da mais estrita legalidade e o respeito às garantias individuais?, após manifestar "apreensão" diante do ?agravamento da crise política e do acirramento dos ânimos da República".
?Tais garantias [individuais], notadamente o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa e a presunção de inocência, são imprescindíveis em um processo penal que deve ser livre de vícios e apto a promover a paz social como resultado da atividade jurisdicional?, diz a nota.
Ontem, juízes federais fizeram, em diversas seções judiciárias do país, atos simultâneos em apoio ao juiz Sérgio Moro, responsável pela condução das investigações da Lava Jato. Por meio de nota, a Associação de Juízes Federais do Brasil (Ajufe) disse que Moro tem demonstrado ?equilíbrio e senso de justiça?, e que a entidade classista ?não vai admitir ataques pessoais de qualquer tipo, principalmente declarações que possam colocar em dúvida a lisura, a eficiência e a independência dos juízes federais brasileiros?.
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