Cento e vinte. A câmara municipal assistiu nesta terça-feira mais uma invasão de manifestantes, pelo menos cem pessoas superlotaram a área reservada para o público, pelo menos outras quarenta pessoas não conseguiram entrar.
Na paz. Para garantir a segurança o presidente Carlinhos Sartori requereu a presença da Guarda Municipal e deixou a Polícia Militar de prontidão. Fato que revoltou alguns manifestantes por terem sido considerados como bandidos ou baderneiros. A presença dos agentes de segurança foi discreta e não provocou nenhum incidente.
Em nome dos inconformados: “Nós estamos aqui para protestar pacificamente e se tivesse alguém que saísse da linha, nós garantiríamos a segurança do patrimônio que é nosso para que não saísse do nosso bolso o dinheiro para consertar o que fosse quebrado.”
Melhorou. Comparando a manifestação da semana passada, houve uma ligeira queda nas agressões verbais direcionadas aos vereadores e nas intervenções. A sessão conseguiu vencer a pauta e não houve necessidade de interromper os trabalhos para que os ânimos fossem amenizados. Muito pelo contrário, ao pedido de quinze minutos para reorganização da pauta os vereadores perceberam que não era isso que os manifestantes queriam, logo seguiram em frente sem o tradicional intervalo.
Paciência. Os vereadores e políticos em geral precisam ter paciência com os manifestantes. Até bem pouco tempo, a maioria estava à margem da política e das manifestações sociais. É mais do que natural alguns exageros e xingamentos por falta de conteúdo nas reinvindicações. Naturalmente, esse processo evoluirá e pontos serão menos difusos e mais recheados de argumentos referentes. O importante é a natureza pacífica do movimento.
Nem tudo são flores 1. Mais uma vez os manifestantes não respeitaram os votos de pesar. Não atenderam aos pedidos do presidente e continuaram gritando palavras de ordem tipo “se a saúde não melhorar essa lista só vai aumentar”. Ao que tudo indica, os manifestantes reconhecem nesse costume parlamentar trabalho que não deveria ocupar as preocupações dos vereadores. Mas o que os manifestantes não estão entendendo é que as famílias poderão se considerar ofendidas.
Nem tudo são flores 2. Um ponto negativo e antidemocrático também foi verificado entre os manifestantes. Durante a apreciação das indicações, requerimentos e projetos de lei, quase a maioria dos itens foi questionada, vaiadas, xingadas, desrespeitadas... Os manifestantes deram a entender que a maioria dessas ações do vereador não nasce da população. Demonstraram que aquelas propostas vinham apenas da cabeça do vereador, por falta do que fazer.
Não ouviram ou não entenderam? Só para se ter uma ideia, foram vaiados pedidos de substituição de tubos de galerias, cobranças dos vereadores sobre relatórios de saúde, mais vagas de estacionamento para idosos, sugestão de curso de música, pedidos de lombadas, manutenção de luminárias, estudos para disciplinar estacionamento de veículos, instalação de pontos de ônibus, recapeamento asfáltico, van para levar remédios aos bairros rurais, vacinação de professores contra a gripe H1N1, reforma e ampliação de escolas, estadualização da vicinal de Mogi-Guaçu, melhoria no Raio X do HM, contratação de fisioterapeuta, mudança no itinerário da Viação Itajaí, proibição de aparelhos de sons nos logradouros públicos...
Não pode pisar. Poucos perceberam que muitas das propostas legislativas estavam relacionadas com questões que fazem parte da própria pauta apresentada por eles na área de educação, saúde, segurança e transporte. Assim não meu irmão, quem quer participar da política, reivindicar ações concretas. Precisam antes de tudo conhecer a regra do jogo, para jogar direito e ganhar a parada.
Democracia! É ou não é? Apesar de não ser essa a intenção, os manifestantes acabaram demonstrando que as reinvindicações deles são muito mais importantes do que as formuladas pelo conjunto da população que levaram seus apelos bem antes das manifestações, foram acolhidas de pelos vereadores e entraram no rito de apreciação da casa (regra do jogo). Vai aqui um puxão de orelhas aos que não entenderam que na democracia todos são iguais e todos devem ser ouvidos, sem qualquer privilégio, senão não é democracia.
Falou... A Tribuna Livre foi ocupada pela Jéssica Rosa que traduziu as principais reinvindicações dos manifestantes de Itapira. O Dr. Rafael acolheu os pedidos, assumiu o compromisso de leva-los ao prefeito Paganini e trazer uma resposta na próxima sessão.
Falta de cuidado. Pelo menos dois vereadores foram educadamente repreendidos pelos colegas. Marquinhos que insistia em jogar para a galera, insistindo em querer conversar com os manifestantes apesar do clima desfavorável e o vereador Zé Branco que deixava escapar alguns gestos que desagradavam os manifestantes. Zé Branco acabou ganhando gritos de que teria conquistado votos com churrascos. Acusação que ele sempre negou.
Segurança. O prefeito Paganini esteve em São Paulo nesta segunda-feira, reuniu-se com o Secretário de Segurança Fernando Grella. Acompanhado dos vereadores, Paganini levou as reinvindicações para a Polícia Militar e Civil. Entre elas, a fixação dos sargentos, novos agentes, escrivães e aparelhamentos.
Educação. Na sequência, Paganini e vereadores, capitaneados pelo deputado Barros Munhoz, foram até a secretaria de educação, onde garantiram pelo menos mais duas unidades escolares para o município. Nesta quarta, Paganini estará em Brasília, no Ministério das Cidades e deputados.
Foi a melhor coisa... O deputado Barros Munhoz comentou nesta terça-feira sobre as manifestações e as atitudes da presidenta Dilma. Para Munhoz esse movimento está chacoalhando a classe política brasileira: “não dava para aguentar mais. Acho que o povo demorou muito para estourar. Nada foi feito para mexer com a economia, a saúde está um caos total, a impunidade e a corrupção correm soltas. Esse basta foi a melhor coisa que poderia nos acontecer.”
Com ela mesma. Munhoz criticou, também, o pacto proposto por Dilma: “primeiro ela não ouviu ninguém, chamou algumas pessoas e anunciou antes de discutir”. Munhoz se lembrou do pacto de Moncloa onde a situação era muito pior, a Espanha saia de uma ditadura, mas todas as correntes foram ouvidas. “Dilma fez um pacto com ela mesma.”
Tem jeito... Para finalizar, Munhoz disse que se Dilma quer resolver o problema da saúde, basta reajustar a tabela do SUS, para o transporte e mobilidade urbana, basta direcionar os 70 bilhões para aumentar as linhas dos Metrôs, para a corrupção, basta chamar uma CPI das Copas e por aí vai. É só querer...
Carlão na boa, Machado não. Para quem estava achando que Carlão Jamarino tinha feito um péssimo negócio trocando o legislativo para o executivo, hoje um assistente na câmara comentou: “fez bem o Carlão, foi para a prefeitura e se livrou desse enfrentamento. Olha a cara do Machado, será que ele está gostando?”
Pura ingratidão. Outro boato que rolou na sessão desta terça-feira foi que um vereador estaria muito descontente com a ingratidão de um determinado manifestante. Segundo o comentário, quando esse manifestante chegou a Itapira, numa situação extremamente complicada, o vereador deu a maior força e o cara arribou. Agora que o cara está bem na fita, vai à câmara e ofende todo mundo, inclusive o benfeitor.
Nino Marcati, da redação do PCI.
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