O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse hoje (20), durante encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que há uma expectativa positiva em relação à economia brasileira que contribui para a sua recuperação. De acordo o ministro, algumas medidas adotadas pelo presidente interino Michel Temer, como as nomeações para Petrobras e Banco Central, foram vistas com bons olhos por setores econômicos.
?Ou seja, acreditar que a economia vai bem ou mal faz com que isso se torne realidade no sentido de decisões de investimentos como o gasto do consumidor que ainda tem dinheiro para gastar. Quando a incerteza predomina, as pessoas postergam suas despesas. O Brasil viveu isso de maneira didática de 2015 para cá?, afirmou.
O chanceler destacou que - a curto prazo - é possível que a inversão do pensamento negativo, ainda não seja plena, mas ajuda na desaceleração do processo depressivo pelo qual a economia passava. Segundo ele, há um avanço na trajetória da curva de recuperação porque o governo do presidente interino Michel Temer tem mais apoio no Congresso Nacional.
?Temer foi presidente da Câmara dos Deputados três vezes e sabe como se dirigir a eles e como se articular. Um dos fatores de fragilização do governo Dilma era a falta de apoio no Congresso. Não que o governo atual possa fazer o que bem entender, mas já mudou.?
Segundo Serra, as escolhas feitas por Temer para a direção da Petrobras, Banco Central e BNDES desencadearam um fator de credibilidade perante os agentes econômicos. ?O efeito foi muito positivo com a ideia de que é gente bem preparada. Claro que eles não vão fazer milagre em dois ou três meses, mas isso abre uma perspectiva. Inclusive, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está sabendo lidar com essas expectativas e abrindo uma ideia de política econômica mais serena. Isso tem ajudado o governo e a economia.?
Inflação
O ministro destacou que não haverá solução mágica a médio e longo prazo e é preciso que o gasto privado seja maior e que haja uma interação virtuosa na economia. ?É evidente que a queda da inflação facilita a redução dos juros, mas quem for esperar que só isso resolva, estamos perdidos. É preciso ter ação simultânea nas diferentes esferas. Dentro disso, a médio e longo prazos são essenciais. Três setores deverão ser os de ponta na economia: exportações, infraestrutura e energia?.
Mercosul
Sobre o Mercosul, Serra afirmou que é preciso procurar uma transição, avaliar impactos, analisar números e flexibilizar algumas regras, como, por exemplo, a resolução que determina que todos os países comecem juntos uma negociação com nações de fora do bloco. ?Podemos flexibilizar e deixar mais solto e depois carregar os parceiros. Com bom entendimento dá para tocar adiante. Não há nenhuma intenção de extermínio, muito pelo contrário?.
Projetos
Segundo o ministro das Relações Exteriores, há diversas ideias que não foram colocadas em prática e será preciso fazer um levantamento para reativar os projetos. Ele defendeu, ainda, uma maior dedicação com relação às fronteiras para evitar o contrabando de armas, mercadorias e o narcotráfico. ?Os governos sabem tudo, outra coisa é atuar consciente e permanentemente. Vamos aproximar os países também para resolver essas questões?.
O ministro disse, ainda, que é preciso melhorar as relações comerciais com o Chile, Argentina, África, Irã e principalmente a China. ?A China é nosso principal parceiro comercial e deve merecer tratamento especial, com uma área no ministério dedicada exclusivamente a eles. Os chineses sabem o que querem em uma negociação e nós temos que ter política consistente como se fossemos um bloco com a China?, acrescentou.
Serra ressaltou as mudanças institucionais aplicadas à Câmara de Comércio Exterior (Camex) e falou também da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), na área do Itamaraty. ?A vantagem é a de que o Itamaraty tem estrutura de comércio exterior em suas embaixadas. Vamos integrá-la ao trabalho que já faz o Itamaraty e isso vai evitar duplicação de estrutura e otimizar as atividades. São duas mudanças institucionais que abrirão caminho com empresários, que é quem exporta e, ao mesmo tempo, com a sociedade que quer emprego?.
Durante o encontro o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, Serra assinou documento para cooperação mútua na promoção e negociações para as exportações. Ficou estabelecido que o presidente do Conselho Superior de Relações Internacionais da Fiesp, Rubens Barbosa, será o intermediário entre Fiesp e o Itamaraty visando buscar agilidade nas demandas do setor da indústria com relação às exportações.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2016-06/serra-diz-empresarios-que-ha-fator-positivo-na-economiaFlávia Albuquerque - Repórter da Agência BrasilComentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.