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Itapira, 25 de Novembro de 2024
Notícia
01/04/2013 | Em solenidade inesquecível ESO recebe “Certidão de Nascimento”

Em 15 de março passado, a Escola Estadual Elvira Santos de Oliveira viveu uma noite memorável, quando recebeu solenemente das mãos da benemérita empresária Carmen Ruete de Oliveira, um importante documento, o qual seja, o original do decreto nº 10.709, de 21 de novembro de 1939, que criou o tão sonhado Ginásio do Estado de Itapira.

 
O dia escolhido – 15 de março – foi uma justa homenagem à data natalícia do empresário e benemérito itapirense Comendador Virgolino de Oliveira, que completaria 112 anos de existência. Quando foi comemorado o centenário de seu nascimento, o poeta Paulo Bomfim escreveu: “Sua existência foi um ato de semear. As sementes que deixou sobre a terra floresceram e hoje dão agasalho e labor. Seu coração transfigurou-se em caminhos e solidariedade e rumos de progresso. Foi um homem e hoje é uma lenda que Carmen e seus descendentes cultuam em sua Usina, onde o açúcar se transforma em amor”.
 
Esse documento histórico que nesta noite a ESO recebeu, representa o nascimento da primeira escola secundária oficial de nossa terra, vinda na hora certa para suprir uma verdadeira lacuna existente no ensino do nosso município, que naquela época contava apenas com o Grupo Escolar dr. Júlio Mesquita, criado pelo Governo do Estado no ano de 1900.
 
Para conseguir a vinda desse importante documento para Itapira, além do auxílio de pessoas ligadas ao ensino de nossa terra, também contou-se com o inestimável empenho junto às esferas governamentais, do professor Vinício Stein Campos, então diretor geral dos museus históricos e pedagógicos de São Paulo, pertencentes à Secretaria da Educação do Estado.
 
 
Fanfarra
Logo à entrada da escola, os convidados foram recepcionados pela excelente Fanfarra, composta por ex-alunos da Escola Estadual Elvira Santos de Oliveira, sendo muito aplaudida pelos visitantes.
Essa Fanfarra é uma tradição, e costuma participar de muitos eventos, não só em nossa cidade, como também em outros municípios. Parabéns!
 
Protocolo
A mesa principal daquele evento foi composta pelo diretor do ESO, prof. Edvaldo de Campos Scrame, ficando assim constituída: Vice-prefeito Antonio Eduardo Boretti, representando o prefeito José Natalino Paganini; Presidente da Câmara Municipal de Itapira, vereador Carlos Alberto Sartori; Josimeire Ricardo da Rosa – Supervisora de Ensino; Elin de Freitas Monte Claro Vasconcellos, Dirigente Regional de Ensino; Gilmara Gomes Barbosa – Supervisora  de Ensino da ESO; a benemérita itapirense Carmen Ruete de Oliveira e Plínio Magalhães da Cunha, ex-aluno da 1ª turma e Fundador do Museu Histórico de Itapira.
 
Ocuparam a Tribuna
Na oportunidade fizeram uso da palavra:
 
 
 
 
Discurso de Antonio Eduardo Boretti – Dado Boretti.
 
 
Na sexta feira passada foi comemorado o dia internacional da mulher, onde cada vez mais constatamos com muita alegria a participação cada vez maior em nossa sociedade das mulheres ocupando cargos de destaque nos setores público, privado e inclusive na política onde temos hoje em nosso país uma presidenta. Parabéns a todas aqui presentes. 
 
E antes de encerrar gostaria de dizer em especial à senhora Dona Carmem, 
 
Que as pessoas podem ser divididas em três grupos, ou seja: Aquelas que fazem as coisas acontecerem; Aquelas que olham as coisas acontecendo; e Aquelas que ficam se perguntando o que foi que aconteceu. 
 
Com certeza a senhora está classificada dentre aquelas que fizeram e continua fazendo as coisas acontecerem em nossa cidade e é justamente por esta razão e com muito orgulho, muita admiração e muito respeito, que agradecemos por tudo aquilo de positivo que a senhora realizou e vem realizando para o crescimento e o desenvolvimento de nossa cidade tornando-a cada vez mais justa, mais humana e mais feliz. 
 
Obrigado a todos pela atenção e tenham um excelente final de semana.
 
 
 
 
Discurso do Sr. Plínio Magalhães da Cunha
 
 
 
A nossa querida Escola Estadual “Elvira Santos de Oliveira” está em festa nesta noite memorável, porque recebe um documento histórico de suma importância, documento que se refere à criação do nosso saudoso Ginásio do Estado de Itapira, criado por decreto de 21 de novembro de 1939.
 
Esse documento representa como se fosse uma certidão de nascimento da primeira escola secundária oficial de nossa terra, documento trazido para Itapira, graças ao prestígio e interesse do emérito professor Vinício Stein Campos, então diretor geral da rede de Museus Históricos e Pedagógicos de São Paulo, pertencentes à Secretaria da Educação do Estado.
 
O motivo primordial dessa lembrança, desse gesto do professor Vinício, foi quando teve a oportunidade de participar da solenidade cívica apresentada em 1977, neste mesmo local onde nós nos encontramos nesta noite, quando do encerramento da Semana da Pátria, ocasião em que foram premiados os melhores trabalhos realizados pelos alunos desta escola, em coordenação com o Museu Histórico e Pedagógico “Comendador Virgolino de Oliveira. Esse acontecimento refletiu até fora de Itapira, o que motivou a Divisão de Museus a receber um honroso diploma de mérito cívico, concedido pelo então comandante do II Exército, General Dilermando Gomes Monteiro, galardão que muito nos honrou.
 
Diante desse acontecimento auspicioso, o professor Vinício Stein propôs que o original do decreto de criação do Ginásio do estado de Itapira fosse doado a esta escola, a fim de fazer parte integrante de seu acervo histórico.
 
Para a entrega desse documento foi escolhida a benemérita itapirense dona Carmen Ruete de Oliveira, cuja entrega será feita “in memoriam” a duas personalidades importantes de nossa terra, que encabeçaram o movimento visando à criação do Ginásio do Estado de Itapira – Prefeito Caetano Munhoz e Comendador Virgolino de Oliveira.
 
Neste contexto, também acrescentamos por justiça, a preciosa contribuição do povo de nossa terra, através de doações no “Livro de Ouro”; das expressivas doações das indústrias locais, da Sociedade Beneficente Operária, da Sociedade Italiana que doou sua sede social em prol da escola. Do Capitão Adolfo de Araújo Cintra, que cedeu o prédio de sua propriedade – onde hoje está a Prefeitura Municipal – que foi ocupado pelo Ginásio do Estado, ali funcionando de 1940 a 1952, quando passou a ocupar o seu prédio próprio na Praça Mogi Mirim.
 
Foi realmente um movimento digno de ser imitado, movimento que até hoje ecoa na memória dos jovens ávidos em freqüentar uma escola oficial de segundo grau em nossa cidade, com os quais eu também tive a honra de fazer parte.
 
 
 
 
Discurso de dona Carmen Ruete de Oliveira
 
 
               
 A década dos anos 30, do século passado, caracterizou-se por profundas transformações sociais, não só no Brasil, como em todo mundo civilizado da época.
 
                Os canhões passaram a trovejar nos céus da Europa, dando início à conflagração, que praticamente arrastou para o combate todos os povos da face da terra.
 
                 O fruto de gerações e gerações, que consumiram suas vidas para construir uma civilização brilhante, era reduzido às cinzas, pela vontade de um louco despótico, que se julgava um deus onipotente.
 
                Profundas transformações modificaram a geografia dos povos da Europa e também de outros continentes, surgindo novas nações e desaparecendo outras.
 
                Longe do conflito, o Brasil marcava passo sob ditadura de Getúlio Vargas, sendo conhecido como um país desprovido de estrutura, sem indústrias ou fábricas, sem vontade de crescer, acomodado à vontade pessoal de um ditador. Sua população mantinha-se indiferente às transformações sociais, que se operavam em outros países do mundo civilizado, mergulhados em uma batalha contra a barbárie, que teimava em imperar.
 
                No entanto, em um minúsculo microcosmos, incrustado nas dobras da Mantiqueira, havia uma pequena cidade a ser uma exceção da regra, em que seus habitantes teimavam em sonhar, não desistindo de tornar realidade muitos de seus sonhos.
 
                Comandados por um jornalista culto e brilhante, que pela sua comprovada visão administrativa, ocupava o cargo de Prefeito Municipal, a nossa querida Itapira procurava fugir ao marasmo que caracterizava as comunidades do interior do país, revelando inquietude e propondo-se a dar um porvir nobre e realizador para seus filhos, levando-os, nos bancos escolares, a desvendar, não só os segredos do ABC ou das quatro operações aritméticas, como também oferecer uma educação aprimorada, robustecendo-os para os embates da vida e descortinando-lhes os cenários de uma abalizada cultura.
 
                Era o Prefeito Caetano Munhoz um sonhador e assim se revelava em seus discursos e pronunciamentos políticos. Devotado ao sublime encargo de criar novas expectativas para sua cidade, sonhou em instalar, para os jovens estudantes de sua terra, um estabelecimento de ensino secundário, para onde iria se locomover a juventude itapirense, após perlustrar os bancos escolares de ensinança primária.
 
                E se, assim sonhou, melhor fez. Dirigiu-se a São Paulo, em busca da realização de seus sonhos e repetindo a figura do cavaleiro andante, de que nos fala Cervantes em seu Dom Quixote, adentrou resoluto aos umbrais da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, para uma audiência, previamente marcada com o ilustre educador paulista, professor Álvaro Guião, à época Secretário Estadual da Educação, que o privilegiava com a sua amizade.
 
                Caetano, além de conhecido por sua convincente dialética, argumentou com repetida ênfase ao Secretário, que, na região, não havia ainda um Ginásio do Estado para os estudantes darem prosseguimento à sua formação educacional e, assim, a base de argumentos, não lhe custou muito convencer o amigo a autorizar, em 21 de novembro de 1939, a criação do Ginásio do Estado em nossa cidade, privilégio de que, até então, não desfrutavam as cidades vizinhas de Moji Mirim, Moji Guaçu, Amparo, Pinhal, e outras mais da região.
 
                A época, o Governador do Estado era o Dr. Adhemar de Barros, que exercia o cargo por delegação do Governo Federal.
                Estando ausente, por viagem ao exterior, assim que regressou, fez ver ao professor Álvaro Guião, a impossibilidade de concretização do sonho itapirense, por falta de verba específica, a ser consignada no orçamento do Estado, comunicando que teria que tornar sem efeito o decreto e, portanto, o sonho almejado de toda a nossa população.
 
                Foi nesse instante, que mais uma vez se fez presente a galhardia e a nunca desmentida raça da gente itapirense: sua população se uniu em abaixo assinado, reunindo fundos para o pagamento dos professores, dos funcionários e, imediatamente procurou-se um prédio que, provisoriamente, abrigasse os estudantes, entusiasmados com a possibilidade de dar prosseguimento aos estudos, sem deixar sua terra natal.
 
                Mais uma vez, a tenacidade e os esforços de nossa população se faziam presentes, e no dia primeiro de março do ano seguinte, (1940), para gáudio de nossa população, o sonho se transformava em realidade.
 
                Uma nuvem, porém, surgiu no horizonte, a toldar a alegria daquela gente sonhadora: antes de finalizar o semestre, os recursos arrecadados, em subscrição popular, esgotaram-se e o Governo do Estado, novamente, comunicou ao Prefeito Municipal que a nova escola teria que encerrar suas atividades.
 
                Angustiado, Caetano esmoreceu sem saber como contornar tão inesperado e desagradável acontecimento. Já se dispunha a aceitar que seu esforço malograra, quando lembrou-se de um itapirense, homem simples e discreto, devotado ao trabalho e apaixonado por sua gente, sempre pronto a participar dos grandes momentos vividos por sua cidade.  
 
                E a população, comovida e esperançosa, acompanhou Caetano em sua visita aos escritórios da Usina Nossa Senhora Aparecida, onde o genial filho de Itapira, o Comendador Virgolino de Oliveira comandava seus negócios de açúcar e álcool, com o cérebro voltado para novas realizações e o coração sempre pronto para dar realidade ao sonhos da tradicional gente itapirense.
 
                Virgolino, que também ficou conhecido pela elegância e fino trato que dispensava aos seus visitantes, diante da oportunidade de mais uma vez servir a sua terra e especialmente a mocidade estudantil, em que ele depositava as melhores esperanças de um futuro risonho para sua Itapira, não titubeou ao responder: Senhor Prefeito, pago todas as despesas necessárias dos professores e funcionários do Ginásio do Estado. Se depender de mim, a mocidade estudiosa de minha terra terá um Ginásio para dar prosseguimento aos seus estudos que é a maior aspiração que um jovem itapirense possa ter.
 
                E, então, outra festa começou.  Mensalmente, professores e funcionários do Ginásio dirigiam-se até a residência de Virgolino, na Usina, para receber seus vencimentos, entre almoços e festivas reuniões lembrados até hoje.
 
                Era a afetividade, a simpatia contagiante, a alegria incontida de meu marido por mais uma vez poder servir à sua gente e a mocidade estudantil de nossa terra.
 
 
 
 
Depoimento do Prof. Sr. Orlando Dini
 
“HOMENAGEM PÓSTUMA AO SAUDOSO BENEMÉRITO COM. VIRGOLINO DE OLIVEIRA”
 
Como aluno da 1ª turma do inesquecível Ginásio do Estado de Itapira, criado por Decreto publicado no dia 21 de novembro de 1939, cumpro, embora tardiamente, com o meu indeclinável dever de tributar minha gratidão às autoridades a meu querido povo, que conseguiram concretizar esse sonho há muito tempo acalentado pelos jovens da cidade: O Ginásio.
 
Assim, centenas de adolescentes e jovens itapirenses, conseguiram prosseguir seus estudos que até então terminavam com a conclusão do Curso Primário no glorioso Grupo Escolar “Dr. Júlio Mesquita”, única escola oficial de nossa cidade.
 
Poucos, muito poucos, conseguiam na época, continuar seus estudos em Campinas (não havia ginásio nas cidades circunvizinhas). No Atheneu Paulista, no Cesário Motta e no Diocesano, em regime de interno, a maioria absoluta não tinha condições de continuar seus estudos.
 
Foi imposta uma condição pelo interventor (governador) do Estado de São Paulo, Dr. Adhemar de Barros: a instalação e a manutenção do Ginásio, por um ano, deveriam ficar a cargo da cidade.
 
Contribuições em “Livro de Ouro”, festivais, quermesses, campanhas, etc; foram realizadas para angariar os recursos necessários para o funcionamento do Ginásio.
 
A Sociedade Italiana doou todo o seu patrimônio à campanha; o capitão Adolfo Cintra cedeu o prédio onde funcionava a Casa de Saúde, situado na rua João de Moraes nº 490 (onde hoje está instalada grande parte da Prefeitura Municipal), que após as reformas necessárias, possibilitou a instalação da Escola.
 
Quando se exauriram os recursos e era iminente a paralisação do funcionamento do Ginásio, o nosso querido e inesquecível cidadão Virgolino de Oliveira custeou todas as despesas decorrentes do funcionamento do Ginásio, até que o Governo do Estado, vencido o prazo pré-estabelecido, assumiu o estabelecimento em definitivo.
 
Qualquer homenagem que tenha sido tributada ao ilustre e saudoso Com. Virgolino de Oliveira (de: busto, nome de rua, avenida, Rodovia, Escola, placas comemorativas a eventos em clubes e associações, tec) não condiz com a magnitude, a generosidade, o amor a Itapira do emérito, preclaro e querido comendador.
 
Ao saudoso comendador, minhas homenagens, meu reconhecimento e minha imorredoura gratidão.
 
(Esse depoimento foi colhido em 2001 na época das comemorações do Centenário do com. Virgolino)  
 
 
 
 
 
 
 
 

 

Fonte: Da Redação do PCI

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