A greve dos funcionários das companhias distribuidoras de gás iniciada na segunda-feira, dia 05, em Paulínia, já causa enorme transtornos em toda a região. Aqui em Itapira, segundo representantes destas companhias distribuidoras o problema mais sério refere-se à demanda de algumas empresas que já sofrem prejuízos com a interrupção do fornecimento.
Conforme apurou A Cidade, algumas empresas sentem o problema de forma mais dramática. É o caso da Fábrica de Papel e Papelão Nossa Senhora da Penha que utiliza um volume muito grande de empilhadeiras. A quantidade diária da empresa gira em torno de 80 botijões de 20 kg. Como resultado do desabastecimento a empresa se determinou a conversão de um lote de empilhadeiras para rodar a gasolina.
Antonio Maurício Gonçalves da Aurélio Gás, a mais tradicional empresa distribuidora de Itapira e que opera com a bandeira Supergasbras estava apreensivo. “Paulínia parando para também mais da metade do fornecimento de todo estado de São Paulo”, avaliou. A companhia, segundo informou, estava na quinta-feira tentando contornar a situação mandando buscar gás em unidades distantes, como Curitiba, no Paraná. “O consumo doméstico até que ainda não foi afetado porque o estoque é bom, mas o consumo industrial e comercial está comprometido. Tenho recebido pedidos de pessoas que normalmente não compram da gente, mas infelizmente nosso estoque não permite um atendimento mais amplo, estamos procurando primeiro atender nossos clientes”, observou.
O maior problema segundo Maurício é a reação da população diante do noticiário da greve. “Foi um absurdo o número de telefonemas que recebemos de pessoas querendo saber se vai faltar o gás de cozinha. A população se desespera diante do noticiário. Em condições normais tenho a impressão de que nosso estoque atual oferece segurança contra a possibilidade de desabastecimento do gás doméstico. Mas se a população não colaborar isso pode mudar”, advertiu.
Pensamento parecido tem Paulo Roberto Barbosa, da Scorpions, distribuidor Liquigás. Ele disse que já enfrenta problemas para atender a clientela que consome cilindros de 20 e 40 quilos, mas que no tocante ao gás doméstico “se não houver nada de anormal” segura as pontas por um bom período. Ele pede que os meios de comunicação chamem a atenção do consumidor para este aspecto. “É preciso deixar claro que um comportamento fora do padrão vai provocar problemas de abastecimento”, asseverou.
Pessimista
Outro distribuidor, Luiz Henrique Calil da Peru Gás, que opera com a bandeira Ultragás , mostrou-se mais cético. Ele conta que a última remessa recebida uma semana atrás , de gás doméstico e também aquele voltado para o comércio e a indústria praticamente desapareceu e que aguardava para este sábado a chegada de um outro carregamento “provavelmente com uma quantidade muito menor” do que costuma receber. “Corro risco inclusive de não receber gás nenhum”, contou. Ele avalia que na medida em que a greve prosseguir, os estoques, inclusive do gás doméstico, estarão comprometidos. “Infelizmente a realidade mostra que se o impasse persistir, teremos sim problema de abastecimento já a partir desta próxima semana”, advertiu.
Distribuidores acusam grevistas de radicalismo
Em nota distribuída a organismos de imprensa, o Sindicato que representa as empresas distribuidores acusa o sindicato dos empregados de adotar uma postura radical, rejeitando acordos feitos em outros estados. Veja na íntegra a nota:
Maurício do Aurélio Gás: Situação complicada
Luiz Henrique da Peru Gás: desabastecimento à vista