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Itapira, 28 de Setembro de 2024
Notícia
23/02/2012 | Fernando Gasparini: Um jogo de xadrez macabro

Pessoas que gostam de ‘surfar’ pela internet atrás destas páginas que fazem projeções sobre o fim do mundo ( e não são poucas) não devem ter deixado de perceber que na maioria deles (veja por exemplo http://www.acidentesdesastres.com ) têm aparecido com maior intensidade notícias falando das divergências entre Israel e Irã. Sem dúvida que o assunto traz carregado no seu bojo uma carga muito elevada de mau  presságio se observarmos que mesmo dentro da chamada ‘imprensa séria’  o assunto vem ganhando uma centimetragem cada dia mais crescente na editoria   internacional da maioria dos jornais de maior circulação.

Desde o final do segundo semestre do ano passado que  estes mesmo jornais vem abordando como sendo verdadeira a possibilidade de Israel desfechar um ataque militar ao território iraniano.As últimas assertivas dão conta de que a ação militar ocorrerá até junho deste ano. São quatro alvos prioritários, o reator de água pesada de Arak, a usina  de refino de Isfahan  e as usinas de enriquecimento de urânio em Natanz e Fordo. Esta última, segundo relatos das agências noticiosas especializadas neste tipo de abordagem seria uma fortaleza   encravada a 90 metros de profundidade na base  de uma montanha localizada perto da cidade sagrada de Qom.

 
É a entrada em operação desta Usina que estaria  acelerando a pretensão de Israel em desfechar o ataque.Os iranianos tem feito propaganda de que já conseguem enriquecer urânio a 20%, mais do que suficiente para abastecer reatores para uso civis, que exigem taxa de enriquecimento de 3% a 5%. Para se chegar ao estágio de uso militar para a confecção de um artefato nuclear o enriquecimento teria que alcançar índices acima de 90%.
 
É aí que reside toda inquietação de Israel, cujo receio de que uma Nação confessamente inimiga possa ter uma arma de destruição em massa que  possa ser usada contra seu território, torna esta questão tão delicada. Em outubro de 2005 , o então e atual presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad,  numa conferência antisionista , teria afirmado que seu desejo era o de varrer Israel do mapa. Coincidência, ou não, desde este período as peripécias nucleares do Irã vêm ganhando as manchetes. 
 
Por causa dos últimos acontecimentos a disputa tem colocado à baila um termo que andava meio em desuso na diplomacia internacional,  a chamada zona de imunidade.  Basicamente, este conceito implica na aceitação da i déia de que se meu inimigo atingir um estágio de fortalecimento do seu poderio militar do qual eu não possa fazer frente futuramente, tenho que detê-lo antes que ele obtenha esta , digamos ‘vantagem competitiva (  um lugar comum muito explorado no mundo dos negócios e não propriamente no  linguajar de uso militar). Ou seja, antes que o Irã consiga chegar à construção de sua bomba atômica, o mais sensato é destruir suas instalações de pesquisa.
 
A Usina de Fordo, por suas características, seria um obstáculo quase que impossível de ser atingido. Somente os Estados Unidos teriam tal capacidade militar , por conta de  sua famosa bomba desenvolvida para penetrar em instalações subterrâneas, conhecida pela sigla MOP (Massive Ordenance Penetratro, em inglês) , a qual,a qual, seria atualmente o artefato convencional mais avançado dos Estados Unidos desenvolvido para  atingir e destruir as mais fortificadas instalações nucleares .   Pouco crível que Israel, que tem nos Estados Unidos um aliado de primeira hora e que sabidamente adquire  deste país boa parte de seu armamento, não tenha algo parecido em seu arsenal.  Apesar disso,há quem acredite  que em Fordo esta arma seria inútil dada a profundidade em que estão localizadas as instalações E a entrada em operação desta Usina seria na opinião das autoridades israelenses o ponto sem volta que eles tanto temem.
 
Voltando à configuração atual do jogo  de sombras travado pelos dois países, alguns lances que  se assemelham aos mais imaginativos roteiros de filmes de espionagem chamara atenção neste ano. Em  10 de janeiro o cientista iraniano  Mostafa Ahmadi  Roshan , foi morto em Teerã  num atentado a bomba. Foi o quarto cientista morto em  dois anos. No dia 14 de fevereiro diplomatas israelenses foram alvo de atentado em Nova Deli  na Índia  e em Tiblisi, na Geórgia, país satélite da Rússia. Um dia depois um outro atentado parecido teria sido abortado em Bancoc, capital da Tailândia. Muitas pessoas ao redor do mundo  enxergam nas ações que vitimaram os cientistas iranianos  as digitais do Mossad, o temível serviço secreto israelense, da mesma forma que os incidentes na  Ásia sinalizam com a participação iraniana, e ou, de seus aliados como o grupo palestino Hezbolah – uma evidente represália às mortes dos cientistas.
 
Gato e Rato
 
Enquanto a tensão aumenta e o Irã faz repetidos gestos de desafios ao ocidente, Israel move uma campanha sem tréguas no campo diplomático  – contando com apoio dos Estados Unidos -  para exigir das Nações Unidas e de países aliados punições contra o Irã.  Se no âmbito das Nações Unidas tais escaramuças são freadas pela posição de duas Nações que mantém com o Irã relações diplomáticas e comerciais mais sólidas, a Rússia e a China, numa outra frente importante vem alcançando resultados satisfatórios. Em janeiro a União Européia acatou pedido dos Estados Unidos para impor um embargo do petróleo iraniano. Países do bloco estariam deixando de comprar algo em torno de 300 mil barris de petróleo iraniano por dia. Aparentemente este jogo de gato e rato tem produzido reações. Fala-se que às vésperas de uma eleição parlamentar – marcada para ocorrer no  final do  próximo mês – o regime  iraniano enfrenta dificuldades para manter a inflação sob controle  e há sinais de que parte da população começa a fazer provisões de gêneros de primeira necessidade.
 
Este fato, mais o recuo das autoridades iranianas em permitir que técnicos da Agência Internacional d e Energia Atômica (AIEA) , em visita ao país desde o dia 20 passado para maiores esclarecimentos do programa nuclear iraniano ( o regime de Teerã que é signatário do acordo de não proliferação de armas nucleares insiste em dizer que seu programa nuclear tem fins pacíficos),  pelo menos num primeiro momento preferem que as tratativas sejam conduzidas no terreno diplomático, isolando Israel. As inspeções da AIEA como de outras vezes, deverão resultar em fracasso por causa da negativa do Irã em permitir acesso a algumas instalações secretas. Mas servem para oferecer um viés de ‘diálogo’ que muito interessa ao Irão neste momento.
 
E com o que estaria se preocupando as autoridades de Jerusalém neste momento?  Com as chamadas  operações secretas. Em outras palavras examinando detalhadamente cada detalhe de um plano de ataque ao Irã, que implica na superação de vários problemas, principalmente de natureza logística, como por exemplo, driblar as defesas antiaéreas  iranianas a mais de dois mil quilômetros de distância, burlar seu sistema de radares e , principalmente, local para abastecer seus caças F – 151 e F 161, algo que evidentemente pode ser feito em pleno vôo , mas operação esta que também envolve riscos calculados. Os grandes aviões KC- 707 (  todos made in EUA) usados neste tipo de operação  são alvos apetitosos para a defesa antiaérea.
 
Implicações
 
Só por conta destes movimentos que por hora se concentram nas esferas diplomáticas e da inteligência o preço do barril do petróleo chegou no início da última semana a U$ 121. Há quem afirme que a partir do primeiro tiro, no caso de uma conflagração bélica, o preço do barril passará  dos U$ 200,00. Num cenário destes, nós brasileiros, aqui do outro lado do mundo sem nada a ver com esta história, já estaríamos arcando com um aumento no preço dos derivados de petróleo do tipo pagar R$ 5,00 por um litro de gasolina. Nunca é demais lembrar que por conta da política de combate à inflação o governo vem mantendo – às custas da depreciação do valor de face das ações da Petrobrás -  artificialmente reprimidos os preços da gasolina e do óleo diesel . Falta só um ‘empurrãzinho’ lá de fora para que esta estratégia vá literalmente para o espaço e tenhamos que arcar com suas implicações ( as mais visíveis num primeiro  momento já que outros efeitos colaterais advindos de um conflito de tamanha  complexidade fatalmente surgirão no seu bojo) como o inevitável  aumento do custo de vida, lembrando por exemplo que o custo do petróleo incide em diversos outros nichos de mercado que não propriamente dos combustíveis – resinas, plásticos e até defensivos agrícolas.
 
Ademais,  uma ação militar deste porte pode abrir a caixa de Pandora ( artefato da mitologia Grega que escondia todos os males do mundo), aliás, como a própria história tem sido pródiga em demonstrar. A Primeira Guerra Mundial ( 1914-1918) começou com a decisão da Alemanha em invadir a , França e a Bélgica, aliadas da Rússia, porque os alemães temiam que a Rússia , arquiinimiga, estivesse adquirindo grande poderio militar que em determinado momento seria impossível de dissuadi-lo. Melhor atacar enquanto estivesse mais forte. O resultado foi uma carnificina impressionante para até mesmo os severos padrões de povos historicamente envolvidos em sangrentos conflitos e que resultou na supressão de cerca de 37 milhões de almas. Mais recentemente teve a guerra do Iraque onde ‘falcões’ da política americana apregoavam que o regime do então ditador Sadam Hussein deveria ser destruído sob pena dele usar ‘armas de destruição em massa’ ( as quais, como foi revelado mais tarde , jamais existiram) contra alvos americanos.
 
Num ano em que muita gente espera ansiosamente a chegada de 21 de dezembro para saber se o povo Maia sabia o que estava dizendo ao prever que nesta data o mundo tal como o conhecemos hoje irá acabar, o que a gente menos desejaria é ver o oriente médio incendiado por uma guerra que envolve desconfianças nucleares de ambos os lados. Não custa nada lembrar que Israel é um dos  oito países que sabiamente contam com arsenal atômico ao lado dos EUA, Rússia, França, Grã Bretanha, China, Índia , Paquistão e Coréia do Norte.
 
Os iranianos, embora ninguém ainda acredite que possam ter tido tempo suficiente para chegar a uma arma nuclear como aquelas que freqüentam os arsenais destes ditos países ‘nuclearizados’ , podem  perfeitamente, pelo estágio que têm propagandeado mundo afora em que se encontram suas pesquisas desta área,  já ter tido acesso a algum artefato ‘sujo’, sem o mesmo poder de destruição, mas ainda sim capaz de provocar estragos apocalípticos em Israel , ou outros alvos escolhidos a dedo. Não faz muito tempo os iraniamos testaram com sucesso o lançamento de mísseis intercontinentais que podem atingir Israel.
 
E,  para coroar este cabedal de notícias inquietantes, forças reacionárias daquilo que existe de pior em termos de fanatismo e antisemitismo  como o  site conservador Alef, que tem ligações com o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei ( aquele que de fato detém o poder no Irã) , propagam mensagens  de  que  em caso de  um conflito armado esta seria uma  oportunidade que  não deve ser perdida para remover “essa substância que estraga tudo” numa referência a Israel, conclamando fanáticos mulçumanos a cerrar fileiras junto ao povo iraniano para atacar alvos de Israel e aliados ao redor do mundo.” É uma justificativa jurisprudencial matar todos os judeus e aniquilar Israel, e nesse ponto, o governo islâmico do Irã deve assumir a liderança”( apanhei estas informações no site www.expressaointimidade.com.br).  A observar pelos ânimos cada vez  mais exaltados, estamos diante de um fato que , de repente, pode vir a causar sérios problemas para toda conjuntura mundial, abalando negócios, trazendo novas incertezas e que certamente irão contribuir para que os problemas que hoje se apresentam como desafios de complexa e difícil solução ( como a crise na zona do Euro)  se tornem ainda mais dramáticos. É bom estarmos em estado permanente de atenção, pois o assunto  promete.
Fonte: Fernando Gasparini

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