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10/10/2012 | Flávio Eduardo Mazetto: Notas sobre eleição 2012
Algumas reflexões em forma de tópicos sobre as eleições municipais. O foco é a nossa cidade, no entanto, precisamos antes fazer algumas considerações mais gerais. Nos próximos tópicos iniamos a análise do processo eleitorial e político na cidade.
- Existe uma apatia politica generalizada da população em geral (expressa em votos brancos, nulos e abstenções), ou seja, um descrédito do sistema politico para resolver os problemas da população. Deve-se salientar que tal apatia não se explica pelo simples desinteresse da população em relação à política, mas pela percepção geral de que ela não resolve seus problemas, sendo apenas uma forma de trocar quem manda. Para a teoria politica se trata de um expediente estratégico das classes dominantes, pois beneficia sua lógica social, mantendo seu poder a despeito das mudanças nos personagens que gerem os recursos públicos. Esta constatação não é clara para a população: as classes dominantes continuam se beneficiando dos recursos e políticas públicas, muito mais que os trabalhadores. Isto é percebido pela população, por causa da própria propaganda midiática, como caso de corrupção e não como processo político.
- Diante disto toma-se uma atitude pragmática (utilidade): votar em personagem que possibilite uma compensação, mesmo que mínima, e às vezes, mesmo que apenas no momento eleitoral ou, então, apenas como forma de dizer que votou em quem venceu.
- Entre em cena a eleição como venda de um produto: marketing eleitoral que expurga totalmente uma proposta ou projeto de sociedade. Vendem-se ilusões bem embaladas e empacotadas
- No fundo, a população percebe que o Estado funciona nos interesses das classes dominantes, mas não tematiza (não tem instrumentos analíticos que não lhe são oferecidos pela educação sem rumo nas escolas – insiste em dizer que a população deve se preparar para um trabalho que ela sabe que não vai ter – e pelas esquerdas que estão encasteladas ou desiludidas – se cooptadas nem eram ou deixaram de ser esquerda) e dirige seu voto de forma pragmática (utilidade) e como resposta a uma propaganda.
- Este é o problema de fundo: o estado burguês atende os interesses da classe dominante e sob o capitalismo a maioria dos problemas sociais não serão resolvidos a favor dos trabalhadores.
- Vota-se, então, numa possibilidade de remediar a situação (utilidade/pragmatismo). O que eu vou ganhar com esta eleição visto que os candidatos são todos a mesma coisa? Percepção correta da população. Todavia, a propaganda impede uma reação revolucionária e os partidos de esquerda não tem folego (pelo menos ainda, pois lhes falta também a radicalidade necessária) para impostar tal alternativa.
Flavio Eduardo Mazetto (professor e cientista político - [email protected])
Fonte: Flávio Eduardo Mazetto
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