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Itapira, 17 de Janeiro de 2025
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05/01/2012 | Flávio Eduardo Mazetto: Representação de quais interesses? (2)

A guerra do Iraque não era aprovada pela população dos EUA. O resgate bilionário de bancos e corretoras não era o desejo dos estadunidenses. O povo da Grécia, e de outros países da Europa, não desejavam o pacote de arrocho fiscal que vai sufocar ainda mais sua vida cotidiana. A mudança no sistema previdenciário brasileiro sofreu inusitada rejeição por parte dos trabalhadores. A elevação dos juros pelo Banco Central Brasileiro não é aprovada pela nação. Houve protestos acumulados contra a aprovação do código florestal em vista do prejuízo para com a natureza. Vai me dizer que alguém é contra o aumento para os aposentados e a respeito de um salário mínimo maior. Poderia listar outras discordâncias entre representantes e representados, mas estas já bastam. O que aconteceu: tudo isto foi implantando em oposição notória ao desejo e voto dos povos e nações.

No entanto, não sejamos desavisados. Estas decisões fazem dos representantes eleitos representarem alguém. Nestes casos, como em outros, não foram os trabalhadores representados, nem a população em geral. Mas alguém teve seus interesses beneficiados. E não se trata de agirem em beneficio próprio, como se a corrupção guiasse a vida dos políticos. Não! Trata-se de entender a forma de funcionamento do próprio Estado onde os representantes agem e tomam suas decisões.

E não me venham dizer que a população não tem conhecimento adequado de orçamento, de política fiscal e sobre contabilidade nacional ou relações internacionais para tomar alguma decisão mais macro, pois quando dizemos isto estamos sendo mais elitistas que Schumpeter e desconsiderando clamorosamente o conhecimento popular. O povo, os trabalhadores deveriam decidir os destinos da nação e não apenas produzirem as riquezas da mesma. No entanto, os efeitos do Estado burguês impede que os representantes elaborem políticas que tenham como destinatários fundamentais a classe oprimido, visto que a lógica do Estado é a própria manutenção da dominação capitalista. Repito, não se trata de um defeito, mas da perspectiva que comanda a estrutura do Estado sob relações de produção hierarquizadas em classes sociais, como é o caso do capitalismo. 

Os representantes, mesmo eleitos por todo o povo, fazem políticas que não replicam as necessidades dos mais pobres, dos trabalhadores, das classes oprimidas. Eles operam sua representatividade na ordem da razão do Estado, devendo sustentar sua reprodução. Assim, os representantes gregos poderiam enfrentar a classe dos banqueiros, tomando medidas políticas contra a lógica financista que oprime os povos. No entanto, existe um tipo de blindagem que obstaculiza tal procedimento. Apenas uma ruptura efetiva com a lógica capitalista, trazendo inclusive mudanças significativas na ordem de representação, senão o seu fim, poderia efetivamente fazer valer os interesses da população oprimida pela classe dominante. (continua)

 

Flavio Eduardo Mazetto (cientista político e professor) [email protected]

 

Fonte: Flávio Eduardo Mazetto

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