Exposição no Museu de Arte do Rio mostra trabalhos de fotógrafos surdos inseridos no mercado de trabalho
A fotografia como instrumento de inclusão social e alfabetização visual em comunidades populares é o tema do 9º Encontro sobre Inclusão Visual, que começou hoje (16) no Museu de Arte do Rio (MAR). O objetivo do evento, que vai até o dia 18, é proporcionar troca de experiências entre diversos projetos que trabalham com o tema.
Segundo a coordenadora executiva do encontro, Marcella Marer, este ano vai ser debatida a inclusão dos fotógrafos que passaram por esse tipo de projeto no mercado de trabalho.
?O FotoLibras está com uma exposição aqui no MAR, já formou diversos fotógrafos surdos, que hoje trabalham com fotografia. Hoje eles estão aqui, fazendo uma exposição, vendendo fotos, e vão fazer a visita guiada. Esses jovens protagonistas, a princípio não teriam acesso à produção fotográfica. Então, a partir de um curso que quis incluí-los visualmente, conseguiram formar um coletivo e hoje trabalham. Isso é um exemplo concreto de uma inclusão visual?.
Amanhã, serão apresentados os trabalhos dos grupos de inclusão social. Na na quinta-feira, haverá um laboratório sobre a desconstrução do olhar e um debate sobre a inclusão de novos fotógrafos no mercado de trabalho. Também será feita uma visita guiada à exposição Por Contato, promovida pelo FotoLibras, projeto que oferece cursos de fotografia para surdos.
Na palestra de hoje, a fotógrafa espanhola Cristina de Middel abordou a relação ambígua entre a fotografia e a realidade. Conhecida pelo trabalho autoral, como a série The Afronauts, atualmente ela está produzindo a sárie Sharkification, sobre as favelas do Rio de Janeiro.
?O trabalho explica a dinâmica das favelas do ponto de vista submarino, como a luta contra o tubarão. Como sou de fora da favela, e estou entrando em um lugar que é considerado perigoso, também é como prender o fôlego para encarar esse submundo, de subcidadãos, que não têm os mesmos direitos que todo mundo. É a minha visão baseada no desconhecimento?.
A previsão é que Sharkification seja apresentado no Paris Photo, em novembro. Sobre a inclusão social, Cristina destaca que uma fotografia sozinha não é capaz de mudar uma realidade, mas leva ao debate sobre o que precisa melhorar.
?O que eu posso fazer é reabrir o debate, pretender que o debate ? que já está um pouco travado nas mesmas opiniões ? seja visto e abordado de outra maneira. E que as pessoas voltem a refletir para melhor se encontrar uma solução que melhore a vida das pessoas. A minha intenção é que as pessoas reflitam um pouco mais, e não que repitam mecanicamente todas as imagens que vem desses núcleos de informação e de atualidade, que podem ser as favelas ou alguns bairros da África?.
A primeira edição do Encontro sobre Inclusão Visual ocorreu em 2004 e o evento já faz parte da programação oficial do FotoRio - Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro. A oitava edição do FotoRio vai até agosto e homenageia os 450 anos da cidade com 65 exposições, projeções, palestras, debates, cursos e encontros em 35 museus, centros culturais galerias e espaços alternativos.
Editor Maria Claudia http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-06/fotografia-como-instrumento-de-inclusao-social-e-tema-de-encontro Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.