Ontem, 28, no Clube de Campo Santa Fé foi realizada mais uma edição do Grito de Carnaval patrocinado pela Casa das Artes desde 2004. Em cima do palco um desfile de músicos que são autênticas feras naquilo que fazem. Entre eles vários “decanos” do carnaval local, como é o professor Natal Pierossi, 68 anos de idade e mais de 50 de folia.
Natal não tem dúvida em afirmar que o Grito salvou o autêntico carnaval da extinção em Itapira. Entre outras façanhas, Natal ajudou a fundar a Banda do Nheco e deu a maior força para reedição do Grito. Em sua avaliação, a partir do momento em que a mídia deslocou o foco do carnaval do Rio de Janeiro para Salvador, o carnaval de salão como existia antes foi ferido de morte. “O ritmo passou a ser outro. Enquanto antigamente no salão as pessoas circulavam, com o advento do axé as pessoas ficam estáticas. Houve sem dúvida um choque de gerações”, considera.
Na medida em que o Grito passou a ganhar popularidade e a lotar o salão, trouxe um novo ânimo aos próprios idealizadores. O regente e músico Cesar Lupinacci, que ainda bem mocinho se integrou à idéia, diz que a maioria começou permanece até hoje. “ Quando começamos a ideia era resgatar o grito de carnaval propriamente dito, aquele que era conhecido como o ‘baile do branco’, muito tradicional no Clube XV de Novembro”, relembra.
Natal por sua vez conta que depois de duas edições no Clube XV, o Grito acabou sendo levado para o Clube da Saudade, onde não vingou. “Mas a ideia tinha vingado a ponto do Santa Fé nos ter proposto levar sua realização para lá e está lá até hoje”, comentou. O folião Natal considera ainda que uma nova geração está aprendendo a curtir um carnaval “mais saudável” e ainda acredita que isso pode criar um hábito para que marchinhas e sambas enredo possam ser resgatados. Apesar disso, diz que de caso pensado, quando vai se aproximando o final do baile, a banda toca muito axé. “Acontece que os mais velhos já estão indo embora e a gente tem que fazer uma média com o público mais jovem”, admite.