No único debate antes do segundo turno das eleições presidenciais na França, no domingo (6), os candidatos, o socialista François Hollande e o presidente Nicolas Sarkozy, enfrentaram-se ontem (2) à noite em uma discussão marcada por trocas de farpas e acusações. Promovido por duas emissoras de televisão, o debate foi transmitido por várias cadeias de rádio e televisão para todo o país.
Sarkozy acusou Hollande de montar um programa de governo repleto de falhas e pediu os votos dos eleitores, enquanto o socialista ressaltou o balanço negativo do atual governo. A tradição de um único debate entre os candidatos no segundo turno das eleições presidenciais francesas existe desde 1974. O debate durou cerca de duas horas.
Apontado como o grande favorito pelas pesquisas de intenções de voto, mas criticado pela falta de carisma no início da campanha, Hollande provou, durante o debate, seu poder de combate. A cada pergunta, o candidato respondia, ressaltando os aspectos julgados por ele como negativos no governo Sarkozy.
“Com o senhor, é muito simples. A culpa nunca é sua e o senhor tem sempre um bode expiatório. O senhor disse que teríamos 5% de desemprego durante seu mandato e, na verdade, temos 10% de desempregados no país. Mas isso é culpa da crise. Nunca a culpa é sua”, disse Hollande, mencionando um dos temas mais caros hoje na Europa – o medo do desemprego.
Sarkozy evitou reagir no mesmo tom, optando por apontar o que chamou de “incoerências” no programa de Hollande. O presidente lembrou que o candidato defende o controle nas finanças do país mas, ao mesmo tempo, propõe a criação de mais de 60 mil empregos para funcionários públicos. De forma direta, Sarkozy disse que Hollande mentia.
A questão da imigração também foi abordada e Hollande, que defende o direito de voto aos residentes estrangeiros não europeus nas eleições municipais, se disse capaz de levar o tema a um referendo se for preciso. Sarkozy criticou a promessa. Segundo ele, a iniciativa pode abrir a porta para reivindicações das comunidades muçulmanas que vivem no país.
A observação de Sarkozy provocou reações de Hollande, que perguntou por que o presidente insinuava que "os imigrantes que não são europeus são muçulmanos?". O favorito nas pesquisas de opinião aproveitou a ocasião para ressaltar que vai defender a laicidade (referente ao Estado não religioso) na França.
"[Não quero ser] o presidente de tudo e que no final não é responsável por nada”, acrescentou Hollande.
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