Ela é uma figura carismática. Dona de uma fé inabalável, a aposentada Ilze Breda Castelani, de 82 anos, é seguramente uma das pessoas mais lembradas na cidade em momentos de luto das famílias católicas. Lá se vão 24 anos desde que pela primeira vez aceitou de bom grado uma convocação feita pelo então titular da Paróquia de São Benedito, padre José Roque de Paiva, para tomar parte entre os ministros que se incumbiam da execução das exéquias, os ritos e orações com os quais a comunidade cristã acompanha seus mortos e os encomenda a Deus. “Na oportunidade fui conduzida á função de ministra dos enfermos e padre José Roque acabou me nomeando para a função das exéquias”, relembra.
Apesar de aposentada, Ilze é uma pessoa muito requisitada não somente por causa do dom que adquiriu, mas porque abraça outras missões comunitárias e religiosas a partir da Paróquia de São Benedito. Ela diz que é impossível mensurar em números quantos velórios já participou nestes anos todos. “Já cheguei a fazer quatro atendimentos num único dia”, mencionou. Indagada de onde encontra inspiração para conduzir uma atividade que aos olhos da maioria das pessoas é no mínimo constrangedora, Ilze Breda fala na ação do Espírito Santo. “As coisas fluem naturalmente. Vem de dentro da alma. É uma ação do Espírito Santo. Não sou eu quem fala”, afirma, diante da anuência das colegas que acompanham a conversa.
Comedida, a aposentada diz que prefere não enaltecer a si própria. Ficou sem jeito quando foi mencionada que foi ela , por exemplo, quem encomendou a alma de Hideraldo Luiz Bellini, em março deste ano. “Não gosto de mencionar status de pessoas porque todo mundo é igual”, justificou.
Apesar disso, não ignora que sua atividade a tornou conhecida na cidade. “Fico contente porque recebo muitos cumprimentos das pessoas que guardavam relação de proximidade com a pessoa falecida. Já recebi até presentes de muitas pessoas”, diz com certa inibição. As amigas cuidam de dar a devida importância ao dom de dona Ilze. Todas elas afirmaram que não teriam jeito e talvez nem disposição para fazer o que ela faz. “O rito da passagem é sempre muito difícil, triste, doloroso. O conforto espiritual é algo que vem de Deus, por isso, intimamente eu sou agradecida a Ele por poder levar conforto espiritual a quem dele necessita”, concluiu.
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