Fotos Renato Silva
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No apagar das luzes de 2012, em dezembro, o prefeito Toninho Bellini anunciou a autorização final da Caixa Econômica Federal, assegurando a construção de 320 apartamentos, pelo programa Minha Casa, Minha Vida, que serão erguidos no Loteamento José Tonolli, no bairro Istor Luppi e direcionados para famílias com renda entre 0 a 3 salários mínimos. Propalou-se, também, que a construção dos apartamentos no bairro só tinha tornado possível graças às obras de infraestrutura da área realizada pela administração novotempista, pois a existência de equipamentos urbanos como redes de água e esgotos, entre outros, é essencial para a aprovação de projetos do programa Minha Casa, Minha Vida.
A realidade.
O projeto do loteamento José Tonolli prevê a construção de 940 unidades habitacionais, sendo 320 apartamentos, já autorizados pela Caixa Econômica Federal, e 620 casas, em fase de elaboração do projeto que Paganini esperava anunciar ainda nesse primeiro trimestre.
Quase a totalidade da infraestrutura, ao contrário do anunciado por Bellini no final do ano passado, foi realizada pelo então prefeito Totonho Munhoz, restando à administração que assumiu em 2005 pouquíssimas intervenções para se buscasse os recursos para levar o projeto José Tonolli adiante, como por exemplo, faltavam menos de um terço de guias e sarjetas para serem colocadas.
O impacto.
Nessa semana, quando o novo secretário de obras, serviços urbanos e planejamento, José Armando Mantuan, esteve no Loteamento José Tonolli para verificar o local da construção dos apartamentos e o restante da área prevista para 620 casas se deparou com o estado de abandono que fez com que toda a infraestrutura, anteriormente implantada, fosse tragada pelo acumulo de terra e mato. Ruas inteiras, simplesmente, desapareceram. Viraram caminhos. Ao receber o relatório, Paganini determinou que uma equipe de homens e máquinas fosse encaminhada, imediatamente, para tentar salvar parte dos investimentos realizados.
Segundo Mantuan ainda é cedo para avaliar o estrago, mas o quarteirão, próximo à praça central, cujas obras de colocação de guias e sarjetas foram realizadas pela administração anterior, em 2008, terão que ser totalmente refeitas, por conta do abandono: “o maior problema deverá estar nas bocas de lobo e galerias de escoamento de água de chuva, que aparentemente foram entupidas por terra.”
A situação dos 320 apartamentos.
Apesar do anúncio no final do ano passado dar conta da autorização final da
Caixa Econômica Federal, a finalização das assinaturas nos contratos só aconteceu em janeiro deste ano, depois da intervenção do deputado Barros Munhoz junto à CEF e à Riwenda, empresa responsável, atendendo ao pedido do prefeito Paganini. As obras devem ser iniciadas nos próximos trinta dias.
E o restante do loteamento?
Além do início das obras dos apartamentos, Paganini esperava anunciar, neste trimestre, a construção de 620 casas na área remanescente do José Tonolli, pois como considerava a infraestrutura pronta para dar seguimento ao projeto e ser uma das primeiras prefeituras atendidas, conforme proposto pela presidente Dilma na reunião com os prefeitos eleitos no final do mês de janeiro.
O abandono da área pela administração passada exigirá limpeza e avaliação dos serviços executados e, posteriormente, a execução das reparações. Dado Boretti atribuiu à situação caótica a total falta de comprometimento do governo anterior: “não é possível que os funcionários de carreira da prefeitura - que sabem onde estão os problemas críticos da cidade, onde há grande volume de água que carrega para as bocas de lobo tudo o que encontra pela frente - não tenham alertado os secretários e o prefeito. Era um problema que podia ter sido evitado, bastava manutenção periódica e respeito ao dinheiro público. Agora temos que resolver o problema.”
A reação dos moradores.
Os moradores do Istor Luppi e José Tonolli ouvidos pelo PCI se mostraram desiludidos com o poder público. “vocês estão vendo isso e estão achando feio? Vocês precisam ver a nossa vida aqui quando chove. Ninguém passa por aqui, temos que dar uma grande volta, a pé.”, disse uma senhora. Outra completou: “depois de muito tempo é que estamos vendo máquinas trabalhando aqui, só espero que não deixem esses montes de terra e sumam novamente.”
A reação do prefeito.
Para Paganini, a visão do abandono daquela é área é inacreditável: “pensar que esse loteamento estava pronto para receber o asfalto e ter o projeto de construção das 620 casas aprovado rapidamente, sabendo que temos um déficit habitacional gigantesco, é inconcebível. Eu não consigo entender como as pessoas podem ter tanto descompromisso com a vida pública dessa maneira.” Emendou: “nós estamos falando de coisa muito séria, estamos falando de um bairro inteiro que sofre, estamos falando das pessoas que estão aguardando há anos uma casa para morar. Estamos falando de vida, vida das pessoas...”. E finalizou: “estamos conquistando uma verba do governo federal na casa dos seis milhões de reais e a primeira coisa que faremos será asfaltar o loteamento. É o mínimo que podemos fazer, nesse momento, não só para preservar a infraestrutura, mas dar um pouco de conforto aos moradores.”
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