Internet das coisas centraliza interesses e domina debates em encontro sobre software livre
A nova revolução promovida pela internet é a conexão e troca de informação entre objetos do cotidiano das pessoas. A chamada internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) é o principal tema dos debates no 17º Fórum Internacional Software Livre (FISL), que termina neste sábado (16) em Porto Alegre. O evento reúne pesquisadores, profissionais e estudantes da área de tecnologia da informação (TI), que defendem a transparência da tecnologia, com o uso de códigos de programação abertos e de livre acesso.
Segundo a especialista Desirée dos Santos, internet das coisas é uma realidade
?A internet das coisas é uma realidade. Hoje, nós já conseguimos encontrá-la em alguns produtos, como nas pulseiras que captam os batimentos cardíacos do nosso corpo e transmitem para o smartphone, por exemplo?, afirmou Desirée dos Santos, desenvolvedora de softwares (programas de computador) da ThoughtWorks Brasil e especialista em robótica. Ela apresentou um painel sobre o assunto no primeiro dia do fórum. ?É claro que ainda não temos uma infraestrutura própria da IoT, com uma grande quantidade de objetos conectados a uma internet móvel de qualidade?, ressaltou.
Desirée reconheceu, porém, que os produtos com internet integrada ainda são caros para a maior parte da população. ?Toda nova tecnologia tende a servir a um público muito restrito. A IoT precisa ser democrática e estar acessível a todas as pessoas.?
Segurança e privacidade
Para Desireé, duas questões precisam ser amplamente debatidas antes que a internet das coisas seja consolidada: a privacidade e a segurança das pessoas. Segundo a especialista, o problema da privacidade,é consequência do uso constante de um grande número de objetos e produtos conectados à internet. ?Eles coletam dados importantes sobre você: o que faz, por onde anda, o que consome. Todos esses rastros são captados sem sua autorização, e você não tem noção de como isso está sendo utilizado?, explicou Desireé. Ela disse que a sociedade precisa debater o assunto para estabelecer limites a essa prática.
Sobre segurança, Desirée explicou que os produtos da IoT, por estarem conectados à internet, ficam sujeitos a ataques virtuais. ?Se você instala um sistema para controlar as portas e janelas da sua casa, e alguém ataca esse sistema, quem vai se responsabilizar? O fornecedor, o governo??
De acordo com a especialista, a disseminação do software livre pode ser uma solução para esse problema. ?O código aberto permite que muito mais pessoas atuem juntas para consertar as brechas de segurança.?
Internet e a nova economia
Para Sady Jacques, futuro da internet das coisas está nos programas de código aberto
O coordenador-geral da Associação Software Livre (ASL) e do FISL, Sady Jacques, também vislumbra nos programas de código aberto o futuro da IoT. ?Não há nenhuma solução proprietária capaz de produzir, sozinha, internet das coisas em escala mundial. A interoperabilidade é fundamental, e só é alcançada ao limite quando utilizamos softwares livres.?
Com o avanço dos produtos conectados à rede, Jacques considera essencial que se discuta o espaço virtual, pois este é percebido cada vez mais como um grande negócio. ?Os gigantes da tecnologia tendem a fazer da internet um espaço proprietário. Ela é uma plataforma que transaciona informação e, portanto, conhecimento?, ressaltou.
Para Jacques, os negócios na internet devem ser realizados em um modelo de colaboração e compartilhamento de informações. ?Não se trata da ausência de negócios, mas sim da existência deles a partir de uma base de conhecimento aberta para todos. Consegue-se ter uma economia menos hierarquizada e mais capilarizada, que tende a atender melhor a sociedade como um todo?, afirmou.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2016-07/internet-das-coisas-domina-debates-em-forum-internacional-sobreDaniel Isaia ? Correspondente da Agência Brasil Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.