O mês de agosto é dedicado à reflexão sobre missões na Igreja Presbiteriana do Brasil. Isto acontece porque a IPB se reconhece como uma igreja que surgiu da iniciativa missionária da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos e da obediência à grande comissão dos pioneiros que para cá vieram para pregar o Evangelho, fazer discípulos e em muitas ocasiões gastar nessa terra a totalidade de suas vidas em um martírio lento e incruento. Costumamos fazer conferências missionárias com reflexões sobre os grandes desafios da igreja entre os povos em localidades longínquas e gostamos de ouvir o testemunho heroico dos nossos irmãos que estão nos campos mais diversos e adversos do mundo. Tudo isso é muito bom e válido e Deus tem usado também desse expediente para mobilizar a sua igreja e despertar vocações em todos os níveis de compromisso com essa nobre causa. Vocações para o sustento em oração, divulgação, apoio pastoral e contribuição financeira. Todavia, não podemos esquecer que a missão não nasce grandiosa e que parte essencial do seu fazimento quase não recebe a devida atenção e dificilmente alguém investiria em uma conferência. Falo da missão nossa de cada dia, aquela que somos chamados a viver sem grande protagonismo ou evidência, cujos testemunhos nem sempre são grandiloquentes. Essa missão mormente começa em casa, no recesso familiar, local privilegiado e não menos exigente ou ausente de grandes desafios para um testemunho paciente e cheio de amor. Somos chamados por Cristo e por Ele enviados também e principalmente para viver o nosso testemunho de discípulos seus no casamento, na criação e educação dos nossos filhos e de maneira especial para com os nossos familiares que porventura não conheçam a Cristo de maneira salvadora. É sempre um grande desafio missionário manter um testemunho alegre, cativante, piedoso e serviçal de Cristo para os nossos parentes que muitas vezes não só desconhecem Jesus, mas de alguma maneira, não se importam com Ele ou são reticentes e mesmo inimigos dos cristãos, por antipatias justificadas (do ponto de vista humano) ou não. Às vezes esse testemunho deve ser perseverante e por anos a fio, contudo, sem conseguir resultados muito significativos. Essa missão encontrará grandes oportunidades nos contextos mais triviais ou normais do dia a dia. Uma festa de casamento, os encontros de fim de ano, os aniversários, as enfermidades, acidentes, nascimentos, mortes, crises conjugais e etc. São todas ocasiões que pelos meios mais variados é possível apresentar Cristo, seu amor, sua pessoa, sua mensagem, suas promessas, e às vezes sem ser necessário proferir uma única palavra. Muito da missão nossa de cada dia tem a ver com um auxílio ou serviço desprendido e desinteressado em momentos de grandes necessidades, uma presença amiga, ainda que silenciosa em um contexto de dor e perdas, o acolhimento de uma pessoa em estado de profundo abatimento. Claro, também há espaço suficiente para o aconselhamento, a oração pública, o ensino e a ministração do Evangelho de maneira explícita. O outro ambiente dessa missão cotidiana é o da porta pra fora da nossa casa. Uma relação próxima, afetuosa, gentil com os nossos vizinhos, um bom testemunho de uma vida correta, piedosa e com hábitos e costumes marcados pelo Evangelho podem chamar a atenção dos que vivem próximos a nós. Demonstrar interesse e prontidão que aumente o bem-estar dos nossos vizinhos, fazer-nos presentes em suas necessidades e demonstrar boa vontade e cooperação em causas comuns, são oportunidades para fazer a diferença a partir do nosso ser e agir em Cristo. Em nosso próximo artigo irei aprofundar o contexto da missão nossa de cada dia até os confins da terra.
Reverendo Luiz Fernando é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira
Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.