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Itapira, 24 de Novembro de 2024
Notícia
09/08/2021 | Luiz Santos: Despertando a Igreja local para as missões

Admiro o trabalho das agências para-eclesiásticas, dos ministérios e organizações missionárias. Admiro o seu empenho, o seu foco, a sua paixão e como gastam a totalidade da vida por cumprir a tarefa missionária no mundo. Conheço inúmeras pessoas altamente qualificadas nesse meio, homens e mulheres com vida devocional inspiradoras, com um amor sacrificial queimando no peito, quase em desespero, para ver Cristo glorificado nos confins da terra. Sinto-me honrado, inclusive, de ser amigo de muitos desses. É verdade que também coopero, vez ou outra quando convidado, com algumas dessas organizações. Entretanto, confesso que nunca achei correto deixar que a preocupação, a ocupação e o efetivo emprego das missões fossem protagonizados por elas. Lendo as Escrituras entendo que as missões são uma prerrogativa e um privilégio da igreja local. Ela é a agência estabelecida divinamente para realizar essa tarefa, a partir de seu contexto e sempre concomitantemente ampliando horizontes até os confins da terra. A igreja reúne todas as qualificações espirituais, morais e estruturais para despertar, amadurecer, treinar, enviar e sustentar os missionários. Na verdade, os missionários que saem e se dirigem a povos, locais, etnias, culturas distantes e diferentes do seu contexto, só é um grupo de missionários que possuem um chamado específico. Os que ficam na igreja local devem assumir-se como missionários igualmente. Missionários com um chamado a ser obedecido de muitas e variadas maneiras. Não há outra maneira de seguir a Jesus sem ser missionário: “Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo” (Jo 17.15-18) e mais: “Novamente Jesus disse: Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os envio" (Jo 20.21). Ser missionário é parte da nossa natureza, onde e quando iremos missionar faz parte dos interesses misteriosos e amorosos de Deus para cada crente. As agências, organizações e ministérios de missão devem ser reconhecidos como valiosos auxiliares, indispensáveis parceiros em todo o processo, formativo inclusivo, mas nunca substitutivo da igreja local. Devemos ser bons parceiros, mas as missões é a tarefa intransferível da igreja, é sua razão de ser no tempo e na história, unir-se à vontade do Pai que procura os verdadeiros adoradores (Jo 4.23). Entretanto, é bem verdade que a maioria das igrejas ou perderam essa consciência ou a minimizaram, relativizaram e a reduziram a alguns eventos ao longo do ano. Uma jornada missionária aqui, uma conferência ali e quem sabe um ou outro domingo de coleta no ano. Essas coisas não são ruins em si mesmas, mas podem revelar o quão estreita está a nossa compreensão e quão míopes somos quanto a visão do Reino. A igreja local precisa ser despertada para um estado permanente de missões. Isto significa, entre outros, repensar inclusive as suas estruturas, o seu orçamento e como administra a sua arrecadação e o seu planejamento estratégico. Todavia, essas mudanças são resultado e não a causa da mudança de paradigma. A causa está no púlpito e no ensino geral da igreja. Não é que devamos falar especificamente de missões em cada pregação e em cada estudo. Mas devemos expor de tal maneira a Palavra que os nossos irmãos entendam que Deus está em ação no mundo como um Deus missionário. Fazê-los entender que a Bíblia narra a história da iniciativa amorosa de Deus em resgatar a natureza e o homem, caídos e sob a influência do pecado. Em cada pregação e estudo devemos levar os membros da Igreja a perceberem que não são expectadores de um espetáculo, mas atores coadjuvantes, atores de um enredo de salvação, de resgate, de alguma coisa nova que está sendo feita em Cristo e tudo o que está nele. Quando essa percepção for despertada, a igreja ver-se como pertencente a alguma coisa maior do que ela mesma, o Reino que está sendo implantado no mundo submetendo todo o Cosmos ao Senhorio de Cristo, entenderá que esse Senhorio é exercido a partir dela, que quando o Evangelho é pregado esse governo bendito se estende, se amplia e vai antecipando as bem-aventuranças do Reino definitivo sobre a humanidade, Reino de Justiça, de paz e de amor. Quando a igreja se descobre essencialmente missionária, como disse Eugene Peterson, ela percebe que não é periférica na criação, mas o contrário, toda a realidade gira em torno dela, que é o trono de onde Cristo Reina, desde agora e para sempre. Que cada um de nós como discípulos e como igreja respondamos ao Senhor: Eis-me aqui, envia-me!

Reverendo Luiz Fernando é pastor na Igreja Presbiteriana Central de Itapira.

Fonte: Luiz Santos

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