"Ai daquele que constrói o seu palácio por meios corruptos, seus aposentos, pela injustiça, fazendo os seus compatriotas trabalharem por nada, sem pagar-lhes o devido salário” (Jr 22.13).
Sou um “fanático” torcedor do Brasil. Vibro muito com as suas grandes conquistas. Choro quando existem derrotas e fracassos vergonhosos. Não! Não estou falando de futebol, de Copa do Mundo, nada disso. Apenas aproveito o momento para externar a minha torcida por um Brasil vencedor na combalida política partidária.
Raros são os líderes confiáveis. Vivemos uma estiagem, uma aridez na seara política. É sempre, a cada ano, mais do mesmo. Fisiologismos, oligarquias, poderes econômicos sedentos de poder sem nenhuma identificação com os anseios da população, perfilados e entrincheirados apenas em defender seus interesses, seu satus quo. Isso, sem falar na grande ressaca de 12 anos de um partido que ascendeu ao Poder grávido das aspirações gestadas por um povo que viveu os dias de chumbo da ditadura. Durou pouco o sonho de uma república popular, cidadã, participativa, com políticas sérias, profundas, contínuas de transformação social. A oposição tenta renovar o discurso, tenta e se esforça em apresentar-se como novidade maquiada pelos truques dos marqueteiros e dos media training. O Lobo perde o pelo, mas não perde o viço.
Precisamos de novas lideranças e também de novos eleitores. Precisamos de boas opções eleitorais, mas mais urgente que isso, precisamos de eleitores educados, informados, bem formados, comprometidos e interessados não sazonalmente por política, como em tempos de eleição. Tão importante quanto candidatos ficha limpa, idôneos, probos, de fama ilibada, precisamos de eleitores responsáveis, que tem consciência do valor e das consequências do seu voto na urna. Afinal de contas, você estará escolhendo pessoas para representar você e seus interesses e suas demandas.
Eu sou pastor de uma Igreja centenária e de uma denominação das mais sérias do país. Um contingente de mais de um milhão de membros e sócia vitalícia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e nosso sistema também é representativo. Entre outros critérios, sempre procuramos escolher aqueles que melhor nos representam por estarem mais identificados com as nossas aspirações. Ainda que nem sempre sejam os mais carismáticos ou que tenham as melhores “alianças” ou companhias. O que nos importa é ter alguém lá, onde as coisas de fato são decididas, que se recordará de nós, do que aspiramos, com o que sonhamos, quais coisas esperamos. Pessoas que temos acesso e que podemos vez ou outra pedir contas, cobrar e também oferecer ajuda e acompanhar bem de perto.
Guardadas as devidas proporções de uma igreja local e denominação para um Município, Estado ou para a esfera federal, o princípio não muda. Você precisa saber quem escolhe, porque escolhe, em que áreas você entende que ele será útil e capaz. Uma vez escolhido e se eleito, você deve acompanhá-lo, cobrar, pedir contas de seu mandato que, aliás, em última instância pertence a você, pois é em se nome que ele exercerá tal poder.
Dizem que algumas torcidas podem ganhar o jogo. Dizem isso da torcida do Flamengo, do Corinthians, do Grêmio, do Atlético Mineiro. Não tenho certeza disso, sou leigo no assunto, mas sei que alguma diferença e alguma alteração de humor e confiança devem provocar no adversário. Pois bem, os adversários mais difíceis de serem batidos pelo Brasil não são a Croácia, Espanha, Holanda, Itália e nem mesmo a temida Argentina. O Brasil precisa convocar no dia 05 de outubro homens e mulheres com base na meritocracia e no seu passado, que possam jogar o jogo político e administrativo para sermos campeões contra o analfabetismo, a escassez e deficiência de mão de obra qualificada. Precisamos eliminar o gargalo infraestrutural e energético que impedem nossa economia de transformação crescer. Não podemos jogar com o regulamento debaixo de braço e não investir o que é constitucionalmente determinado em saúde pública de qualidade e com suficiência para atender à demanda da população. Não podemos ir para a prorrogação e arrastar a existência de um salário mínimo que se quer cumpre o estipulado por nossa Carta Magna.
O Brasil está na marca do pênalti. Nosso IDH é pífio. Nossa competitividade é ridícula. E tudo isso se reflete inclusive também em nosso município, por quem torço e por que choro às vezes também. Levanto minha voz como cidadão, tenho o direto de escrever e de falar sobre política. Mas levanto minha voz como pastor calvinista para quem todas as realidades humanas são do interesse de Deus e da Igreja. Igreja e Estado estão e devem permanecer separados. Mas a Igreja deve fazer e participar da Política, no sentido de que o bem comum de todos os homens também é seu mister.
Torçamos para que o Brasil saia campeão daquele jogo que realmente vale alguma coisa e se der, que venha o hexa também!
Reverendo Luiz Fernando
Pastor Mestre da Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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