Celebramos neste domingo a solenidade de Pentecostes. Celebramos o dia em que o Espírito Santo erigiu uma ‘nova casa’ para o Altíssimo, criou um povo novo, a Igreja, e instituiu uma nova família dentro da humanidade, composta de judeus e gentios, agora todos em Aliança com o Eterno, a família de Deus: “Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor” (Efésios 2:19-21). Entretanto, a presença do Espírito Santo não pode ser reduzida a essa experiência histórica daquela manhã registrada em At 2, por volta do ano 30, nem mesmo na experiência de conversão de cada crente quando é efetivamente batizado, selado e empoderado pelo Espírito Santo. Como estamos no mês dedicado à família, queria refletir sobre a necessária presença e influência da Terceira Pessoa da Trindade na dinâmica dos lares. Somos informados pelas Escrituras que o Espírito Santo, na vida de um crente ou comunidade pode ser: ‘extinguido’ (1 Tes 5.9); ‘entristecido’ (Ef 4.30); ‘rejeitado’ (1 Tes 4.8); ‘blasfemado’ (Lc 12.10); ‘resistido ou contrariado’ (At 7.51). À luz destes textos bíblicos podemos afirmar sem sombras de dúvidas que de alguma maneira é possível ‘expulsar’ o Espírito Santo da nossa convivência. Evidentemente que com isso não estou afirmando a perda da salvação, a deserção final e fatal da fé e qualquer coisa parecida. Não há força na criação inteira que possa desfazer a obra da redenção realizada por Cristo na cruz e aplicada a nós pelo ministério do Espírito. Mas, isso não significa que não possamos perder a influência deste mesmo Espírito ao perder a percepção de sua presença em nós e em nosso meio. Isto significa, entre outras coisas frieza devocional, tibieza na piedade, indiferença para com as coisas santas, negligência em nossos deveres, indelicadeza e grosserias em nossos relacionamentos interpessoais e a dolorosa realidade da esterilidade da alma. Muito dos dramas familiares vividos hoje em muitos lares crentes tem a ver com a falta de percepção e a insensibilidade dos corações para se deixarem influenciar pelo Espírito de Deus. Isto acontece porque o Espírito foi ‘convidado’ a se retirar pelo não cultivo da piedade na família e porque os vícios não são extirpados como deveriam. A família deve tornar-se uma boa anfitriã para a Terceira Pessoa excelsa e bendita da Trindade. Deve hospedar e tratar bem o Espírito do Eterno, favorecendo o ambiente onde Ele possa ser mais sentido e seu suave murmúrio mais perfeitamente apreendido para assim cativar os nossos corações para amar o amor, Jesus. O que na verdade extingue, entristece, rejeita, blasfema e contraria o Espírito Santo no seio da família? 1. Extingue: acontece quando a família não cultiva uma vida de oração, leitura das Escrituras e santas conversações sobre as coisas da fé. Quando a família não encontra tempo para que seus membros se retirem para estar a sós com Deus ou nunca se reúnem para a adoração. Quando as refeições são feitas diante da TV ou não são tomadas com ações de graças. Quando reina um espírito secularizado e mundano, sem abertura para o sobrenatural. 2. Entristece: mais comum do que se imagina. O Espírito se entristece em um ambiente de gritarias, palavras desrespeitosas e grosseiras, trocas de acusações, mentiras e enganos. Um ambiente de destemperos emocionais e psicológicos entristece ‘Aquele’ que deseja criar comunhão e paz entre os seus. 3. Rejeita: Há rejeição do Espírito de Deus quando o lar recepciona despudoradamente a pornografia, a violência gratuita, os relacionamentos afetivos não abrigados pela Palavra de Deus e a cultura popular dominante. O Espírito Santo não pode e não vai ‘misturar-se’ com o espírito deste século e as suas forças de escravidão e aviltamento da dignidade humana. Rodas de conversas inapropriadas aos santos, piadas e gracejos que enalteçam a miséria, rejeitam a ‘Santíssima Presença’. 4. Blasfema: a blasfêmia é a imputação de mal ou pecado a Deus ou atribuir a bênção e a graça ao que não é Deus. Mas, blasfêmia é também a dependência ou a busca de felicidade e realização pessoal sem contar com o auxílio, direção e confirmação de Deus. É uma blasfêmia orar de joelhos dobrados e confiar-se a Deus e uma vez em pé, viver e decidir como se Ele não existisse. Blasfemam contra o Espírito quando a nossa família é tradicionalmente religiosa, porém confessadamente ateia na vivência ordinária da vida. Quando fé e vida se divorciam, a blasfêmia está posta. 5. Contraria, resiste: Isto acontece quando a família apoia ou convive sem escrúpulos de consciência com qualquer realidade que transgrida a Lei Moral. É uma acintosa resistência ao Espírito Santo estabelecer um estilo de vida que assimile os padrões espirituais e morais do mundo e ainda insistir na invocação do nome do Senhor. Quando a família em sua dinâmica pratica um, alguns ou todos esses, deixa de ser um ambiente onde o Espírito deseja estar. Uma vez consertada pela aplicação dos remédios da Aliança, a família se torna uma digna anfitriã do Espírito e passa a gozar os benefícios de sua presença e influência santíssima. Vinde Espírito Santo.
Reverendo Luiz Fernando é pastor na Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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