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Itapira, 25 de Novembro de 2024
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26/06/2014 | Luiz Santos: Nossa herança Presbiteriana

 Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus” ( Efésios 2.19).

A Igreja Presbiteriana é uma Igreja histórica, com profundas raízes em acontecimentos registrados, comprovados, atestados e até passíveis de releituras e reinterpretações, mas históricos! Ela não nasceu ou surgiu do sonho ou visão de algum líder ou homem carismático. É fruto sim do trabalho do Espírito Santo unido à Palavra de Deus “redescoberta” no século XVI. Deus serviu-se de instrumentos humanos, institucionais e culturais para promover e estabelecer uma nova ordem no mundo, inclusive tendo a reforma da Igreja como uma das “molas mestras” desta nova ordem. E, a afirmação disso é Bíblica: “Ele muda as épocas e as estações; destrona reis e os estabelece. Dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos que sabem discernir” (Dn 2.21), Deus é o Senhor soberano da história, conduz, provê os meios e preside cada acontecimento.

Biblicamente falando as raízes da Igreja Presbiteriana como povo autoconsciente de sua eleição se fundamenta nas promessas de Deus em nas Escrituras: "Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção. Abençoarei os que o abençoarem, e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados" (Gn 12.2-3). Como povo comprado e pactuado no sangue de Cristo, ela se identifica com o pacto da última Ceia: “Tomando o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim. Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês” (Lc 22.19-20).

De lá pra cá, consideramo-nos dentro de um processo histórico de “continuidade e descontinuidade”. Ou seja, somos herdeiros dos primeiros mártires que regaram o solo fértil do Evangelho com a fidelidade de seu sangue: “O sangue dos mártires é semente de novos cristãos”, afirmaria mais tarde Tertuliano, teólogo da Igreja Antiga. Nos sentimos devedores aos santos pastores que reunidos em Concílios na antiguidade cristã se esforçaram com as armas da palavra e da erudição para precisarem a nossa fé em termos inequívocos e refutando as heresias. Agradecemos a Deus pelos doutores da Idade Média que sensíveis aos sinais do tempo elaboraram as suas “Summas” de Teologia e Filosofia a fim de que o patrimônio dos pais não se perdesse.

Contudo, a pecaminosidade humana, a ambição desmedida, uma espécie de ‘entre safra’ de grandes luminares do cristianismo, a entrada massiva de povos não convertidos, levou a Igreja a um estado lastimável. Deus, fiel à sua amada noiva, a Igreja, levantou homens e os conduziu ao retorno daquele cristianismo mais bíblico, fervoroso, descomplicado, reverente e com as marcas dos santos em vida e não daqueles proclamados depois de sua partida. Foi assim, que nas asas da Renascença e sob o vento do Espírito Santo, a partir de 31 de outubro de 1517 se inicia a etapa da história onde surgiria as raízes mais próximas da Igreja Presbiteriana. Com Martinho Lutero, mas sobretudo com João Calvino em Genebra e os Puritanos na Inglaterra e nos nascentes Estados Unidos da América, na baía de Massachussets, o presbiterianismo, como uma das formas da ala Reformada e Protestante da Igreja se firmou e evoluiu.

Todavia, o presbiterianismo, sobretudo o de influência Puritana a que é mais próxima à igreja Presbiteriana do Brasil e da Central de Itapira, não é apenas uma religião não católica romana e evangélica. O Presbiterianismo é uma cosmovisão, isto é, um sistema de valores com os quais entendemos o mundo e a nossa participação nele. Os presbiterianos, desde as suas origens entendem que seu serviço a Deus passa necessariamente pelo trabalho honesto com retribuitivas sociais, ou hipotecas sociais, isto é, todo dom ou talento traz consigo um ônus social. As vocações dadas por Deus aos homens, negócios, educação, medicina, agricultura e etc. são na verdade, meios para construir e abençoar a vida em sociedade.

Os presbiterianos entendem também, que depois do Ministério Pastoral, isto é, a exposição, explicação e aplicação competente das Escrituras, a política é a mais necessária ocupação dos homens. A Política, segundo a tradição puritana presbiteriana, é um meio de estender o reinado de Deus. Não se trata de defender interesses denominacionais ou privilegiar impérios ministeriais, distorções diabólicas dos mandatos cultural e social ainda antes da Queda. Mas o meio para defender a justiça, a equidade, a punição do mal, o afastamento dos corruptos e a devolução do extraviado. Para nós presbiterianos, a cidadania nos céus nos constrange a viver com interesse e responsabilidade a nossa cidadania terrena. Ser Presbiteriano é enxergar o mundo com os óculos de Deus!

Reverendo Luiz Fernando

É Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira

Fonte: Luiz Santos

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