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Itapira, 04 de Dezembro de 2024
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25/06/2019 | Luiz Santos: O cristianismo nem sempre funciona!

Eu sei que o título desse artigo é muito perturbador, mas é a pura verdade. Baseando-se o cristianismo desde uma perspectiva cultural secularizada e pragmática como a nossa e levando em conta as expectativas humanas a respeito daquilo que o cristianismo deveria proporcionar ao homem, de fato ele nem sempre funciona. Um dos aspectos mais interessantes que se pode observar no cristianismo atual é o lugar que as necessidades humanas ocupam na teologia e na pregação. Grande parte do que é ensinado na igreja diz respeito a como vencer o fracasso e encontrar e desenvolver o seu potencial para uma vida vitoriosa, como lidar e impedir que depressão se instale em sua vida, como formar famílias excelentes, criar filhos felizes e etc. E, apesar de a Bíblia ser usada para a devida fundamentação para esses ensinamentos, muito dos seus conceitos, porém, possuem significados diferentes daqueles consagrados pela própria Escritura e por toda a Teologia ortodoxa ao longo dos séculos. Na verdade, essa teologia “humanista” ela é também secularizada, não tem nada de transcendente, pois o “milagre” tem a ver com o fazer a coisa certa e não com um agir sobrenatural de Deus. Assim, você será um vencedor se seguir o receituário da felicidade. Como mui acertadamente escreveu Horton: “Embora exista grande quantidade de misticismo entre os modernos curandeiros da fé, eles na verdade eliminam o mistério dos milagres, fazendo a cura ser previsível e, de fato, inevitável. O espontâneo e o surpreendente trabalho de Deus não é mais um milagre, mas o correto uso dos meios, tão previsível quanto qualquer outra lei científica. Quando Deus cura, não é uma interrupção das leis naturais. No fundo, os curandeiros da fé proclamam uma fé naturalística. Salvação e cura são, ambas, façanhas humanas” (HORTON, Michel. Citado em O Evangelho da Graça, Cultura Cristã, pág. 48). Todavia, o cristianismo não se trata em primeiro lugar do homem, mas de Jesus Cristo. O cristianismo é a história de como e porque Jesus Cristo veio a esse mundo, como e onde nasceu, como viveu e para quê viveu, o que ensinou, como morreu e porquê morreu. E a sua gloriosa ressurreição e ascensão aos céus e sua volta em poder e glória. Só depois de compreendermos bem quem é Jesus e o que Ele fez, podemos ter acesso aos benefícios do seu Evangelho, perdão dos pecados, reconciliação com Deus, uma nova vida e um novo viver e a esperança da vida eterna. Evidentemente que os benefícios da fé em Cristo trazem grande qualidade de vida espiritual, psicológica, moral, física e inclusive ajusta a nossa capacidade de administrar a nossa história e os nossos bens. Mas essas coisas são desdobramentos da ação essencial da obra de Cristo, a nossa salvação. Contudo, não há promessa real de felicidade plena e ininterrupta para o crente nessa vida. Na verdade, o verdadeiro cristianismo pode ainda, por mais absurdo que pareça, arruinar vidas e projetos pessoais. Os apóstolos deixaram tudo e seguiram o Senhor, o custo disso foi o martírio, a exceção de João, e ainda sim, suportou pesadas correntes na prisão-pedreira de Patmos. O grande Paulo, o maior missionário e teólogo do cristianismo foi decapitado. Zaqueu levou “prejuízo em seus negócios” assim que se converteu, e a história registra que grandes servos do Senhor sofreram com depressão, o caso de Spurgeon, tiveram dificuldades no casamento, como Willian Carey com relação à saúde mental de sua esposa. Foram vitimados por epidemias, mesmo quando se ofereceram voluntariamente para encorajar a vacinação, como J. Edwards na epidemia de varíola. Enfim, como cristãos lutamos com pressões externas e internas, adoecemos, sofremos revezes financeiros, decepções familiares e ministeriais. Entretanto, se a nossa fé fosse medida apenas pelo sucesso, pela paz, pela tranquilidade, pelos milagres, muitos de nós poderíamos afirmar que nem sempre o cristianismo funciona. As religiões podem ser melhoradas através de artifícios mundanos. Mas o verdadeiro cristianismo é criado apenas pelo poder de Deus e nada o pode tornar mais atrativo que isso. Todavia, o que não falha no cristianismo real é a obra realizada por Cristo na cruz e os benefícios que Ele conquistou para nós. Não se trata de dar certo. Se trata de ser verdadeiro  e  “Eu sei em quem tenho crido”(2Tm 1.12).

 

Reverendo Luiz Fernando é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira.

Fonte: Luiz Santos

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