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Itapira, 22 de Novembro de 2024
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18/03/2014 | Luiz Santos: O Evangelho, simples assim!

 Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos” (2 Tm 4.3).

O evangelicalismo brasileiro por falta de densidade bíblica e teológica é um terreno fértil para muitas excentricidades religiosas. Pesquisas sérias nos dão conta de que a cada cinco anos uma “nova doutrina” aparece no Brasil. De demônios territoriais, maldições hereditárias a suor sagrado, aparece de tudo. Sem falar nos exageros quanto ao que se convencionou a chamar de “Nova Era” que demonizou a Coca-Cola, os desenhos de Walt Disney e o código de barras, por exemplo. Durante muito tempo os níveis de espiritualidade eram medidos pelo comprimento do cabelo e o tamanho da saia, bem como o uso de ternos, tipos de canções, uso ou proibição de determinados instrumentos no culto e etc.

Em nossos dias enfrentamos também dificuldades. Em nome de uma “Igreja Contemporânea” muita coisa estranha tem aportado em nossas igrejas. Aliás, tudo começa com o termo igreja que da noite para o dia passou a ser ofensivo. De uma hora para outra a palavra igreja revestiu-se quase que de uma maldição, uma palavra inominável, abjeta. O termo da moda é comunidade. Comunidade parece ser inofensiva, tem um senso de coletividade, igualdade, informalidade. Também a palavra ‘culto’ deve ser evitada, o que agrada é a expressão ‘celebração’. Esta sim diz mais, celebrar envolve a pessoa, seus afetos, seus anseios, sua vida. Culto não. Culto tem a ver com religião, com igreja...

‘Pecado’ é outra palavrinha envenenada, não soa bem aos ouvidos pós-modernos. Pecado tem a ver com uma possível maldade em nossos corações. Pecado lembra-nos de nossas misérias e de nossa vileza. O politicamente correto é dizer ‘erro’. Erro tem mais a ver com inaptidão e erros de cálculos e estratégias do que com a nossa natureza. Significa que o nosso procedimento não justifica a nossa intenção. É quase que ‘sem querer querendo’. É por isso que a pregação foi substituída pela ‘preleção’, conferência, troca de ideias, conversa informal, interatividade.

Não podemos oferecer nenhuma reflexão mais substancial e profunda. Não podemos provocar nenhuma introspecção que leve a pessoa a considerar verdadeiramente a sua escala de valores. Mesmo porque, não há verdade a ser comunicada ou defendida. Tudo o que há é o ponto de vista. Então, se não há muito a ser aprendido e apreendido, o que sobra é o que há para ser sentido. A emoção aparta-se da razão e o que importa é fazer com que as pessoas sintam algo, tenham vontade e o desejo de continuar vindo e experimentar sempre mais. Para cativar os frequentadores o líder (também e por motivos justos às vezes, as palavras pastor, bispo e congêneres não pegam bem), criam campanhas em mais campanhas para manter seus liderados empenhados e sempre com novos desafios e novas metas. Sem falar que toda a espiritualidade tem que necessariamente ser abastecida por temas da atualidade. A Bíblia, na verdade, torna-se um ‘texto-prova’ para sustentar as nossas opiniões. Por exemplo, falamos de drogas para nossos adolescentes, de seus perigos, de como evitá-las e etc. usamos as Escrituras para apoiar o nosso corretíssimo julgamento sobre o tema. Contudo, o cristianismo não é uma questão de método ou interpretação. O Evangelho tem menos a ver com a sua apresentação e mais a ver com o seu conteúdo. Intentar um cristianismo inofensivo é o mesmo que oferecer placebo para um paciente em tratamento de câncer terminal. Ele poderá até obter alguns benefícios psicológicos e vir a ter uma real qualidade de vida melhor que antes do placebo. Todavia, o mal continuará a sugar a sua vida com a mesma letalidade.

Precisamos voltar ao Evangelho puro e simples. Precisamos falar abertamente da velha história do jeitinho que ela aconteceu. Aceito o fato de que algumas expressões bíblicas e alguns conceitos teológicos carecem de alguma elucidação e de algumas boas ilustrações para serem compreendidas pelo homem contemporâneo. Mas precisamos ter a coragem de anunciar a depravação e a malignidade dos corações. Que pecado tem a ver com nossa natureza decaída. Que o nosso coração até que sejamos salvos é estruturalmente pecador. Precisamos dizer aos homens e mulheres de nossos dias que não há melhor lugar para estar do que na Igreja. Não no templo. Na Igreja, corpo de Cristo que é sua cabeça. Que a Igreja não é uma comunidade de pessoas simplesmente, mas um mistério, um organismo vivo cuja alma vivente é o Espírito do Ressuscitado. Ao invés de campanhas precisamos de estudos diligentes das Escrituras, precisamos nos certificar todos os dias das doutrinas da salvação. No lugar de temas relevantes o que precisamos é apresentar a Bíblia como aquilo que valida o que é relevante na vida. E por último, a adoração, o culto. Não cansemos de ensinar que o Culto é para Deus, ainda que nossas aspirações sejam levadas em conta e ainda que os beneficiários sejamos nós, Deus permanece o alvo único de nossa adoração. Apesar de toda sofisticação ao redor, o Evangelho é eficaz porque é simples assim!

Reverendo Luiz Fernando

Pastor da Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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