“Ide para as águas mais profundas, e ali lançai vossas redes.” (Lc 5.4).

Os próximos dez anos serão decisivos para as Igrejas históricas mais alinhadas à tradição da Reforma Protestante como é o caso da IPB e consequentemente da IPCI. Os dados revelados pelas variadas pesquisas e suas múltiplas metodologias quanto ao crescimento e a expansão demográfica da igreja evangélica brasileira, apontam para um crescimento estável, sólido e acima da média das igrejas históricas. Indicam também um significativo êxodo nas igrejas pentecostais e neo-pentecostais, motivado por circunstâncias alheias ao contexto eclesiológico e mais provocado pela melhoria da educação e acesso à informação, o que tem levado muitos destes crentes a valorizarem o capital educacional, o criterioso estudo das Escrituras e a proposta de um elevado padrão ético vivenciado desde sempre nas comunidades Reformadas. Há também o êxodo católico sempre crescente e o descontentamento com as religiões não cristãs que pouco auxiliam os seus adeptos a enfrentarem com lucidez e sem escapismos e alienações os grandes entraves da vida.

Os próximos dez anos serão decisivos para a nossa Igreja, precisamos nos preparar não só para acolher estes que hão de nos procurar, quanto mais urgente ainda carecemos de uma cultura e uma estrutura para a prática, vivência e pregação da Missão Integral, Urbana e Inserida nas grandes questões da sociedade. Carecemos de uma maior coerência testemunhal e confessional. Precisamos fazer bem o casamento entre fé e vida, ética e celebração, evangelização e resgate da dignidade humana.

Temos que optar por uma Evangelho Holístico que possa transformar a totalidade da existência humana pessoal e comunitária, no âmbito de suas relações sociais, política e religiosa. Não podemos mais nos contentar com um evangelho mitigado, com um culto centrado em nossas expectativas estéticas e com ajuntamentos alienantes. Queremos, com a imprescindível orientação do Espírito Santo, à luz das Escrituras e das experiências vividas por esta Igreja em seus 138 anos, tornar-nos uma igreja aberta e enviada ao mundo como servidora e testemunha.

Desejamos fomentar em cada cristão a vivência alegre, oblativa e intencional de seu sacerdócio real e profético no contexto de suas relações, de sua profissão, de sua interação com o mundo. Desejamos perseverar neste caminho de encontro com o mundo e as demandas e necessidades dos homens e mulheres de nosso tempo, sem jamais trancar a nossa agenda, mas conservando a imensa liberdade do Espírito do Senhor enquanto suplicamos por perseverança na obra que nos propomos realizar para a glória de Deus.

Roguemos todos ao Senhor da colheita que envie operários. Supliquemos ao dono da messe para que Ele nos encha de entusiasmo, paixão pelos perdidos, amor pela igreja, espírito de humildade para servir e intrepidez para testemunhar. Vamos juntos, cada um segundo o seu dom e a sua vocação, preparar a nossa Igreja para os desafios dos anos vindouros. Anos que serão cheios de dificuldades e demandas. Plenos de oportunidade e de graças vindas dos Céus.

Que a nossa Igreja aceite com docilidade o seu chamado para ser sal da terra e luz do mundo. Que nossa igreja não tenha em tão alta conta a sua história e tradição que possa paralisá-la e impedi-la de pregar o “velho evangelho” num mundo novo, de uma maneira nova, contemporânea e inteligível para os homens e mulheres que caminham pelas nossas ruas e andam de ombros conosco, mas com passos decididos para o inferno por desconhecerem a Cristo e ao seu Evangelho, poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

Reverendo Luiz Fernando

Pastor Mestre da Igreja Presbiteriana Central de Itapira