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26/07/2017 | Luiz Santos: Sofrimento

O sofrimento é uma experiência comum a todos os homens. Não há quem não sofra e ainda que muitos tenham todo o conforto que possa existir nessa vida, o sofrimento sempre encontra o seu espaço em nosso viver. Essa experiência perturbadora para a condição humana é de certa maneira o objeto de atenção da filosofia, da religião, da arte, das ciências em geral, do entretenimento e etc. Poderíamos afirmar que viver é uma tentativa de escapar, contornar, evitar e até negar o sofrimento. Filosofias e religiões orientais fazem de tudo para negar a realidade do sofrimento, quer pela alienação, pela renúncia das experiências sensitivas ou a prática de técnicas ou atividades para sobrepor-se a realidade deste mundo carregado de sofrimento. Mas, também filósofos ocidentais, desde os gregos antigos passando pelos céticos e existencialistas modernos e contemporâneos, tiveram que lidar a seu modo com o mal do sofrimento. E, também aqui, navegaram nas turvas e perigosas águas da negação, da alienação, da absurdidade e do niilismo. O cristianismo volta e meia, também se debate de maneira confusa, influenciado pelos citados acima. Todavia, o cristianismo genuíno, aquele sustentado apenas pelo ensino Bíblico, ensina que não só é real a experiência do sofrimento, mas também que é inescapável. O cristianismo prega que a presença e a influência do pecado nesse mundo caído é a causa primeira de todo o sofrimento. Cristãos e não cristãos estão sujeitos aos mesmos efeitos dessa presença do pecado e sua influência, no que tange o sofrimento. O fato de os cristãos serem objeto da graça redentora de Cristo e terem o seu pecado perdoado e não mais serem punidos por causa dele, isso não os isenta de sofrerem a sua ação no mundo. Ainda que não possam mais ser governados pelo pecado por pertencerem a Cristo, ainda sim são acossados por toda sorte de males que ele provoca. Assim, os cristãos possuem corpos vulneráveis, mentes impressionáveis, estão sujeitos a decepções, frustrações, insucessos, perdas e por fim a morte. Então, o que diferencia essa experiência do sofrimento entre os cristãos e os demais homens? Os cristãos por estarem vitalmente unidos a Cristo possuem uma nova perspectiva do sofrimento. Não procuran negar, relativizar ou deixar-se tomar pela perplexidade. Os cristãos entendem o sofrimento na dimensão da cruz do Salvador. O padecimento do discípulo faz parte de seu discipulado. O sofrimento para o cristão é como o cinzel nas mãos de um hábil escultor.  À sombra da cruz são forjados os grandes servidores do Evangelho e os homens de melhor caráter. O sofrimento para o cristão é parte de seu processo de configuração a Cristo. Para o discípulo maduro e consciente, ainda que o sofrimento nunca deva ser desejado, buscado e muito menos produzido, uma vez que é inerente à nossa condição humana, ele o entende como um selo sobre a sua vocação em Cristo, o sofrimento é um meio dado pela graça do Salvador. Em Cristo e só Nele, sofrer é uma bem-aventurança que nos faz mais dependentes, menos autossuficientes, mais gratos em tudo e por tudo. O sofrimento produz os mais ardentes buscadores de Deus e uma vez socorridos e auxiliados, os mais inflamados adoradores. Sofrer nos une mais perfeitamente a Cristo. Por último, para permanecer em comunhão com uma corrente puritana, sofrer, nos leva a desejar o Céu com mais paixão. Pois, é exatamente no Céu o único lugar onde a experiência do não sofrer, do gozo, da paz e da felicidade plena e perfeita é possível. Portanto, sofrer sem Cristo é como entrar num labirinto de porquês sem respostas ou no túnel escuro da desesperança sem ver a luz da saída. Sem Cristo, o sofrimento produz em nós, provoca em nós e faz vir à tona o pior que existe em nós. Sofrer sem a graça da união vital com Jesus Cristo pela fé leva-nos ao ceticismo, ao cinismo, à amargura, à murmuração e à maledicência e por fim a uma existência vazia e sem sentido. Porque os que sofrem agarrados à própria sorte não têm para onde fugir. Mas, cada discípulo do Senhor e cada um que se abre a Ele, pode ouvir constantemente o mais belo convite já feito nesse mundo de dor: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30).

Reverendo Luiz Fernando é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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