A preocupação com o corpo se tornou um assunto em pauta na vida de muitas pessoas. Os excessos são constantes, a falta de tempo e o estresse fazem com que sempre deixamos de lado a preocupação com a nossa saúde e o nosso peso. A obesidade é uma doença que afeta milhares de pessoas no mundo inteiro e seu número cresce de maneira alarmante a cada dia. No Brasil mais da metade da população adulta se encontra acima do peso (58% das mulheres e 52% dos homens), com isso, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou um projeto de decreto legislativo para suspender resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proibia a comercialização de inibidores de apetite feitos a base de anfetamina.
O projeto seguirá para votação do plenário do Senado. Caso ratificado, seguirá para promulgação pelo Congresso e não vai precisar de sanção presidencial. A grande maioria dos médicos assume que são a favor do uso desses medicamentos, uma vez que em casos especiais eles se fazem extremamente necessários para auxiliar a pessoa na perda de peso e assim, ajudam a melhorar a qualidade de vida. O número de pessoas acima do peso, era em 2011 5% menos do que o índice atual, com isso, pode-se afirmar o fato da proibição desses medicamentos reduzirem as opções terapêuticas contra a obesidade.
O fato da Anvisa ter proibido tais medicamentos a base de anfepramona, femproporex e mazindol e imposto restrições à comercialização e ao registro da sibutramina - um dos remédios mais vendidos atualmente para redução do apetite colocou em risco 51% da população brasileira que tem sobrepeso e que, sem uma medida eficaz como a dos inibidores de apetite, estão submetidas não apenas à obesidade mórbida, mas à hipertensão e à diabetes. Emagrecer sem ajuda de remédios como se vê no quadro medida certa do “Fantástico”, só mesmo com um acompanhamento para estrelas de TV. Outra opção a mudança de hábitos alimentares e uma dieta balanceada feita por nutricionista e a queima de calorias com atividades físicas tem um valor extraordinário para muitos, mas nem todos, por isso, os remédios a base de anfetaminas não devem ser proibidos e indicados em caso de necessidades individuais, sou contra seu uso “como cosmético”, para quem não necessita.
Se o problema não for resolvido agora, eu como farmacêutico, temo nos tornarmos daqui dez anos um segundo Estados Unidos, com uma grande maioria da população obesa, apaixonada por fast foods e com uma parcela assustadora de mais de 70% da população acima do peso ideal.
É importantíssimo o acompanhamento médico e a venda desses medicamentos apenas sob indicação, pois em caso de automedicação pode causar casos de dependência. Eles são indicados pelos médicos para pessoas que possuem histórico de doenças que estão associadas à própria obesidade, como diabetes, doenças cardiovasculares, colesterol sanguíneo elevado, hipertensão arterial. O erro esta em pensar que obesos não emagrecem apenas por falta de vontade, quando na verdade muitos não conseguem por problemais físicos, hormonais e até mesmo psicológicos. Fica como dever, portanto, daqueles que assim como eu, vendem os medicamentos, ter consciência do seu uso e respeitar que certos remédios necessitam de receita médica para ser vendido , respeitando o médico o paciente e o juramento feito durante a faculdade: cuidar da saúde da população.
Milton Antonio Leitão – É farmacêutico bioquímico – Consultor da Farmácia de Manipulação Formula Athiva – Rua Regente Feijó – 118. Fone 3813-1499