Nas últimas semanas, vídeos de celebridades internacionais, chefões da tecnologia, jogadores de futebol, artistas e músicos recebendo um banho de água com gelo sobre a cabeça tomaram conta das redes sociais. Neles, eles desafiam três amigos a fazer o mesmo ou a doar recursos para entidades ligadas à esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa para a qual não existe cura ainda. Mas, o que ninguém esperava de fato, é que muitos doaram e ainda assim aceitaram o desafio, para divulgar ainda mais sobre a doença pelo mundo. Tudo começou, quando Peter Frates, um americano de 29 anos que tem a doença, aderiu à campanha. Ele publicou, em sua página no Facebook, um vídeo em que aparece falando “Água com gelo e ELA são uma péssima mistura”, antes de desafiar três colegas a receberem o banho de água com gelo.
Mas, afinal que doença é essa? A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é um diagnóstico que muda para sempre a vida de todos por ela atingidos, sejam pacientes, familiares, amigos ou cuidadores. O nome se refere ao aparecimento de lesões cicatriciais (esclerose) que envolvem a porção lateral da medula espinhal e levam à atrofia muscular (amiotrófica). A característica principal da esclerose lateral amiotrófica é a degeneração progressiva dos neurônios motores no cérebro (neurônios motores superiores) e na medula espinhal (neurônios motores inferiores), ou seja, estes neurônios perdem sua capacidade de funcionar adequadamente (transmitir os impulsos nervosos).
Até o momento, não se conhece a causa específica desta doença. Existe sim, a possibilidade de causas multifatoriais onde estariam envolvidos um componente genético, a idade e algumas substâncias do meio ambiente. Mas, a princípio, não se conhece nenhum fator que predisponha à ELA, nem como é possível prevenir o desenvolvimento da doença. Os últimos experimentos realizados com camundongos, alguns deles com quadro clínico semelhante ao de ELA nos humanos, têm permitido entender melhor o porquê da lesão da célula nervosa. Parece que a falta de uma proteína denominada parvalbumina é a chave essencial para este processo de morte celular. Porém, como tudo é tão vago, são de extrema importância as doações para as instituições que procuram uma cura para a doença. A estimativa é de que 15 mil pessoas no Brasil tenham esclerose lateral amiotrófica
Segundo o jornal The New York Times, a ALS Association recebeu 13,3 milhões de dólares em doações entre os dias 29 de julho e 18 de agosto — no mesmo período do ano passado, as doações somaram 1,7 milhão de dólares.
No Brasil, a adesão de celebridades à brincadeira também provocou um aumento das doações, embora (muito) menor. A Associação Pró-Cura da Ela, por exemplo, recebeu 10 000 reais em doações desde segunda-feira. Em todo o ano passado, foram doados cerca de 12 000 reais. Já a Associação Brasileira de Esclerosa Lateral Amiotrófica (Abrela) recebeu, desde o último dia 13, cerca de 5 000 reais a mais do que o de costume. Normalmente, as doações ao órgão somam aproximadamente 18 000 reais no mês.
Muito mais do que uma moda com vídeos engraçados, a causa é séria e muito nobre, devendo, portanto, ser levada com dedicação. É incrível ver o mundo globalizado se unindo por uma doença em busca de cura e maiores informações. Quem sabe esse não seja o inicio de uma nova era para a medicina moderna.
Milton Antonio Leitão – É farmacêutico bioquímico – Consultor da Farmácia de Manipulação Formula Athiva – Rua Regente Feijó – 118. Fone 3813-1499