Recentemente observa-se uma vulgarização da palavra depressão. Basta um pequeno problema, uma desfeita, um desencontro emocional, um prejuízo financeiro, para que muitos se declarem deprimidos. Mesmo que seja empregada como sinônimo de tristeza, a depressão verdadeira tem pouco a ver com esse sentimento, sendo uma doença grave. Se não for tratada adequadamente, interfere no dia a dia das pessoas e compromete a qualidade de vida. Nos adultos, é mais fácil de ser diagnosticada. Eles se queixam e, mesmo que não o façam, suas atitudes revelam que não se sentem bem e a família percebe que algo de errado está acontecendo. Mas o que poucos sabem é que existe a chamada depressão infantil.
Com as crianças, é diferente. Elas aceitam a depressão como fato natural, próprio de seu jeito de ser. Embora estejam sofrendo, não sabem que aqueles sintomas são resultado de uma doença e que podem ser aliviados. Por não saberem se manifestar, acabam se isolando do mundo e tornando ainda mais difícil para os pais diagnosticarem a doença.
De acordo com pesquisadores da Washington University School of Medicine, nos EUA, a depressão na infância pode aumentar o risco de problemas cardíacos mais tarde na vida. Os dados indicam adolescentes que estavam deprimidos na fase infantil foram muito mais propensos à obesidade, ao fumo e ao sedentarismo, mesmo que já não fossem mais depressivos quando analisados. Uma série de estudos recentes tem mostrado que quando os adolescentes têm esses fatores de risco cardíaco, eles são muito mais propensos a desenvolver doença cardíaca na vida adulta e até mesmo a ter uma vida útil mais curta.
Os resultados sugerem que qualquer histórico de depressão na infância parece influenciar a presença de fatores de risco cardíaco durante a adolescência. A depressão parece vir em primeiro lugar. Ela tem um papel importante, se não um papel causal. Pode haver também algumas influências genéticas relacionadas que dão origem a depressão e à doença de coração.
Estudos como esse são importantíssimos ao analisarmos o fato da doença ter se tornado um problema de saúde publica em todo mundo. Culpa disso vem por parte do modo de vida que levamos sem tempo para atividade que nos proporcionam prazer e estressados a todo o momento. Chega a ser impressionante, mas em dezesseis anos, o número de mortes relacionadas com depressão cresceu 705% no Brasil, mostra levantamento inédito feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com base nos dados do sistema de mortalidade do Datasus.
A depressão é uma doença reversível, ou seja, há cura completa se tratada adequadamente. O tratamento médico sempre se faz necessário, sendo o tipo de tratamento relacionado ao perfil de cada paciente. Pode haver depressões leves, com pouco prejuízo sobre as atividades da vida diária. Nesses casos, o acompanhamento médico é fundamental, mas o tratamento pode ser apenas psicoterápico. Os medicamentos utilizados são os antidepressivos, medicações que não causam “dependência”, sendo bem toleradas e seguras se prescritas e acompanhadas pelo médico.
Milton Antonio Leitão – É farmacêutico bioquímico – Consultor da Farmácia de Manipulação Formula Athiva – Rua Regente Feijó – 118. Fone 3813-1499