A diretoria da ANVISA (Agência nacional de Vigilância Sanitária) aprovou por unanimidade a resolução que proíbe o uso de aditivos que dão sabor a produtos derivados de tabaco, como mentol e cravo, esperava-se por esta decisão há algum tempo, pois esses aditivos de sabor eram uma arma da indústria de cigarros e estavam viciando mais os adolescentes que começam a fumar. O assunto merece uma reflexão e faz parte da prevenção e promoção de saúde.
Na maior parte das vezes, quem começa a experimentar o cigarro ou não sabe o que está fazendo ou não tem a real dimensão de todo o mal que o tabaco provoca no organismo.
Vamos deixar claro aqui que ao falarmos em tabaco usamos o termo “cigarro” porque é o mais conhecido e, por isso, fácil de associar. No entanto, é bom saber que todo tipo de uso do tabaco causa o mesmo mal: seja o cigarro, o cachimbo, o charuto, o rapé, a folha, o narguilé, etc. Mas, primeiro, é preciso corrigir alguns conceitos. Quem pensa saber que o cigarro faz mal porque a nicotina é a “vilã” se engana. A pobre da nicotina é só uma dentre as 4.700 substâncias tóxicas comprovadas no cigarro. Dentre elas, há substâncias químicas e até substâncias radioativas.
O combate ao tabagismo é uma constante nos governos atuais, no sentido de diminuir os índices de doenças causadas pelo tabagismo. O cigarro com sabor, proibido agora pela ANVISA, é uma estratégia da indústria de cigarros para facilitar e induzir aos jovens, o prazer pelo cigarro. É sabido que o sabor apenas inibe o amargor que o cigarro provoca na boca do fumante. Os pulmões vão receber o mesmo efeito de qualquer tipo de cigarro, mentolado ou não. É claro que existem marcas de cigarros que são mais fortes que outras, mas para a sua saúde, não existe o bom ou o mau cigarro, todos são prejudiciais.
Existem pesquisas sobre cigarro com sabores que indicam uma maior resistência para deixar de fumar, para aqueles que usam o cigarro com sabor, ao contrário dos que usam o cigarro comum, onde o índice de sucesso do tratamento, é maior. Os riscos de doenças provocadas pelo tabagismo são os mesmos para ambos os tipos de cigarros e não esqueça que o cigarro com sabor, dificulta o abandono do vício.
Só quem tem lucro com o cigarro, são as indústrias do ramo e os governos, pois este é o que mais lucra 70% do custo de uma carteira de cigarros ficam com o governo, os outros 30%, são repartidos com quem planta o fumo e com a empresa que industrializa e o comerciante que comercializa no varejo. São quatro áreas que lucram. O governo 70%, as outras três áreas, 30%. O uso do cigarro com sabor, ou mesmo sem sabor, mata e engorda os cofres do governo. O que já se sabe ser outro erro, pois, o custo em saúde pública com os pacientes acometidos com doenças causadas pelo tabagismo superam as arrecadações. Este foi por muitos anos o argumento das indústrias de tabaco. Hoje a realidade é outra.
No Brasil estão realizando pesquisas que indicam estar caindo o número de fumantes, mas aponta um dado, no mínimo, assustador. É a juventude quem mais fuma e, principalmente cigarros com sabor. Em dez Escolas pesquisadas sobre o uso do tabaco, ficou constatado que 7% dos alunos fumam sempre e estão na idade entre l3 e l5 anos.
Sem dúvida, os jovens estavam atendendo a propaganda enganosa de que o cigarro com sabor é menos prejudicial à saúde, o que não é verdade.
Milton Antonio Leitão.
É Farmacêutico-Bioquímico – CRFSP 11972. Título de especialista de manipulação de Fórmulas Alopáticas. Pós Graduado em MBA – Gestão Estratégica em Farmácias. Diretor das Farmácias Formulativa Mil. Itapira, Mogi Mirim
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