Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu desculpas hoje (19) ao governo do Brasil pela vistoria feita há dois anos, no país, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) usado pelo ministro da Defesa, Celso Amorim. A vistoria foi feita no segundo semestre de 2011 na localidade de Al Alto. Morales disse que foi surpreendido com a informação, divulgada pela imprensa brasileira, e que determinou uma “profunda investigação” sobre o que chamou de “incidente”.
Ele ressaltou que que o incidente foi “superado” e ratificou a confiança no governo do Brasil. ”Há uma confiança mútua desde [o governo] Lula [Luiz Inácio Lula da Silva] e agora, com Dilma [Rousseff], e essa confiança vai continuar. Eu tenho muito respeito pelos países vizinhos, especialmente a Argentina e o Brasil. Os problemas estão superados, e isso é confiança mútua”, reforçou.
Morales informou que serão adotadas “drásticas sanções” aos responsáveis pela ordem de vistoriar a aeronave de Amorim. “Estou muito surpreso”, disse o presidente boliviano. “Pedimos desculpas ao povo brasileiro e ao governo, somos sinceros.”
Oficialmente, a informação é que o avião usado por Amorim em viagem à Bolívia foi vistoriado para investigar se havia drogas no local. “[Lamento que] alguns oficiais, a pretexto da luta contra o narcotráfico, não tenham respeitado os aviões oficiais”, ressaltou o presidente. Afirmando que não há justificativa para violar “convênios internacionais”, Morales enfatizou que as relações diplomáticas com o Brasil “são boas” .
No último dia 16, o Ministério da Defesa do Brasil confirmou a informação sobre a vistoria ao avião de Amorim. Em nota, a Defesa disse que houve reação do Ministério das Relações Exteriores, por intermédio da Embaixada do Brasil na Bolívia, exigindo desculpas e o fim de procedimentos semelhantes. Segundo a Defesa, a vistoria ocorreu quando Amorim e seus assessores estavam fora da aeronave.
As autoridades bolivianas negam que o objetivo da ação tenha sido verificar se o senador de oposição Roger Pinto Molina, abrigado na Embaixada do Brasil na Bolívia há 13 meses e que aguarda salvo-contudo para deixar a representação diplomática, estava na aeronave de Amorim. As autoridades bolivianas se recusam a emitir autorização para o parlamentar deixar o país sob o argumento que ele responde a processos judiciais na Bolívia.
Procurados, os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores disseram que não vão se pronunciar.
*Com informações da ABI, agência pública de notícias da Bolívia
Edição: Nádia Franco
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