Em coletiva realizada na tarde de quinta-feira, 30, a chefe da divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Josemary Apolinário, divulgou o levantamento recente dos casos de dengue na cidade. O resultado da análise e isolamento do vírus ainda não foi concluído, mas a suspeita é que os tipos 1 e 4 estejam circulando.
Ao todo, Itapira tem 142 casos positivos da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, sendo que 115 deles são autóctones, ou seja, transmitidos dentro da cidade, 18 importados e nove indeterminados. Outros 25 pacientes que apresentaram os sintomas aguardam resultados. Desde janeiro, 381 notificações foram feitas.
Conforme explicou Josemary, os últimos registros foram feitos nas regiões do bairro Santa Cruz – próximo ao Cemitério da Saudade –, São Benedito e Jardim Soares – nos arredores do Hospital Municipal – e na Vila Boa Esperança. “A maioria dos casos suspeitos que aguardam resultados de exames é dessas mesmas regiões. Na semana passada, quatro equipes da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) estiveram na cidade e junto com outras duas equipes da Vigilância Epidemiológica ajudaram na conclusão de todo trabalho de nebulização na região da Vila Bazani, onde foram registrados casos anteriormente”, comentou a chefe da Vigilância. Nos bairros onde ocorreram as últimas transmissões, as ações deverão ser iniciadas em breve.
Os números crescentes têm intrigado a equipe de saúde do município, que descarta qualquer relação com as chuvas recentes, mas sim com criadouros que podem existir nas residências, como plantas aquáticas, pratinhos de vasos, caixas d’água mal fechada, ralos, vasilhas de animais, bandejas de geladeiras e calhas. Além disso, a preocupação também é grande em relação à seca, que faz com que algumas pessoas armazenem água. “Se elas não tomarem os devidos cuidados, essas vasilhas podem se tornar criadouros, mesmo que estejam com produtos de limpeza. O ideal é que essa água seja clorada e tampada adequadamente”, salientou Josemary. Ela também reforça a instrução de que todos tomem cuidado com os possíveis criadouros dentro de casa, fazendo vistorias ao menos uma vez por semana, com limpeza de calhas, tampando caixas d’água, lavando cuidadosamente as vasilhas de animais, colocando areia nos pratos de plantas e fiscalizando as bandejas das geladeiras. “É uma situação alarmante, pois nessa época do ano não costumávamos ter casos. Se há esse aumento sem chuvas, imagina quando a estiagem acabar”, alertou.
O resultado do LIRAa (Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti) realizado nesta semana também foi divulgado. Através do cálculo do Índice de Infestação Predial – que consiste em dividir o número de imóveis visitados em que foram localizadas larvas pelo número total de imóveis visitados – ficou em 1%, número tido como satisfatório pela Organização Mundial da Saúde. Ao todo, cerca de 620 imóveis foram vistoriados em cada uma das duas áreas da cidade.
Morte
Na semana passada, a Vigilância Epidemiológica emitiu uma nota oficial informando sobre a suspeita de um óbito por dengue ocorrido na Santa Casa de Misericórdia. A paciente, de Mogi Mirim, tinha 33 anos e deu entrada naquele hospital no fim da noite do dia 12 de outubro com quadro suspeito de dengue e relatou que apresentava os sintomas há pelo menos cinco dias.
Após ficar em observação por algumas horas, seu quadro apresentou piora e ela foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva, onde recebeu procedimentos específicos e fez exames específicos.
O óbito foi registrado na madrugada do dia 14 e amostras de sangue foram encaminhadas para o Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, que deverá determinar se a causa da morte realmente foi pela dengue e por qual tipo de vírus. “Esse caso foi de fora, mas aqui pode acontecer a mesma coisa. Se realmente dois tipos do vírus estiverem circulando, pessoas que já tiveram dengue podem ser novamente contaminadas e apresentar quadros mais graves. Por isso ressaltamos a importância de ficar atento aos sintomas e procurar o serviço de saúde o quanto antes”, afirmou a chefe da Vigilância Epidemiológica.
Chikungunya também gera tensão
Apesar de não existir casos confirmados na região – apenas suspeitos – a infecção pelo vírus chikungunya também tem deixado as autoridades epidemiológicas em estado de alerta. Até o dia 25 de outubro, 828 casos foram confirmados em todo o Brasil, sendo que o maior número está concentrado no estado da Bahia (458), que decretou epidemia.
“Nossa principal preocupação é que temos uma infestação do mosquito transmissor, que é o mesmo da dengue. Além disso, o Aedes albopictus, que é mais encontrado em áreas afastadas da cidade, é transmissor e também é encontrado em grande número aqui. Infelizmente, para iniciar a transmissão autóctone em Itapira só é preciso chegar uma pessoa com o vírus, porque mosquitos tem aos montes”, explicou Josemary Apolinário.
Os sintomas da infecção pelo vírus chikungunya são praticamente os mesmos da dengue, como febre repentina acompanhada de dores nas articulações, dor de cabeça, dor muscular, náusea e manchas avermelhadas na pele. A principal diferença é a intensidade das dores, que inclusive podem se tornar crônicas. “Muitas pessoas viajam a trabalho e a turismo para a região da Bahia e não é descartado que alguma delas seja contaminada. Além disso, se esse vírus chegar a Campinas já iremos considerar que também já chegou a Itapira, pois o fluxo de pessoas para lá é muito grande”, disse Apolinário.
Para evitar a chegada da nova doença, a chefe da Vigilância Epidemiológica diz que o único meio é o combate ao vetor, ou seja, seguindo as mesmas orientações para eliminação de criadouros com água parada. “Assim, mesmo que alguém chegue contaminado, não terá mosquitos para transmitir”.