Por meio de doação feita pelo empresário Jorge Luiz Paschoal de Oliveira, 70 cápsulas calibre 757 de fuzil da época da Revolução de 1932 passaram a fazer parte do acervo do Museu Municipal Histórico e Pedagógico Comendador Virgolino de Oliveira, que fica localizado no Parque Juca Mulato. Uma garrucha, que não foi confirmada ser da mesma época, também foi doado.
Durante a coletiva de imprensa realizada na tarde de quinta-feira, o empresário contou que em abril desse ano fazia um trabalho de desassoreamento no Ribeirão da Penha e, ao atingir o ponto próximo à Ponte dos Riboldi, na Avenida dos Italianos, foi surpreendido por um barulho estranho na draga. “Todos os funcionários se assustaram e desligamos a máquina para ver o que havia acontecido. Foi então que descobrimos que havia sido puxada uma caixa com as munições e as armas. Acredito que estava tudo enterrado, caso contrário a grande enchente que teve em 99 teria varrido tudo”, disse.
O empresário também contou que só desconfiou que as munições eram da época da Revolução devido às datas. Algumas são datadas de 1904 e as mais recentes de 1930. “Eu acho que com essa divulgação, outras pessoas que tiverem alguma relíquia da época serão incentivadas a doar. Quando elas apareceram na draga e comecei ver as datas, imediatamente imaginei que eram da Revolução. Isso é da cidade, da História”.
O achado, segundo os historiadores Eric Apolinário – presidente fundador do Núcleo MMDC de Itapira “Coronel Francisco Vieira – e Rodrigo Ruiz, é de grande valia para a história da Revolução de 1932 e de Itapira. “A importância desse achado para a pesquisa da revolução é gigantesca. Principalmente porque agora temos um ponto para pesquisar mais: todo o entorno dos Prados e do Cubatão, de onde não tínhamos muitas informações. A pesquisa é muito ampla e isso nos deu um norte. Vamos continuar mapeando e iremos juntar tudo com os telegramas e documentação que já temos”, salientou Apolinário.
Rodrigo Ruiz deu destaque também a um trecho do livro de Aureliano Leite, um dos membros da Revolução e que fez um relato sobre a retirada dos soldados paulistas de Itapira no livro Martírio e Glória de São Paulo. “Outro incidente revoltante passara-se com o cabo chofer Antonio Jose Angeli, do General Ozório, que em certo momento foi obrigado a despejar num riacho de Itapira, por ordem de seu comandante, cinco mil tiros”, relata o depoimento. “Um dos livros mais ricos sobre o ocorrido em Itapira é do Aureliano, porque ele esteve aqui e presenciou todo o desespero da retirada das tropas. As informações foram confirmadas por depoimentos coletados. É um achado sensacional para a História de Itapira porque nos ajuda a montar esse quebra-cabeça. Quando a gente vê essas cápsulas começamos a tentar reconstruir as cenas e entender como tudo aconteceu naqueles dias”, comentou Ruiz.
Os historiadores disseram que a orientação é traçar todo o percurso da história ocorrida em Itapira, visto que há muita literatura sobre o assunto, mas muito pouco ou quase nada que cita as batalhas ocorridas neste solo. “Se eram cinco mil tiros, eram vários cunhetes (caixas de madeira). Isso ocorreu no dia 30 de agosto de 1932, quando as tropas paulistas abandonavam Itapira porque não tinham mais força de resistência. E para não deixar as munições para trás e para os inimigos, eram enterradas”, considerou Rodrigo Ruiz. Porém, nada se sabe se da localização do restante das cápsulas.
Todo o material já está sob os cuidados do administrador do Museu e passará a compor a exposição junto com o trecho do livro e com as informações do achado.
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